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Raízen (RAIZ4) ronda mínima à espera de mudanças na Cosan

Empresas citadas na reportagem:

As ações da Raízen (RAIZ4) operam próximas da cotação mínima histórica no Ibovespa. O papel da companhia de distribuição e produção de etanol e açúcar terminou novembro com a cotação mais baixa do ano, valendo R$ 4,42.

Analistas explicam que a alta dívida da empresa, que deve sofrer ainda mais com os juros altos em 2025, está por trás da queda de Raízen (RAIZ4) na bolsa de valores em 2024. O mercado também aguarda o resultado da dança das cadeiras de executivos da Cosan, e as primeiras medidas do novo CEO da Raízen, Nelson Gomes.

A queda das ações da Raízen vem na contramão da cotação dos preços de açúcar no cenário internacional. A commodity retomou os patamares mais elevados após queda entre 2023 e 2024.

Na bolsa de commodities de Nova York, a onça do açúcar passou a valer US$ 0,23 neste ano, em decorrência dos incêndios que atingiram produtores brasileiros entre agosto e setembro. Tanto a Raízen quanto a São Martinho, nesse sentido, foram atingidas.

Além disso, no outro braço da Raízen (RAIZ4), o preço do etanol acumula inflação de 12% nos últimos 12 meses, de acordo com dados do IPCA, medido pelo IBGE.

Para analistas, a queda das ações da empresa da Cosan, assim como a de pares do setor sucroalcooleiro, tem origem no ambiente macroeconômico.

Contudo, no caso da Raízen, há uma ansiedade do mercado financeiro em novas medidas para diminuir a alta alavancagem da empresa, diz Leonardo Alencar, analista da XP Investimentos. Segundo ele, a divisão da Raízen para atender o mercado de açúcar e etanol e ao mesmo tempo distribuir combustível sempre foi uma “água fria” para investidores locais aderirem ao papel.

“Raízen é um papel mais popular entre investidores estrangeiros, mas vem sofrendo com a deterioração do ambiente macroeconômico”, explica Alencar.

No ano, as ações preferenciais da companhia recuam quase 40%. As ações da Raízen (RAIZ4) perderam atratividade no curto prazo, diz Alencar, porque a alta dos juros implica em uma relação cada vez maior entre o quanto a empresa lucra na operação e o quanto ela paga em juros sobre dívida de R$ 20 bilhões até 2033.

Mercado espera medidas da Cosan (CSAN3) para Raízen decolar

O que esperar das ações da Raízen daqui para frente? De acordo com analistas, o papel tende a se movimentar conforme surpresas positivas no processo de desalavancagem da companhia.

Há, porém, desconfiança em relação às medidas mais recentes adotadas para retomar a eficiência da Raízen. Alencar afirma que, nesse sentido, a venda da participação da Raízen na rede Oxxo “não teria o efeito desejado pelo mercado” em reduzir dívidas.

“A possível venda de plantas de etanol por R$ 1 bilhão tampouco faria a diferença no nível de alavancagem”, completa o analista da XP.

Em outro fronte, o mercado quer ver mais eficiência em investimentos. Isso porque o motivo da Raízen (RAIZ4) ter se endividado tanto foi a alocação em usinas de etanol de segunda geração, aponta Pedro Nogueira, gestor de ações da Skopos.

“A empresa também expandiu em muitas frentes que vão além de seu core business (leia-se core como açúcar e etanol, E2G e distribuição de combustíveis), tornando sua operação complexa e talvez pouco eficiente em certos aspectos”, diz o gestor.

Dança das cadeiras e novo CEO

A virada de chave pode vir com a dança das cadeiras dentre os executivos da Cosan.

A entrada de Nelson Gomes na Raízen (RAIZ4) é vista como um esforço da Cosan em melhorar a operação. O executivo tem renome no mercado por ter refeito o perfil de endividamento da Cosan e, sobretudo, ter foco em tornar operações adquiridas mais eficientes. Foi o caso da Compass, holding de distribuição de gás do grupo.

“Também é um excelente líder e influenciador cultural, sendo exatamente o que a Raízen precisa nesse momento”, pondera Nogueira. A Skopos vê o movimento como positivo para a ação.

Assim, o futuro da ação da Raízen passa principalmente pelos planos da Cosan para a distribuidora. Mudanças na estrutura de capital podem levar as ações a “reagirem positivamente”, comenta Daniel Cobucci, analista da BB Investimentos.

Desde que o resultado leve ao enxugamento da dívida.

“Em primeiro lugar, redução do endividamento. Em segundo lugar, melhores preços de açúcar e de petróleo no mercado internacional.”

“Vemos um potencial elevado para o papel, mas com riscos relevantes caso não ocorram mudanças na estrutura atual de dívida”, continua Cobucci.

Por fim, a BB Investimentos cita que somente uma “operação mais robusta” e não apenas a venda de ativos “pode ser necessária para trazer mais confiança dos investidores à tese da companhia”. Mas essas mudanças são esperadas sob o novo CEO da Raízen.

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