quanto custa e como se planejar?
A Copa do Mundo de 2030 será muito especial. Isso porque o campeonato terá disputas em seis países e três continentes. O jogo de abertura será no Uruguai (homenagem ao Mundial de 1930, o primeiro), com mais um jogo na Argentina e outro no Paraguai. Então, todas as demais 101 partidas serão realizadas na Espanha, em Portugal e no Marrocos.
“Com a Copa do Mundo de 2030 no horizonte, muitos brasileiros sonham em assistir aos jogos de perto e viver essa experiência única. Porém, para transformar esse desejo em realidade, é preciso planejamento financeiro”, afirma Wanessa Guimarães, planejadora financeira CFP pela Planejar e sócia da HCI Invest.
Mas, afinal, quanto vai custar conferir ao menos algumas batalhas deste mega evento? E como juntar dinheiro para não perder nada? A gente te conta a seguir.
Quanto custa curtir a Copa do Mundo de 2030?
Ainda não é possível precisar quanto uma pessoa gastaria para curtir a Copa do Mundo de 2030. Mas, de acordo com uma projeção inicial feita pela Inteligência Financeira, seriam necessários, no mínimo, R$ 30 mil. Confira:
- Passagem aérea para Madri: R$ 6 mil;
- Hospedagem durante 15 dias: R$ 5 mil (por pessoa, em quarto de casal);
- Ingressos para cinco partidas (média da Copa de 2026): R$ 5 mil;
- Alimentação e transporte: R$ 10 mil (aproximadamente 100 euros por dia, cotação de 23/12);
- Extras: R$ 4 mil.
É importante entender que, no período do campeonato, os preços tendem a aumentar – e muito. Então, na hora de fazer o planejamento, tenha em mente que este seria o valor mínimo dos gastos.
Outra possibilidade para curtir o evento é começar a jornada em um dos países da América do Sul, ou seja, Uruguai, Argentina ou Paraguai, e não diretamente na Europa. Mas nesse caso, o valor fica ainda maior. É preciso acrescentar os gastos de deslocamento para essas localidades, além de ingresso e hospedagem.
Como juntar R$ 30 mil até 2030 para curtir a Copa do Mundo de 2030?
Wanessa Guimarães considera três cenários principais para juntar R$ 30 mil até 2030.
Acumulação sem rendimento (dinheiro guardado sem investimentos)
O período entre janeiro de 2025 e dezembro de 2029 compreende 60 meses. Dividindo R$ 30 mil por 60 meses, seria necessário poupar R$ 500 por mês, sem contar correção da inflação.
Investimento com rendimento médio de 8% ao ano
Se o dinheiro for investido em uma aplicação com rendimento médio de 8% ao ano, o esforço mensal seria menor devido aos juros compostos. Nesse caso, seria necessário poupar cerca de R$ 430 por mês para alcançar R$ 30 mil ao final de cinco anos.
Investimento com rendimento médio de 12% ao ano
Com um investimento que rende 12% ao ano, seria necessário poupar aproximadamente R$ 373,41 por mês para alcançar R$ 30 mil até 2030. Isso considera aportes mensais constantes e o efeito dos juros compostos ao longo de cinco anos.
Estratégia para juntar R$ 30 mil até a Copa do Mundo de 2030
Parece fácil juntar R$ 30 mil até a Copa de 2030, correto? Não é bem assim. A planejadora financeira Wanessa Guimarães lista quatro passos fundamentais na busca do objetivo.
- Defina sua meta com clareza: especifique que o objetivo é juntar R$ 30 mil até dezembro de 2029. Essa meta deve ser inegociável.
- Escolha o melhor investimento: para alcançar a meta com mais eficiência, opte por investimentos de baixo risco, como Tesouro Direto (Tesouro Selic ou Tesouro IPCA+), CDBs de bancos sólidos ou fundos de renda fixa com taxas acessíveis. Além disso, é importante fazer também uma diversificação em moeda estrangeira, neste caso o euro, para se proteger de uma alta da moeda.
- Automatize os aportes mensais: configure transferências automáticas para o investimento escolhido. Assim, você garante que o valor seja poupado antes de utilizá-lo em outras despesas.
- Revise e ajuste: por fim, reavalie seus aportes periodicamente para garantir que estejam alinhados à meta. Isso vale especialmente se houver aumento dos custos com a viagem, o que é algo bem provável, ou mudanças de cenário econômico que comprometam a rentabilidade dos investimentos.
Copa do Mundo de 2030: como montar uma carteira para juntar dinheiro?
Na hora de montar a carteira pensando em juntar dinheiro para curtir a Copa do Mundo de 2030, Wanessa Guimarães destaca que, considerando o momento econômico atual no Brasil, a taxa Selic mais alta proporciona boas oportunidades em renda fixa.
“Para atingir o objetivo de acumular R$ 30 mil até 2030, considerando o cenário atual de juros elevados no Brasil e a necessidade de exposição cambial em euro e dólar, é recomendável diversificar sua carteira de investimentos. Além disso, é necessário manter a carteira com baixa volatilidade para evitar a frustração de não alcançar a meta”, salienta a planejadora financeira.
A seguir, confira opções de ativos para alocar o seu dinheiro.
