Pronta para decolar? Gol (GOLL4) anuncia acordo com o grupo Abra e projeta sair da recuperação judicial em 2025
Dez meses após entrar em recuperação judicial, a Gol (GOLL4) estará pronta para “decolar” de novo em breve. Isso porque a companhia aérea e o grupo Abra, seu controlador, anunciaram nesta quarta-feira (6) um acordo de apoio ao plano de reestruturação no contexto da recuperação judicial da companhia nos Estados Unidos.
Em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Gol disse que vai apresentar um plano de reorganização que permitirá uma “significativa redução da alavancagem” da companhia.
A empresa aérea prevê a conversão em ações ou extinção de até US$ 1,7 bilhão (cerca de R$ 10,4 bilhões) em dívidas anteriores ao procedimento do Capítulo 11 (Chapter 11) da lei norte-americana de falências, e até US$ 850 milhões em outras obrigações.
O grupo Abra declarou créditos de R$ 2,8 bilhões (R$ 17,1 bilhões) e concordou em receber US$ 950 milhões (R$ 5,8 bilhões) em novas ações, além de US$ 850 milhões em dívidas reestruturadas.
Dessa dívida reestruturada, US$ 250 milhões (R$ 1,53 bilhão) serão convertidos em novas ações da Gol a partir de 30 meses após a conclusão do processo de recuperação judicial.
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Credores receberão novas ações
Já os credores da Gol também devem receber novas ações avaliadas em até US$ 235 milhões (R$ 1,44 bilhão) — valor que pode aumentar a depender da resolução das pendências envolvendo a companhia.
Além disso, a companhia ainda pode captar até US$ 1,85 bilhão (R$ 11,3 bilhões) em um novo capital, na forma de uma linha de crédito de saída no Chapter 11.
O objetivo do aumento de capital é quitar o Debtor-in-Possession (Financiamento DIP) — um mecanismo financeiro para processos de recuperação judicial que permite à empresa continuar operando enquanto reestrutura suas dívidas.
A Gol espera apresentar seu plano de reorganização no procedimento de Chapter 11 até o final deste ano e projeta sua saída do processo até o final de abril de 2025.
“Chegar a este acordo é mais um passo importante em nossos esforços para fortalecer nossa posição financeira e impulsionar o sucesso de longo prazo da GOL”, disse Celso Ferrer, CEO da Gol, no comunicado. “Com este acordo, temos a maior parte dos principais termos do nosso plano de reestruturação definido”.
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Ações da Gol (GOLL4) reagem ao acordo
Após a divulgação do fato relevante, as ações da Gol chegaram a ter suas negociações suspensas na B3 na manhã desta quarta-feira (6), já que o acordo de reestruturação saiu com o mercado já aberto.
No entanto, o avanço no plano de recuperação judicial não foi suficiente para animar os investidores. Por volta das 12h58, os papéis GOLL4 operavam em queda de 0,89%, a R$ 1,11. No mesmo horário, o Ibovespa caía 0,59%, aos 129.891,88 pontos.
A Gol está vendo suas ações derreterem desde janeiro deste ano, quando entrou em recuperação judicial. Em 2024, os papéis da companhia acumulam queda de 87%. A empresa está avaliada em R$ 467 milhões.
A recuperação judicial da Gol
Vale lembrar que as medidas fazem parte do plano financeiro da Gol para os próximos cinco anos, anunciado em maio deste ano. Para conseguir sair da recuperação judicial, a companhia aérea precisará refinanciar aproximadamente US$ 2 bilhões em dívidas.
No início deste ano, a Gol e suas subsidiárias entraram com um pedido de Chapter 11 no Tribunal de Falências dos Estados Unidos para o Distrito Sul de Nova York.
“O Chapter 11 é um processo legal dos Estados Unidos utilizado pelas empresas para levantar capital, reestruturar as finanças e fortalecer operações comerciais no longo prazo, enquanto continuam a operar normalmente”, explicou a empresa, à época do comunicado.
Entre os credores da Gol está o Bank of New York Mellon, que é custodiante de notas seniores da empresa, e tem créditos de cerca de R$ 2,6 bilhões. A lista conta ainda com com o Ministério da Fazenda, Aeronáutica, Vibra, Banco do Brasil e Localiza.
Desde que entrou com o pedido de proteção no âmbito da recuperação judicial nos Estados Unidos, a Gol obteve o Financiamento DIP no valor de US$ 1 bilhão.
Segundo a companhia, este financiamento, junto com aproximadamente US$ 375 milhões em novos créditos, proporcionou à empresa a liquidez necessária para reinvestir em sua frota de aeronaves e recuperar uma capacidade operacional adequada.