Setor eletroeletrônicos fatura R$ 226,7 bilhões em 2024, avanço de 11% em base anual
A indústria elétrica e eletrônica encerra 2024 com faturamento de R$ 226,7 bilhões, um crescimento nominal e real de 11% em relação a 2023, informou a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), nesta quinta-feira (12).
Os investimentos do setor também aumentaram este ano, somando R$ 3,9 bilhões, alta de 10,2% em base anual. A utilização da capacidade instalada passou de 73%, em dezembro de 2023, para 79%, no fim de 2024.
Os resultados vieram acima do esperado, na avaliação da entidade, demonstrando recuperação após um ano de 2023 com queda de 6% de faturamento e recuo de 10% no volume de produção ante 2022.
“Foi um bom resultado. É bem verdade que tivemos uma queda considerável em 2023, mas o importante é que estamos recuperando investimentos no setor, já superando os resultados de 2022”, disse o presidente executivo da Abinee, Humberto Barbato, a jornalistas, na manhã desta quinta-feira (12).
Barbato destacou o avanço das exportações, especialmente para os Estados Unidos. O país absorveu 26% das exportações do setor em 2024 tornando-se o principal comprador, especialmente da indústria elétrica este ano.
“É um motivo de satisfação vendermos ao mercado mais exigente do mundo do ponto de vista técnico”, comentou o presidente executivo da Abinee. “Isso nos leva a concluir que a indústria eletroeletrônica brasileira está em um patamar bastante competitivo em relação a outros países”.
As exportações do setor cresceram 4% este ano, somando US$ 7,5 bilhões. Os destaques foram as vendas de equipamentos de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica (GTD), com alta de 17% e de equipamentos industriais (15%).
Os motores e geradores foram os principais produtos exportados do setor, totalizando US$ 764 milhões, 17% acima do resultado de 2023.
As importações da indústria elétrica e eletrônica cresceram 12%, somando US$ 47,9 bilhões. O crescimento mais expressivo de produtos importados ocorreu nos segmentos de equipamentos industriais (22%), utilidades domésticas (22%), componentes elétricos e eletrônicos (19%) e informática (18%).
Taxa Selic acima do esperado e projeção modesta
A projeção do setor para o próximo ano é mais conservadora diante da cautela dos empresários com o cenário econômico do país, especialmente quanto à política fiscal e à desvalorização do real perante o dólar. A Abinee projeta um faturamento de R$ 241 bilhões para o setor em 2025, crescimento de 6% em relação a 2024, com avanço de 5% na produção física, no período.
O aumento de um ponto percentual da taxa básica de juros Selic, para 12,25% – anunciado na quarta (11), em reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) –, veio acima do esperado, avaliou Barbato.
“O aumento da taxa de juros sempre é preocupante porque nossos produtos demandam financiamento”, comentou o presidente da Abinee, em resposta ao Valor. O avanço da Selic não deve afetar a projeção já conservadora do setor para o ano que vem, pontua o representante da associação.
Os investimentos do setor em 2025 deverão totalizar R$ 4,2 bilhões, resultado 7% acima do verificado em 2024. A expectativa é que as exportações continuem contribuindo com o desempenho do setor, com elevação de 3% e as importações cresçam 2%.
A entidade também projeta aumento na mão de obra empregada no setor, que passará de 284,2 mil funcionários no final de 2024 para 290 mil no fim de 2025. Já a utilização da capacidade instalada deverá se manter em 79%.
Vendas de celulares irregulares
As vendas de celulares irregulares recuaram em 2024, mas ainda preocupam a Abinee. Este ano devem ser vendidos 8,3 milhões de aparelhos irregulares no país, ante 10,9 milhões em 2023, mas a parcela ainda é significativa. De cada dez aparelhos comercializados no país, dois são vendidos de forma irregular, representando 20% do total.
Somente em 2024, a entidade estima que foram perdidos R$ 4 bilhões em arrecadação de impostos com aparelhos que entraram ilegalmente no país.
A entidade segue trabalhando em ações para conter o avanço do mercado ilegal junto com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), a Polícia e Receita Federal e no Legislativo, incluindo operações de fiscalização e apreensão de aparelhos irregulares em lojas físicas e em marketplaces (shoppings virtuais).
*Com informações do Valor Econômico