Finanças

Brasileiros que fazem aposta esportiva online estão endividados

O advento das apostas esportivas online, nas chamadas ‘bets’, trouxe muitas preocupações com dívidas e vícios. Afinal de contas, cerca de 86% dos brasileiros que fazem este tipo de jogo já estão endividados. É o que mostra uma pesquisa do Instituto Locomotiva, que traz dados inéditos sobre o perfil de apostadores no país.

Para Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, a prática não está mais associada a segmentos específicos da sociedade, como torcedores de futebol. Ela foi crescendo e hoje está disseminada. 

“Foi saindo do boleiro, e chegando aos espectadores, ao público em geral. E isso, então, está diretamente vinculado ao investimento das casas de apostas nos meios virtuais”, afirma ele.

No total, são 52 milhões de brasileiros adultos que já fizeram apostas esportivas em sites ou apps especializados. Desses, 79% são das classes C, D e E e 76% possuem cartão de crédito, aponta a pesquisa. As apostas esportivas estão entre as modalidades mais procuradas na hora da aposta, atrás somente da Loteria Federal (72%), e do jogo do bicho (44%).

O perigo das apostas esportivas online

Segundo Marlon Glaciano, planejador financeiro e especialista em finanças, a aposta esportiva online pode se tornar prejudicial quando o apostador perde o controle sobre o montante que está investindo e começa a gastar mais do que pode. O que leva ao endividamento. 

“Esse tipo de comportamento também pode resultar em dependência psicológica. Em que o apostador começa a ver as apostas não mais como diversão, mas como uma forma de renda. O que raramente é sustentável. Isso pode afetar negativamente a vida pessoal e profissional, gerando estresse, problemas de relacionamento, perda de patrimônio e, em casos extremos, isolamento social”, afirma ele.

Para evitar o endividamento com aposta esportiva online, o planejador financeiro diz que é essencial começar estabelecendo um limite claro de quanto pode ser gasto. E isso independentemente dos resultados. 

“Esse valor deve ser retirado do orçamento destinado ao lazer, nunca dos fundos necessários para cobrir despesas essenciais, como aluguel, contas ou poupança”, destaca. 

Além disso, ele ressalta que é importante não tentar recuperar perdas por meio de apostas maiores. Um comportamento conhecido como “tilt”, que geralmente agrava os problemas financeiros. Outro fator é evitar o uso de crédito ou empréstimos para apostar, o que pode criar um ciclo de dívidas difícil de controlar.

É possível fazer apostas esportivas online de forma saudável

De acordo com o levantamento, a cada dez brasileiros que fazem apostas online, sete costumam jogar pelo menos uma vez ao mês. Já 20% jogam pelo menos uma vez por semana. E 17% mais de uma vez por semana e 8% alegam jogar todos os dias da semana. 

Glaciano ainda aponta que é possível apostar de forma saudável. Para isso, deve-se tratar as apostas como uma forma de entretenimento, não uma maneira de ganhar dinheiro. 

“O apostador deve seguir regras rígidas de gestão financeira, como o gerenciamento de bankroll, que consiste em separar uma porcentagem fixa do dinheiro disponível para apostar e nunca ultrapassar esse valor”. 

Ele afirma que também é importante limitar o tempo gasto com apostas e evitar apostar em momentos de vulnerabilidade emocional. Por exemplo, após uma perda significativa ou em situações de estresse, já que isso pode influenciar negativamente o julgamento do apostador.

Dicas aos já endividados

Para aqueles que já estão endividados, seja com apostas esportivas ou não, o especialista em finanças diz que a primeira ação deve ser identificar claramente todas as dívidas existentes. O que inclui montantes, juros e prazos.

Em seguida, é recomendado priorizar aquelas com juros mais altos ou prazos mais curtos, para evitar que as dívidas cresçam de forma descontrolada. 

“Renegociar com os credores pode ser uma solução, buscando condições mais favoráveis, como prazos maiores ou reduções nas taxas de juros. Adicionalmente, criar um plano de controle de despesas rigoroso é crucial. Eliminando ou reduzindo gastos não essenciais para liberar mais recursos para o pagamento das dívidas”, indica ele. 

Por fim, Marlon Glaciano destaca que buscar orientação financeira especializada pode ajudar a organizar melhor as finanças e evitar recaídas.

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