Presidente da Petrobras (PETR4) não descarta dividendos extraordinários e defende preços ‘abrasileirados’ em entrevista
Os acionistas da Petrobras (PETR4) saberão, na próxima quinta-feira (07), quanto a companhia pagará em proventos, e pode ser que venham dividendos extraordinários por aí.
Em entrevista à CNN Money, a presidente da estatal, Magda Chambriard, destacou que, além de considerar os “interesses dos nossos acionistas como um todo” ao decidir sobre os dividendos, referindo-se à União Federal, que possui mais de 50% das ações da empresa, a companhia tem um compromisso firme com a distribuição.
“Está no nosso estatuto que nós temos que distribuir 45% [do lucro], isso não pode ter dúvida. O que for lucro, o que for fluxo de caixa livre, o que estiver dentro dos 45% e o que a gente não precisar reter para garantir investimentos serão distribuídos”, disse a CEO.
As dificuldades enfrentadas pela Petrobras recentemente abalaram, em certa medida, a confiança dos acionistas em sua solidez. No segundo trimestre de 2024 (2T24), a empresa reportou um prejuízo de R$ 2,6 bilhões, frustrando as expectativas de alguns acionistas, apesar de ter distribuído R$ 13,57 bilhões em proventos.
Entre trancos e barrancos a empresa manteve um desempenho operacional sólido. Ao ser questionada sobre os dividendos extraordinários, a presidente disse: “Vamos aprovar um plano 2025-2029, se o caixa for suficiente, a gente não empilha dinheiro”.
Política de preço verde e amarela
A Petrobras abandonou a política de preço de paridade de importação (PPI) em maio de 2023, e adotou um cálculo que leva em conta o preço mínimo pelo qual a empresa está disposta a vender com o preço máximo que o cliente quer pagar. Essa mudança na política de preços da estatal foi feita após um pedido do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, para que fossem “abrasileirados”.
Não existem sinais de que essa estratégia seja alterada no curto prazo. “Nós estamos extremamente satisfeitos com a política de preços, que garante para a sociedade uma estabilidade desses preços. A gente evita transportar para a sociedade uma volatilidade indesejada, e ao mesmo tempo nós nos remuneramos por esses combustíveis de forma bastante satisfatória”, contou Chambriard à CNN.
Transparência e previsibilidade
Ao transformar a política de preços dos combustíveis de uma abordagem aberta de paridade internacional para uma política interna, a Petrobras reduziu a previsibilidade de suas ações. De acordo com a presidente, as críticas de que a nova estratégia de preços seria menos transparente do que a antiga política de PPI, abandonada pela companhia, provavelmente continuarão.
“Essa dúvida tem que persistir, porque ninguém conta para o concorrente como faz seu preço. Então, no mercado de combustíveis, a hora que descobrirem como eu faço meu preço, é a hora em que eu tenho que ser mandada embora. Isso é uma prerrogativa da companhia”, afirmou Chambriard.
*Com informações do Estadão Conteúdo