Representante de grupo interessado na Avibras sinaliza que fechará proposta
O represente do grupo interessado em comprar o controle da empresa de defesa Avibras apontou, em conversa com Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, que o grupo deverá concluir, nas próximas semanas, as negociações. O acordo vinculante de compra e venda foi assinado em 28 de outubro, com prazo de 45 dias para que as negociações sejam concluídas.
O investidor foi representado por Carlos Fortner, que chegou a ser presidente dos Correios em 2018, no governo de Michel Temer, em reunião com o sindicato, nesta sexta-feira (8). Até o momento, a identidade do investidor não foi revelada, mas foi afirmado ao sindicato que se trataria de grupo brasileiro — a possibilidade de vender o controle a empresa de fora do país era duramente criticada pelos sindicalistas.
Empregados estão há 19 meses sem receber
No encontro, o sindicato apresentou como prioridades o pagamento de todos os salários que estão atrasados e a permanência da fábrica no Brasil. Os trabalhadores já acumulam 19 meses sem receber seus vencimentos.
Uma nova reunião foi agendada para o 19 de novembro, quando o grupo interessado vai apresentar uma contraproposta aos trabalhadores.
“Para o Sindicato, essa reunião representou um importante avanço. Desde 2022, quando a Avibras entrou em recuperação judicial e agravou-se a crise, nenhum investidor havia procurado o sindicato, que é o legítimo representante dos metalúrgicos. Da nossa parte, vamos nos empenhar na defesa dos interesses dos trabalhadores”, afirma o presidente do Sindicato, Weller Gonçalves.
A pauta de reivindicações dos trabalhadores inclui: pagamento de todos os salários na íntegra, incluindo as multas; volta imediata do plano de saúde para todos os funcionários; garantia de permanência por no mínimo dez anos na região, em compromisso a ser assinado com os governos federal, estadual e municipal, Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Ministério Público Federal; divulgação dos valores devidos a cada trabalhador, incluindo salários e multas; estabilidade no emprego por um ano para os atuais trabalhadores.
A dívida trabalhista extraconcursal (adquirida durante a recuperação judicial) da Avibras é de cerca de R$ 327 milhões. Em 2022, quando começou o processo de recuperação, a empresa possuía cerca de 1.400 funcionários. Hoje, são 924, que estão em greve desde 19 de setembro de 2022, em razão da falta de pagamentos de salários.
Há tempos, os sindicalistas brigam por uma intervenção por parte do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O pedido é para que o governo entre com um aporte financeiro e permita a regularização de salários.
Com dívidas de pelo menos R$ 640 milhões, a Avibras entrou em recuperação judicial em março de 2022. Os efeitos da pandemia e a redução do orçamento público, de defesa para a saúde, em diversas regiões agravou a crise do grupo.
Em abril, ganhou o noticiário a movimentação da australiana Defendtex na direção de uma tentativa de comprar a Avibras. A movimentação foi criticada por sindicalistas sob o argumento de que entregar o negócio a um grupo do exterior colocaria em risco a capacidade de defesa nacional. Em julho, a Avibras disse que a Defendtex não cumpriu condições precedentes necessárias para fechar a aquisição da companhia.
*Com informações do Valor Econômico