rali de frigoríficos não acabou; entenda
Empresas citadas na reportagem:
Quem investiu nas ações dos frigoríficos BRF (BRFS3), JBS (JBSS3) ou Marfrig (MRFG3) há 12 meses atrás acumula retornos de até três dígitos. Os papéis tiveram um rali em 2024 que consolidou os papéis do setor como um dos melhores investimentos do Ibovespa, o principal índice de ações da bolsa de valores. Segundo os analistas, existe espaço para uma nova alta dos ativos.
A continuidade do rali dos frigoríficos virá dos resultados do terceiro trimestre, aponta o mercado financeiro. Agentes esperam números fortes de JBS, Marfrig e BRF, com alta em margens das operações de frango nos Estados Unidos pressionada, ao mesmo tempo, por queda de preços do boi nos EUA. Analistas ponderam, no entanto, se este cenário pode se inverter.
Ações de frigoríficos: rali deve continuar
As ações de frigoríficos entregam retornos que variam de 70% a 100% em 12 meses. Somente a ação da Embraer (EMBR3) supera em retorno os papéis da BRF (BRFS3), Marfrig (MRFG3) e JBS (JBSS3).
- Embraer ON (EMBR3): +180%
- Marfrig ON (MRFG3): +106%
- BRF (BRFS3): +105%
- JBS (JBSS3): +76%
- Ibovespa: +5,31%
Apesar das altas estratosféricas em relação ao Ibovespa no período, as ações de frigoríficos tem espaço para andar mais a partir dos resultados do terceiro trimestre, diz Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos.
JBS (JBSS3) é favorita: possível aumento de dividendos
Ou seja, investidores podem ver um novo rali dos frigoríficos. O olho do analista está na JBS (JBSS3), que “deve se beneficiar de um cenário favorável para as carnes e alimentos processados”.
As ações da JBS também são o destaque para João Abdouni, analista da Levante Corp.
O frigorífico dono da Friboi tem a operação mais diversificada do que Marfrig e BRF, diz Abdouni ao prever um salto de 20% a 30% para as ações.
Além disso, a desalavancagem financeira da empresa deve continuar a todo vapor e resultar no aumento de distribuição de dividendos. Esta é a avaliação de Guilherme Lavega, sócio da Arkad Invest.
“Com a expectativa de redução da alavancagem para níveis abaixo de 2 vezes, é plausível que esse valor seja aumentado de forma substancial”, diz Lavega. Ele acredita, assim, que a companhia deve pagar mais dividendos no futuro, como resultado de queda na dívida e incremento de caixa.
Em outubro, a JBS (JBSS3) pagou R$ 2 por ação em dividendos.
“Este foi um dos maiores pagamentos já efetuados pela empresa em termos absolutos. Com a expectativa de redução da alavancagem para nível abaixo de 2 vezes o EBITDA, é plausível que esse valor seja aumentado de forma substancial”, afirma o sócio da Arkad.
BRF (BRFS3): o que esperar dos resultados?
A BRF também deve continuar na mesma toada de bons resultados no terceiro trimestre. A ação, portanto, deve permanecer em alta.
Em relatório de análise do setor de proteínas, o Itaú BBA destaca que preços de grãos usados na produção de alimento para aves continua em baixa. Ao mesmo tempo, o ciclo de proteína do frango permanece favorável à companhia.
Os dois motivos explicam o último rali das ações da BRF, diz Abdouni, da Levante.
A Genial vê um mercado internacional e nacional ainda favorável. A inflação de alimentos como carne tende a elevar o consumo de proteínas mais acessíveis, como o frango, por exemplo. Assim, analistas da corretora veem espaço para aumento de EBITDA de 126% no terceiro trimestre em relação a igual período de 2023.
“O EBITDA ajustado deve alcançar R$ 2,7 bilhões, sustentado por ganhos em eficiência operacional e uma demanda crescente por proteínas mais acessíveis”, afirma a Genial.
Em relatório, a Genial Investimentos acredita em uma nova alta das ações da BRF (BRFS3), mesmo que “em ritmo menos agressivo” que o rali de 12 meses.
Marfrig (MRFG3) ou JBS (JBSS3)?
Por ser controladora da BRF (BRFS3), a Marfrig obteve bons resultados na esteira da dona da Sadia.
No entanto, isso não deve se repetir com a mesma intensidade no terceiro trimestre porque a dinâmica de mercado de proteínas mudou, afirma Régis Chinchila.
“No terceiro trimestre, a Marfrig ainda enfrenta desafios no setor de carne bovina”, diz o analista da Terra Investimentos.
As margens de lucro operacional devem ser pressionadas por uma queda no spread entre os preços da carne no atacado em relação ao preço do arroba do boi nos Estados Unidos.
Hoje, esse spread do boi segue trajetória oposta a do frango: está abaixo da média do pré-pandemia.
Abdouni também espera uma virada de ciclo do boi. Com isso, spreads podem virar e favorecer Marfrig e JBS com um salto de margem EBITDA. Isso levaria a um novo salto da Marfrig na bolsa de valores.
Mesmo assim, somada à pressão do arroba, a alavancagem do frigorífico de Marcos Molina deve subir do nível atual, de 3 vezes o EBITDA, a partir de 2025, conforme analisa a Genial.
“A venda dos ativos para a Minerva ativos certamente proporcionará um alívio. No entanto não nos parece que será suficiente.”
A corretora projeta uma alavancagem financeira da Marfrig na ordem de 4,5 vezes o EBITDA até o fim de 2025, “consideravelmente acima do nível razoável para o setor”.