XP tem meta ambiciosa de atingir 10 mil assessores até 2028 — mas Selic elevada pode pressionar planos da gigante do mercado, segundo analistas
Depois de um balanço acima das expectativas no segundo trimestre, os chefões da XP Inc (XPBR31) estão ainda mais otimistas com o futuro do negócio. Na avaliação do CEO Thiago Maffra e do diretor financeiro (CFO) Victor Mansur, a gigante do mercado financeiro pode atingir a marca de 10 mil assessores financeiros até 2028.
“Nos últimos anos, nós ajustamos a empresa e construímos um modelo de negócio que independe do cenário macroeconômico”, afirmou Maffra, em conversa com jornalistas durante a Expert XP.
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“A gente preparou a empresa em termos de estrutura, negócios e produtos para um cenário de crescimento que não depende do macro. A empresa está muito mais resiliente e estamos super otimistas com os próximos dois anos. Vamos conseguir entregar o nosso guidance para 2026 independente de cenário de mercado.”
Atualmente, o número de profissionais focados no canal B2C (empresa para consumidor) é de cerca de 2,3 mil funcionários.
Se considerados todos os assessores ligados à plataforma XP, incluindo funcionários XP que oferecem assessoria e consultores e gestores de patrimônio, o total chega a 18,3 mil hoje.
“A gente ainda tem uma vantagem enorme em distribuição, com a qualidade desses profissionais e o nível de atenção que proporcionamos. Hoje somos cerca de 21 mil assessores responsáveis por cerca de R$ 1,1 trilhão. Tem outros bancos aqui com o mesmo tanto em dinheiro, mas com 10 vezes menos pessoas”, disse o CEO.
Segundo os líderes da XP, a distribuição da empresa estava concentrada em canais B2B, com agentes financeiros independentes. No entanto, diante da remodelação estratégica, a companhia acelerou o ritmo de contratação de consultores internos (B2C) para cerca de 70 a 100 novos funcionários por mês nesse canal.
“A expansão do canal B2C pode aumentar as margens, ao mesmo tempo em que permite que a XP tenha controle total da operação”, disse o Goldman Sachs, em relatório.
O cenário macroeconômico vai fazer peso na XP (XPBR31)?
Apesar das perspectivas do CEO Thiago Maffra de que a XP conseguirá entregar resultados mesmo com o cenário macroeconômico mais complexo, uma dupla de bancões de investimentos avalia que a demora para uma recuperação cíclica nos mercados pode pressionar os planos de crescimento da companhia.
Para o Goldman Sachs, as “altas taxas de juros podem limitar as entradas líquidas e o crescimento da receita no curto prazo”.
Os analistas possuem recomendação neutra para as ações da XP negociadas em Wall Street, com preço-alvo de US$ 20 para os próximos 12 meses, o que implica em uma valorização de 8,6% em relação ao último fechamento.
No entanto, eles avaliam que uma eventual recuperação cíclica da companhia seria um “risco” positivo para o guidance.
Em dezembro de 2023, a companhia anunciou duas linhas de metas que deseja alcançar nos próximos dois anos:
- Receita bruta: de R$ 22,8 bilhões a R$ 26,8 bilhões;
- Margem EBT (lucro antes de impostos): de 30% a 34%.
“O piso do guidance é visto como o cenário base e qualquer recuperação cíclica seria um vento favorável adicional”, disse o Goldman.
O quadro está mais bonito… mas ainda não é um ‘céu azul’
Para o BTG Pactual, a estratégia da XP de aumentar a exposição ao segmento B2C deve resultar em um impulso para as margens em meio à redução da relevância das comissões pagas aos assessores financeiros e ao aumento da significância de sua folha de pagamento nos resultados.
Na visão do banco, a recuperação cíclica nos mercados de capitais deveria beneficiar a XP e manter protegidos os níveis de rentabilidade (ROE). Porém, a melhora macroeconômica está “demorando muito mais do que o previsto”, segundo os analistas.
“Ainda estamos longe de um cenário de céu azul, mas no segundo trimestre começamos a ver um quadro ‘mais bonito’ para a corretora líder, o que, com base no feedback de nossa reunião recente com o CEO, deve continuar nos próximos trimestres”, afirmou o BTG.
Na avaliação dos analistas, em meio às quedas da ordem de 29% no acumulado do ano, as ações da XP negociadas em Wall Street têm espaço para se recuperarem até o fim de 2024.
O BTG possui recomendação de compra para os papéis, com preço-alvo de US$ 24 para os próximos 12 meses, um potencial de alta de 30,3% frente ao fechamento anterior.