Economia

Prévia da inflação deve reforçar estouro da meta de 2024

O governo divulga nesta sexta-feira (27) o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15. Trata-se da prévia da inflação oficial de dezembro, uma das mais importantes do ano pois consolidada os dados que por sua vez indicam se o Brasil ficará acima, abaixo ou dentro da meta de inflação. Assim, muito embora o dado ainda não tenha sido divulgado, é mais do que provável que esse teto seja rompido neste ano.

Assim, a meta da inflação é de 3%, mas o próprio IBGE já apurou em relatórios anteriores que a inflação em 2024 até novembro acumula alta de 4,29%. E nos últimos doze meses, o IPCA chega a 4,87%.

Então, a não ser que haja surpresa muito grande, e elas não costumam acontecer em se tratando de inflação, o mais certo é que a meta deste ano será estourada.

Dessa forma, o estouro da meta é mais uma notícia ruim para o governo federal, que trava uma luta com o mercado para indicar que há sim responsabilidade fiscal e que o pacote anunciado mais cedo em novembro pode conter a economia. O problema é que o pacote foi aprovado no Congresso Nacional na semana passada desidratado, o que diminui um pouco mais a economia prevista.

Enquanto isso, a taxa de câmbio disparou e bateu R$ 6,20.

E o Banco Central já aumentou a taxa de juros em 100 pontos-base, para 12,25%, em dezembro. E prometeu mais dois aumentos da mesma magnitude nas duas primeiras reuniões de 2025. A taxa pode conter a inflação, pelo menos é o que se espera. Mas pelo sim, pelo não, o Itaú já projeta inflação de 5% em 2025. Pelo menos essa foi a estimativa do economista-chefe do banco, Mario Mesquita, à Inteligência Financeira. Se isso acontecer, será novo estouro da meta.

O IPCA-15 começa a colocar um ponto final na inflação de 2024. E ajuda a explicar se o câmbio, pra lá de desfavorável para o real, já anda fazendo diferença na inflação.

Por enquanto, o quadro abaixo ajuda a entender onde está a inflação neste momento.

ÍPCA | Ref.
Nov. 2024
Índice (%)
Índice geral0,39
Alimentação e bebidas1,55
Habitação-1,53
Artigo de residência-0,31
Vestuário-0,12
Transporte0,89
Saúde e cuidados pessoais-0,06
Despesas pessoais1,43
Educação-0,04
Comunicação-0,10
Fonte: IBGE, dados de referência novembro de 2024

A inflação atual deveria preocupar tanto?

A resposta curta e estendida é a mesma: sim. A inflação descontrolada foi o problema-raiz da economia brasileira nas décadas de 1980 e começo da década de 1990. A marcha da insensatez, como se referia ao problema o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan, impedia o Brasil basicamente de planejar e aumentava bastante a desigualdade social.

A Inteligência Financeira tratou bastante do assunto neste ano, quando o Plano Real completou 30 anos de vida, em uma série de podcasts. Para acompanhar, basta clicar aqui.

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