Renda fixa no Brasil
De acordo com Wanessa, aproveitando a taxa Selic elevada, atualmente em 12,25% ao ano, é estratégico investir em títulos de renda fixa que se beneficiam desse cenário. Ela destaca tanto títulos públicos quanto privados, especialmente aqueles que contam com o Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
- Pós-fixados: títulos atrelados ao CDI ou à Selic, como o Tesouro Selic ou CDBs; e LCIs e LCAs que acompanhem as variações da taxa de juros, oferecendo segurança e liquidez.
- Prefixados: títulos com taxa de juros fixa, como o Tesouro Prefixado, que garantem uma rentabilidade definida no momento da aplicação, sendo vantajosos se houver expectativa de queda na Selic.
- Atrelados ao IPCA: títulos como o Tesouro IPCA+, que oferece proteção contra a inflação ao remunere o investidor com uma taxa fixa acrescida da variação do IPCA.
Internacional
A planejadora financeira também pontua que, para proteger o poder de compra no exterior e diversificar a carteira, é fundamental incluir investimentos atrelados ao euro e ao dólar. “No entanto, deve-se observar o perfil de risco do investidor. Esses ativos são recomendados para investidores moderados e agressivos, com a devida proporcionalidade no portfólio de investimentos”, reforça Wanessa. Confira os investimentos sugeridos:
- Fundos cambiais: fundos de investimento que aplicam em ativos relacionados a moedas estrangeiras, como o dólar ou o euro. Esses fundos acompanham as variações cambiais, podendo proteger contra a desvalorização do real.
- ETFs internacionais: fundos de índice negociados na bolsa que replicam o desempenho de mercados estrangeiros. Por exemplo, o IVVB11, que segue o S&P 500, oferece exposição ao dólar, enquanto ETFs europeus proporcionam exposição ao euro.
- Ações ou BDRs de empresas estrangeiras: investir diretamente em ações de empresas europeias ou americanas, ou em BDRs (Brazilian Depositary Receipts) listados na B3, permite exposição cambial e participação em mercados internacionais.
Outra sugestão de Wanessa Guimarães, especialmente para quem busca segurança, é manter o recurso investido em renda fixa com alguma liquidez e aproveitar as baixas no câmbio para comprar antecipadamente a moeda estrangeira. Para isso, o ideal é ter uma conta internacional em euro e realizar o acúmulo da moeda nesta conta internacional. Hoje, inclusive, há várias plataformas que atendem em português.
“Acumular moeda estrangeira em contas digitais, como Avenue, Nomad e outras, tem se tornado uma estratégia acessível e eficiente para quem deseja se proteger da volatilidade do real ou planeja gastar no exterior. Essas contas permitem que você converta reais diretamente para moedas como dólar ou euro, geralmente com taxas competitivas e sem os altos custos de remessas tradicionais”, salienta a planejadora financeira.
O processo é simples e totalmente digital, facilitando a criação de uma reserva cambial para objetivos como viagens, investimentos no exterior ou diversificação patrimonial.
“Uma vantagem significativa é que os saldos nessas contas podem ser utilizados para compras internacionais ou transferências, eliminando a necessidade de carregar dinheiro físico”, ressalta Wanessa.
Aportes regulares para compra de moeda estrangeira
Além disso, de acordo com ela, outra forma de potencializar o acúmulo de moeda estrangeira é programar aportes regulares, aproveitando momentos de valorização do real para comprar mais dólares ou euros a preços melhores.
“Muitas plataformas oferecem investimentos em ativos internacionais diretamente em moeda estrangeira, permitindo que você combine o crescimento patrimonial com a proteção cambial. Essas contas também são vantajosas por oferecerem rendimentos sobre os saldos em algumas moedas, dependendo da instituição. A flexibilidade e o acesso a mercados globais tornam essas contas uma excelente opção para quem busca diversificação e segurança financeira em um cenário econômico instável”, finaliza a especialista.
O que se sabe sobre a Copa do Mundo de 2030?
A Copa do Mundo de 2030 terá jogos em seis países – as sedes oficiais serão Espanha, Marrocos e Portugal. Porém, Argentina, Paraguai e Uruguai receberão três jogos inaugurais.
Além disso, a Fifa divulgou uma projeção das datas do Mundial. De acordo com o esquema, os times que jogarem a primeira rodada na América do Sul vão ter entre 12 e 13 dias até a disputa da segunda rodada, no hemisfério norte. Confira:
- 8 e 9 de junho de 2030: cerimônia de celebração do Centenário da Copa do Mundo, com uma disputa em Montevidéu (Uruguai), além de jogos na Argentina e no Paraguai;
- 13 e 14 de junho de 2030: primeiras partidas da Copa do Mundo em Espanha, Portugal e Marrocos;
- 15 e 16 de junho de 2030: primeiros jogos das demais seleções dos grupos de Uruguai, Argentina e Paraguai;
- 21 e 22 de junho de 2030: segunda rodada de todas as seleções dos grupos de Uruguai, Argentina e Paraguai;
- 21 de julho de 2030: final da Copa do Mundo.
Por fim, vale lembrar que a Copa do Mundo de 2030 vai contar com 48 seleções. Será realizada num formato com 12 grupos, cada um com quatro seleções. Assim, os dois melhores de cada grupo, mais os oito melhores terceiro colocados, avançam para a fase eliminatória, agora com 32 e não mais 16 participantes.