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Trump eleito mexe com preço do ouro? Ouça o CEO da Aura

O dólar chegou a concentrar o fluxo de capital de investidores querendo se proteger das medidas protecionistas esperadas no segundo mandato de Donald Trump, que acaba de ser reeleito.

Mas logo o cenário mudou e o ouro voltou a se fortalecer contra o dólar.

Mas, afinal, para onde deve ir o preço do ouro agora, depois da disparada dos últimos meses? A vitória eleitoral de Trump mexe no preço do ouro?

Para Rodrigo Barbosa, CEO da Aura, empresa de ouro com BDRs patrocinados negociados na B3 (AURA33), o preço do ouro pode subir se a situação fiscal americana piorar.

“O déficit fiscal vem avançando a níveis estratosféricos. Todo ano”, avalia o executivo.

E uma proposta de Trump em especial pode levar a esse cenário: redução de impostos, que implicariam em queda de arrecadação e piora do endividamento do governo americano.

Inflação pode favorecer o mineral

Além disso, a proposta de Trump de aumentar tarifas de importação de produtos chineses pode impulsionar o ouro como proteção diante de um cenário inflacionário.

“O que pode ser positivo para o (preço do) ouro é que com a contenção de importações, os produtos no mercado americano vão ficar mais caros. Inflação normalmente é positiva para o ouro, a não ser que haja ao mesmo tempo aumento muito grande da taxa de juros”, acrescenta Barbosa.

Isso porque o ouro está na classe de ativos de segurança, assim como os títulos públicos americanos.

E se a remuneração desses títulos subir, o ouro passa a ser usado em menor medida como proteção pelos investidores.

Contudo, ele avalia que a alta dos juros para conter a inflação teria como impacto colateral a piora fiscal nos Estados Unidos, com os juros aumentando ainda mais o nível de endividamento do país.

Assim, há um impasse sobre o futuro dos juros nesse cenário. E, portanto, sobre o preço do ouro.

China quer se livrar do dólar, e ouro é parte da solução

O movimento de alta do preço do ouro junto com o dos juros americanos foi “um movimento único na história recente”, diz Barbosa.

O CEO da Aura não acredita que haverá uma nova disparada do mineral por conta do aumento das tensões entre China e EUA.

“Essa tensão, ela já existe. A decisão estratégica da China de diversificar ao depender menos do dólar, utilizando ouro, já foi tomada”, avalia o executivo da Aura.

A disparada recente tem a ver com esse movimento da China de reduzir sua dependência do dólar americano. Isso se intensificou depois do bloqueio de todas as reservas de dólar da Rússia, grande aliada da China.

“Isso leva países não muito alinhados aos EUA a querer diversificar (a aplicação do dinheiro)”, arremata.

O repórter viajou a convite da empresa Aura Minerals

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