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Vivara (VIVA3) pode sofrer com alta do ouro? Mercado vê efeito

O aumento relevante dos preços de ouro no mercado global é um dilema para as ações da Vivara (VIVA3). A companhia, que já enfrenta desconfiança sobre sua governança executiva e com relação a capacidade de enfrentar a alta dos juros, viu o valor das principais matérias-primas usadas em joias disparar.

Além do ouro ter chegado à máxima de US$ 2,7 mil onça/troy em setembro, a prata atingiu o preço de US$ 32 por tonelada em outubro, o maior em mais de 10 anos. Analistas indicam que o movimento de alta dos metais preciosos pode diminuir as margens da Vivara, conhecida por ser um relógio suíço nos resultados.

O efeito do ouro e da prata na cotação da Vivara (VIVA3)

A Vivara lida principalmente com ouro em sua marca principal, enquanto a rede de joalherias Life fornece peças com foco na prata.

A estratégia de separar joias dos metais preciosos em vitrines diferentes é um dos motivos pelos quais os analistas adotaram a ação da Vivara (VIVA3) como queridinha da tese de crescimento doméstico. Ela está, por exemplo, na carteira de ações recomendadas de BTG Pactual, Ágora Investimentos, entre outras.

Por enquanto, as ações da Vivara (VIVA3) caem quase 20% em 2024. A cotação do papel hoje é R$ 27,12. O preço era de R$ 24 por ativo quando a empresa lançou o IPO. Isso em 2019.

No fim, a alta do ouro e da prata têm efeito negativo sobre o que a Vivara gasta e arrecada: ou seja, na margem de receita pelo lucro líquido, aponta Thiago Guedes, analista de produtos da Bridgewise.

“Vivemos incerteza sobre curva de juros futura”, comenta João Daronco, analista da Suno Research. A iminência de um ciclo de alta da Selic se traduz, segundo Daronco, em “maior dificuldade em repassar preços, o que justificaria o fator a queda da Vivara” na bolsa.

Apesar da pequena diferença em preço na cotação da ação, o lucro da Vivara subiu 50% desde o IPO, argumenta Davi Malveira, analista de equities da Perfin Asset.

Vale destacar que juros altos e problemas de governança, como a troca de CEO, tem prejudicado o papel em 2024, segundo analistas.

E o impacto da alta do ouro está só começando.

Mercado pondera impacto do ouro na Vivara à frente

A varejista de joias tem, dentro de sua operação, uma forma inédita de lidar com excesso de estoque. O inventário não vendido costuma prejudicar as margens de empresas como Magazine Luiza (MGLU3) e Casas Bahia (BHIA3), mas nem tanto a Vivara (VIVA3).

Isso porque a empresa, conforme seu balanço, derrete linhas de joias descontinuadas ou adquiridas de clientes.

“É uma competência que ajuda a Vivara a ter um diferencial de não ter tanto estoque e reutilizar o valor da matéria-prima”, diz Malveira.

Mas os resultados, por enquanto, não absorveram o impacto dos preços recordes do ouro e nem da prata.

“A despesa da Vivara com ouro no terceiro trimestre virá de um estoque do metal que foi acumulado antes da alta”, aponta o analista da Perfin. “Esse delay possibilita à empresa reprecificar os produtos de forma correta. Mas a demanda é um ponto de atenção.”

Isso significa que a Vivara (VIVA3) precisa encontrar alta demanda no consumo de joias para compensar a disparada de custo com metais. “Se demanda não responder, aí perde o preço e cede a margem.”

“Os resultados da Vivara podem ser pressionados pelo ouro em alta, até porque não há sinalização de mudança de tendência do preço no longo prazo” aponta Guedes, da Bridgewise.

A empresa, contudo, é conhecida por ser um relógio nos resultados em relação a suas margens: o indicador cresce há 14 meses consecutivos.

Para Malveira, a Vivara deve manter as margens confortáveis, mesmo sob pressão dos preços do ouro e da prata.

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