Economia

PIX por aproximação já está disponível nas carteiras digitais do Google, com ‘restrições’; veja o que Campos Neto disse no evento de lançamento

“É por aproximação?”. Essa pergunta já se tornou quase tão comum quanto a “é crédito ou débito?” nos estabelecimentos comerciais brasileiros – desde as mega lojas em shoppings das capitais a feiras de rua e até aos pequenos comércios no interior do país. Consequentemente, muitos clientes passaram a pagar no cartão de crédito pela facilidade de só aproximar o celular na maquininha. 

Enquanto isso, outro meio de pagamento em expressivo crescimento no Brasil, o Pix, foi sendo preterido na hora de pagar por um produto ou serviço em estabelecimentos físicos. 

O trabalho de abrir o aplicativo do banco, colocar os dados, escanear o QR code e todos os trâmites seguintes acabaram deixando o consumidor com certa preguiça, nas palavras do próprio presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Segundo pesquisa feita pela autoridade monetária, 30% das pessoas pagavam com cartão de crédito porque não podiam “aproximar” o Pix. 

Até agora. O Pix por aproximação tornou-se realidade no Brasil. Mas não para todos. 

Em evento realizado nesta segunda-feira (4), com presença de Campos Neto, o Google anunciou o Pix por aproximação e o pagamento via Pix integrado à carteira digital dos celulares Android, através do Google Pay.  

No entanto, as funcionalidades ainda estão restritas para os clientes do C6 Bank, do Pic Pay e do Itaú. Ademais, apenas aparelhos com sistema operacional Android poderão fazer uso dessa nova função. 

O Google foi o primeiro a anunciar soluções para o PIX por aproximação, mas outras empresas também estão autorizadas a criar as próprias tecnologias para rodar esse tipo de pagamento. 

O consumidor vai poder pagar via Pix ao aproximar o celular nas maquininhas de cartão seguindo os seguintes pré-requisitos:

  • O celular precisa estar desbloqueado;
  • O aparelho precisa ser Android, com software atualizado para pagamento por aproximação;
  • O cliente precisa ter uma conta bancária do C6, Pic Pay ou Itaú vinculada ao Google Pay;
  • A máquina precisa estar habilitada para esse tipo de pagamento. 

Outra funcionalidade anunciada para o Pix é que será possível usar o meio de pagamento para as compras online em aplicativos e no navegador Chrome, sem precisar usar o QR code ou o código copia e cola.

Atualmente, as transações digitais exigem que o cliente abra o aplicativo do banco para escanear o QR code ou inserir o código fornecido pelos estabelecimentos comerciais.

Com a solução do Google, basta que o usuário tenha uma conta bancária vinculada ao Google Pay e apresente sua biometria (identificação facial ou senha) para que ele pague de forma bem mais descomplicada e rápida com o Pix. Sem precisar abrir nenhum app diferente. 

A agenda de inovação do Banco Central

Em plena semana de Copom, o presidente do Banco Central não deu nenhum tipo de sinalização sobre a política monetária, como já era esperado. 

Reforçando o papel da tecnologia como “instrumento de democratização muito poderoso”, Campos Neto falou sobre suas perspectivas para o Pix e o futuro dos meios de pagamento.

Na visão dele, a tendência é que os países invistam cada vez mais em formas de pagamento instantâneas e que esses diferentes sistemas se conectem, tornando as transações internacionais bem mais simples. 

  • Exemplos desse avanço são os outros “Pix” do mundo: o Nexus, no continente asiático, e o TIPS, na Europa. 

Nesse sentido, ele se mostrou cético quanto à criação de moedas comuns, como a moeda do Brics: “Se a gente puder ter pagamento instantâneo em todos os países, esse debate de moedas comuns perde bastante relevância”.

O diretor do BC reforçou que o Brasil foi pioneiro em muitos projetos, mas que ainda há muito a ser feito. “Tecnologia a gente sabe como começa, mas não sabe muito como acaba”, disse. 

Ele também disse que o sucessor, Gabriel Galípolo, deve continuar a trazer novidades, já que o BC tem um “DNA de inovação”. 

Fraudes no PIX: o que Campos Neto tem a dizer

Campos Neto abordou a problemática das fraudes envolvendo o Pix. Em 2023, foram 2,5 milhões de golpes aplicados usando o meio de pagamento. 

Para ele, um dos principais problemas é a grande quantidade de contas laranja e fantasma que recebem o dinheiro proveniente das fraudes. Uma das soluções, portanto, é enrijecer os processos e critérios para abertura de contas bancárias, a fim de evitar esse fenômeno. Segundo Campos Neto, isso levaria a criminalidade quase a zero. 

Ele também citou que o BC está fazendo uso de inteligência artificial para identificar padrões de fraude e movimentações anormais. 

Adiantando inovações da autoridade monetária, ele disse que novas funcionalidades de rastreamento, bloqueio e devolução de valores serão anunciadas em breve. 

 “É um trabalho que nunca acaba, porque conforme você vai aprimorando, o outro lado também vai aprimorando”, completou. 

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