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Tiago Reis participa de debate sobre Bitcoin com Rytenband e comunidade reage: “despreparado e perdido”

Tiago Reis, fundador da Suno, participou de um debate sobre Bitcoin na terça-feira (20) em live organizada pelo canal Market Makers. Do outro lado estava Richard Rytenband, CEO da Convex Research e grande defensor do Bitcoin.

A conversa foi marcada após Reis defender outros investimentos frente ao BTC há poucas semanas, afirmando, por exemplo, que apenas o criador da moeda ganha dinheiro com ela e que a maioria dos investidores estaria no prejuízo.

Dado isso, Rytenband apareceu com dados para mostrar que o Bitcoin teve ganhos maiores que outros investimentos, incluindo metais, ações brasileiras e americanas, e títulos do governo. Reis discordou dos dados, dizendo que as datas foram escolhidas a dedo.

Como foi o debate entre Tiago Reis e Richard Rytenband sobre o Bitcoin?

Os organizadores do debate reservaram um tempo de fala para cada participante. No entanto, o início da conversa foi marcado por diversas interrupções por parte de Rytenband, o que claramente irritou Reis.

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“O Tiago, sensato, defendendo a coisa errada. O Richard, nervoso, defendendo a coisa certa”, escreveu um espectador nos comentários do YouTube, resumindo bem a situação. “Tiago foi despreparado e perdido.”, disse outro no Twitter.

Independente da questão emocional, Rytenband apresentou bons argumentos a favor do Bitcoin, mostrando ter um grande conhecimento e quanta complexidade há por trás de um ativo tão simples. Mesmo assim, Reis não se convenceu com os pontos apresentados.

“Realmente não sei a necessidade humana que hoje… Tipo eu vim da Suno pra cá, até perguntei pro taxista “posso pagar em Bitcoin?” Ele não sabia o que [eu] tava falando.”

“Eu quero entender, sério mesmo, o uso do dia-a-dia. Legal, tem os early adopters, uma turma bem engajada e aguerrida, mas pessoal, vocês vão ter que ganhar os outros 99% da população mundial”, disse Reis. “Não vai ser xingando, vocês vão ter que trazer soluções práticas para o dia-a-dia dessas pessoas.”

Em resposta, Rytenband afirma que tal taxista está perdendo suas economias devido à inflação do Real. “Quais as estatísticas que você tem?”, continuou o defensor do Bitcoin, afirmando que “esse é o problema da Faria Lima, o pessoal acha que tudo gira em torno da Faria Lima”.

Segundo pesquisa da Triple-A publicada neste ano, mais de 560 milhões de pessoas investem em criptomoedas no mundo. No Brasil, a adoção chega a 17,5%, pouco abaixo de países afetados pela hiperinflação de suas moedas, como Argentina (18,9%) e Turquia (19,3%).

Embora seja difícil convencer todo comércio a aceitar o BTC como meio de pagamento, investidores podem converter rapidamente suas moedas através de corretoras quando precisam gastá-las. Ou seja, são soluções que não dependem da cooperação da outra parte.

“Eu tenho uma dúvida aqui”, disse Reis. “O pessoal que ta defendendo o Bitcoin aí no chat, ta pagando em reais ou ta pagando em Bitcoin?”

“Respondendo ao Tiago, tem ferramentas de chat de canais que usam para pagamentos de Super Chat usando a LN [Lightning Network] sem intermediário ou operadora de cartão”, disse um espectador, notando que também é possível ter uma interação completa caso as duas partes queiram.

Tiago Reis diz que só gosta de ações e imóveis

Repetindo a mesma defesa apresentada na sua participação passada no Market Makers, Tiago Reis voltou a dizer que “os grandes vencedores do mundo dos investimentos foram aqueles que investiram em ações ou imóveis, não quem investiu em moedas”, citando que as pessoas mais ricas do mundo seguiram esse caminho.

Como resposta, Richard Rytenband notou que esses rankings não deveriam ser parâmetros.

“Por que você não pega a lista da Forbes de 1987? Sabe quem tava na liderança? Adivinha. A maioria era do Japão, você vai se guiar nisso? Estourou, explodiu, era uma bolha.”

Reconhecendo que também há excessos no setor tradicional, Reis defender que a média do retorno das ações do mundo premia o risco do investidor.

Já Rytenband, em diversos pontos da conversa, apontou inúmeras características do Bitcoin que fazem ele ter demanda. Isso inclui pontos básicos, como ser uma moeda digital que já possui seu próprio sistema de pagamento, mas também sua escassez, transportabilidade, facilidade de armazenamento, durabilidade e outros benefícios.

“0,34% de atos ilícitos”, respondeu Rytenband a um espectador sobre o uso do Bitcoin por criminosos, notando que o número sobe para “2 a 5% no mundo tradicional. Você não vê o Bitcoin na cueca de alguém, você viu dólares né”.

“Recomendo olhar o relatório que saiu há poucos dias, do ChainAnalysis, que justamente trata disso e que envolve essas ações ilícitas, inclusive lavagem de dinheiro, até porque é o mundo da transparência, tem que ser o cara mais burro do mundo para cometer crimes com Bitcoin e criptomoedas.”

Richard Rytenband diz que mercado de criptomoedas imita a natureza

Outra dúvida levantada por Tiago Reis foram as tantas criptomoedas que existem no mercado, muitas delas apresentando grandes perdas na história. Em resposta, Rytenband notou que os maximalistas odeiam essas moedas, mas que elas são necessárias.

“Você tem essa camada de experimento. Isso acontece na natureza. A natureza não tem uma centralização e algo que já está pronto, ela vai evoluindo, então ela é descentralizada, revendo seus passos a cada etapa”, explicou Rytenband. “No próprio Bitcoin, são os próprios forks, quando você não tem um consenso na comunidade e aí vira outra moeda. Na natureza, você tem várias espécies correndo simultaneamente.”

Em resposta à liberdade do Bitcoin, Reis diz que existem várias liberdades no mundo, sendo a financeira uma delas e que os dividendos são o melhor caminho para alcançá-la. Seu ponto contra o Bitcoin é que você só lucra quando alguém escolhe pagar mais caro do que você pagou anteriormente.

Tiago Reis diz que pode mudar de opinião, mas ainda não está convencido sobre o Bitcoin

Em outro trecho, Rytenband nota que existem diversas empresas no setor, desde carteiras, mineradoras, equipamentos de mineração, corretoras, stablecoins e outros.

Portanto, assim como Warren Buffett não gostava de ouro, justamente por não pagar dividendos, mas investiu em uma mineradora, é possível que Reis inicie sua jornada com uma exposição indireta ao Bitcoin através dessas empresas enquanto mantém seu perfil de investimento.

“Você pode não comprar um Bitcoin, mas você vai começar a ficar de olho nessas ações que são relacionadas”, disse Rytenband para Reis. “Indiretamente você já deve ter alguma coisa, por exemplo, a Tesla que tem no caixa, por algum índice, alguma exposição indireta ao Bitcoin, mas dentro de equities vai começar a ter coisas cada vez mais interessantes para ter exposição.”

Mais para o final da conversa, Reis comenta que mudou de opinião várias vezes na vida, incluindo sobre empresas estatais. Portanto, talvez só lhe falte um pouco de estudo para se tornar mais um Michael Saylor, que embora tenha criticado o BTC em 2013, hoje é um dos maiores defensores da criptomoeda.

“Não tenho nenhum problema em mudar de opinião, acho que o bom investidor, se ele ta movimentando a sua carteira, é porque ele está mudando de opinião”, disse Reis.

A conversa completa pode ser assistida na íntegra abaixo.



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