Samba, Gazelle e Spezial: a santa trindade da Adidas gera lucro estrondoso em 2024 e leva bolsa alemã ao recorde
Qualquer lista de moda com as tendências dos tênis do momento terão, inevitavelmente, Samba, Gazelle e Spezial — que, de tão hypados aqui e lá fora, estão sendo chamados de “santa trindade da Adidas”. A fama se paga: com o boom de vendas dos modelos, a fabricante de artigos esportivos alemã superou — e muito — as projeções de lucro em 2024 e ainda levou a bolsa de Frankfurt às máximas nesta quarta-feira (22).
Os resultados ainda são preliminares, mas já mostram o que a força dos tênis retrô aliada a um bom marketing é capaz de fazer. E se você gosta minimamente do assunto, sabe que a tarefa não é fácil. Além de enfrentar a Nike, a Adidas ainda ganhou outros concorrentes pela frente como a New Balance, a Salomon e a Onitsuka Tiger.
A redução dos estoques da Yeezy também ajudou na performance. Para quem não se lembra, a Adidas e o rapper norte-americano Ye — conhecido até então como Kanye West — travavam uma batalha na justiça depois que a marca alemã decidiu, em outubro de 2022, encerrar a parceria lucrativa na esteira de comentários antissemitas do artista.
A collab era considerada uma das mais bem sucedidas do mundo da moda e, com o fim, deixou a Adidas com um estoque avaliado em 1,2 bilhão de euros em vendas (R$ 7,4 bilhões no câmbio atual) — em vez de destruí-los, a Adidas resolveu comercializar os produtos em lotes e doar parte dos lucros a associações que lutam contra o racismo e o antissemitismo.
Mas vamos aos números da Adidas.
Adidas supera projeções e leva bolsa às máximas
O lucro operacional da Adidas no quarto trimestre atingiu 57 milhões de euros, uma reversão do prejuízo de 377 milhões de euros registrado no mesmo trimestre do ano anterior.
ENQUANTO AS TARIFAS NÃO CHEGAM
O resultado elevou o lucro operacional de 2024 para US$ 1,4 bilhão, “maior do que o previsto em outubro”, segundo a marca.
A receita da empresa aumentou 19% em termos neutros de câmbio e teve alta de 24% em euros, totalizando 5,97 bilhões de euros — maior do que a média de US$ 5,5 bilhões das projeções dos analistas.
Excluindo as vendas da Yeezy, o crescimento da receita em base neutra de câmbio foi de 18%.
Além disso, a Adidas viu uma melhora notável na margem bruta, que cresceu 520 pontos-base para 49,8%, ante 44,6% em 2023.
O desempenho fez as ações da Adidas dispararem, levando a bolsa de Frankfurt a renovar máxima intradiária. Os papéis da fabricante de artigos esportivos subiu 6% hoje e levou bancos como JP Morgan e BNP Paribas a melhorar o preço-alvo dos papéis.
Gazelle, Samba e Spezial: é possível ir mais longe?
Quando o Samba estourou — sim, o nome do tênis é uma homenagem ao Brasil —, os especialistas em moda diziam que o modelo se esgotaria rápido não só nas prateleiras como também no gosto dos consumidores.
A Adidas provou que eles estavam errados. A marca conseguiu emplacar o Gazelle e o Spezial — modelos também parecidos com “chuteiras” — e seguir hypada entre as it girls e celebridades.
“Vemos claramente que o interesse dos consumidores e varejistas em nossos produtos está crescendo tanto em lifestyle quanto em performance. O forte crescimento em todas as regiões e divisões prova o bom trabalho que nossas equipes estão fazendo em todas as regiões e funções”, disse o CEO da Adidas, Bjørn Gulden.
No que depender do executivo, ainda tem espaço para a Adidas correr e se distanciar ainda mais das rivais — com metas financeiras ousadas.
“Também nos sentimos bem sobre o futuro e vemos potencial para aumentar nossa participação de mercado em todos os mercados. Há muita incerteza macroeconômica agora, mas claramente temos a meta de crescer novamente em dois dígitos com a marca Adidas e usar esse crescimento para continuar a melhorar nosso lucro operacional e progredir ainda mais em direção à nossa meta de margem de 10%”, acrescentou Gulden.
Se isso será possível, só o tempo dirá, mas a Adidas divulga os resultados finais do quarto trimestre e de todo o ano de 2024 em março e aí teremos mais pistas.