se Galípolo defender Selic maior no BC, será ‘ótimo’
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (30) que o diretor de política monetária do Banco Central (BC) e indicado para assumir a presidência da autoridade monetária, Gabriel Galípolo, é um “jovem extremamente competente” e que “vai trabalhar com autonomia”.
De acordo com Lula, se Galípolo defender em algum momento que será necessário elevar a taxa básica de juros, isso será “ótimo”.
Mas também disse que o presidente do BC precisa pensar “na indústria, no comércio” e “não só nos interesses do mercado”, voltando a criticar o atual patamar da Selic.
Banco Central e mercado financeiro
“Eu sei lidar com o BC. O problema é que no imaginário do mercado o presidente do BC tem que ser um representantes do sistema financeiro”, disse em entrevista à rádio MaisPB, defendendo que o presidente da autoridade monetária precisa ser “uma pessoa que goste desse país e que pense na soberania nacional”.
Na entrevista, Lula afirmou que, “se um dia o Galípolo falar para mim que tem que aumentar os juros, ótimo”. Também disse que o atual diretor de política monetária “vai trabalhar com a autonomia” que o presidente do BC nos dois primeiros mandatos de Lula, Henrique Meirelles, teve.
“Até porque agora ele (Galípolo) vai ter o mandato (formal de autonomia)”, disse. “Se tiver que baixar juros, baixa. Se tiver que aumentar, aumenta. Mas tem que ter explicação.”
Lula e FHC
Lula lembrou que, enquanto o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso teve quatro presidentes diferentes do BC durante os seus mandatos, Meirelles ficou no cargo por oito anos. “Se dependesse de mim, teria continuado”, disse.
O presidente da República destacou que o BC tem dois mandatos: o de manter a inflação na meta e o de controlar o “crescimento também”.
Lula ainda defendeu que o presidente da República deveria ter o “direito de colocar o presidente do BC e tirar”.
“E se ele fizer uma coisa muito errada, o que eu faço? Não sei quem criou a ideia de que o cara é intocável”, disse.
Por fim, Lula voltou a criticar o atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmando que ele “age como político, não como economista”.
Também disse que Campos fica “mais em Miami do que no Brasil”. Além disso, voltou a criticar o nível da Selic, atualmente em 10,5% ao ano. “A taxa de juros hoje no Brasil não tem explicação”, disse.
Com informações do Valor Econômico