por que é difícil contratar seguro para modelos antigos?
O brasileiro é apaixonado por carro e, além de ter o veículo para lazer ou trabalho, muitos também colecionam relíquias. Para se ter uma ideia, segundo dados de julho da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), existem cerca de 17,5 milhões de veículos com 30 anos ou mais em circulação no país. E, conforme pesquisa realizada pela Federação Internacional de Veículos Antigos (Fiva), desses pelo menos 3 milhões são veículos colecionáveis.
Apesar de uma frota grande, os amantes de carros antigos ou clássicos têm grande dificuldade em fazer o seguro para os seus veículos.
“Até hoje nunca houve um seguro que oferecesse cobertura para esse tipo de veículo. Temos alguns que oferecem cobertura a terceiros, que oferecem assistências, mas cobertura total nunca”, afirma Roberto Suga, ex-presidente e conselheiro da Fiva.
Segundo ele, a principal dificuldade para contratar o seguro no caso dos antigos é que existem poucos produtos focados nesse tipo de veículo.
Nelson Uzêda, diretor do Sindseg (Sindicato das Empresas de Seguros e Resseguros) Bahia, Sergipe e Tocantins e professor da Escola Nacional de Seguros, destaca que a contratação do seguro é simples e vai seguir os mesmos trâmites de um seguro de um veículo convencional normal.
“Só que existe uma particularidade: ao buscar nos simuladores de contratação da seguradora, ele fatalmente pode nem encontrar aquele veículo, porque os simuladores geralmente colocam modelos de 10 até no máximo 15 anos, e à medida que o tempo vai passando, aqueles modelos vão sumindo, vão saindo dos sites, dos seus simuladores de cálculos. Então, para os veículos clássicos, veículos antigos, a forma de contratação é o segurado procura o seu corretor, o seu corretor oferece a seguradora o veículo dele, propondo determinado valor, a seguradora então marca com seu segurado”, diz.
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“Poucas seguradoras aceitam veículos com mais idade, principalmente devido à dificuldade de reposição de peças em casos de perdas parciais, que pode ser uma colisão ou um roubo/furto recuperado que não alcance prejuízos iguais a 75% ou mais do valor do bem”, comenta Arley Boullosa, sócio da Moby Corretora de Seguros.
Oportunidade
De olho neste mercado, a seguradora EZZE em parceria com a corretora de seguros Howden acabam de lançar uma opção de seguro para veículos clássicos e antigos.
De acordo com as empresas, o produto foi criado para colecionadores, entusiastas que utilizam os carros de maneira limitada, em viagens, exposições, encontros e eventos, oferecendo uma cobertura personalizada que protege, por exemplo, contra danos materiais e acontecimentos naturais.
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“O setor de veículos clássicos permanece em destaque como um dos segmentos de maior potencial de valorização, atraindo investidores de diferentes perfis que reconhecem o valor duradouro e a singularidade desses bens extraordinários. Esta solução complementa nossa oferta de produtos especializados, que inclui coberturas para obras de arte, joias, aviação, embarcações e outras proteções patrimoniais diferenciadas”, comenta Andoni Hernández, CEO da Howden Brasil.
“Nossa proposta é atender a essa demanda específica, oferecendo uma cobertura que realmente reconhece e preserva o valor dos clássicos”, complementa Ricardo Minc, diretor de esportes, mídia e entretenimento da Howden Brasil.
Um dos principais diferenciais produto, dizem os executivos, é a cláusula de valor acordado, que afere os veículos com base em sua raridade, de forma semelhante às obras de arte, ao invés de seguir a tradicional Tabela Fipe. Além disso, a Howden estabeleceu uma rede de avaliadores especializados para assegurar que a avaliação do veículo seja feita de maneira precisa e adequada.
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Outra seguradora que também oferece o seguro para carros mais velhos é a Suhai. “A Suhai Seguradora aceita carros de todas as marcas, modelos, finalidades de uso e idades, incluindo os clássicos e de placa preta”, diz Jorge Martinez, diretor de produtos da Suhai Seguradora.
De acordo com ele, não há idade máxima para a contratação do seguro, sendo que a sua carteira de clientes conta, por exemplo, com o seguro de Ford 1928.
“O mercado de seguros normalmente requer uma estimativa de valor para o veículo, o que torna o processo de venda do seguro para esses modelos um pouco mais complexo. Para veículos novos, o valor é automaticamente definido com base na Tabela Fipe”, explica.
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Ele lembra ainda que, no caso de seguros que cobrem colisões parciais, o custo também pode ser mais alto por conta da dificuldade de obtenção de peças e até de atendimento a casos de sinistro, justamente pela demora para obter peças.
A Suhai Seguradora atua nesse nicho há mais de 5 anos e Martinez garante que o custo dos seguros para esses veículos é relativamente baixo comparado ao valor do seguro para um carro novo — e especialmente para contratações de coberturas contra roubo, furto e perdas totais, assim como para danos a terceiros (Responsabilidade Civil), já que são veículos que circulam com pouca frequência.
“Um dos principais desafios no segmento de seguros para carros antigos é determinar o valor pelo qual o veículo será segurado. Essa tarefa é complexa, pois envolve muitas avaliações subjetivas”, reforça o executivo.