Pix já responde por 24% dos pagamentos no varejo, mas sistema financeiro precisa de atenção aos incidentes cibernéticos, diz Banco Central
O sistema financeiro brasileiro está cada vez mais digitalizado, mas com as novas tecnologias e facilidades surgem também novos riscos.
Segundo o Relatório de Estabilidade Financeira (REF), divulgado nesta quinta-feira (21) pelo Banco Central, o Pix continuou aumentando a sua relevância no país ao longo do primeiro semestre, ao fim do qual chegou a representar cerca de 24% do total de pagamentos do varejo.
Ainda de acordo com o relatório, o conjunto de regras, procedimentos e estrutura operacional voltados para o mercado financeiro (“Sistemas do Mercado Financeiro”) contribuiu para o funcionamento seguro e eficiente dos mercados no período, e o Banco Central não identificou problemas na fluidez do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) ou em outros setores.
“As liquidações do mercado interbancário deram-se sem nenhuma ocorrência significativa. As exposições de crédito e liquidez foram adequadamente gerenciadas pela Contraparte Central (CCP) em todos os dias do período”, disse o BC.
Já o impacto das enchentes do Rio Grande do Sul no Sistema Financeiro Nacional (SFN) foi menor do que se esperava, o que foi atribuído a medidas do próprio BC e do Conselho Monetário Nacional (CMN), que “evitaram ônus desnecessários a cidadãos e empresas.”
“Não se percebem alterações sistemicamente relevantes nas captações, na liquidez ou no risco de crédito das entidades supervisionadas que atuam no RS”, disse o relatório.
“Especificamente em relação ao setor agropecuário, as perdas com pagamentos de coberturas pelo Proagro foram significativamente inferiores às perdas provocadas pelas secas de 2022 e 2023.”
Apesar da estabilidade do sistema e do avanço do Pix, o BC também levantou, no relatório, alguns pontos de atenção para as instituições financeiras, com o objetivo de garantir a estabilidade do sistema.
O BC fez uma avaliação com oito instituições sistemicamente relevantes e constatou elevada maturidade na gestão de crises tecnológicas e cibernéticas.
Porém, foram identificados também desafios, com destaque para a realização de exercícios cibernéticos para capacitar as instituições a responderem de forma coordenada em caso de crises sistêmicas, a manutenção do treinamento do corpo funcional para lidar com crises e a necessidade de aprimorar o tratamento de incidentes relevantes ocorridos em provedores terceirizados.
“Em linha com essas preocupações, o BC pretende desenvolver uma série de ações nos próximos anos com foco em aprimorar a resiliência operacional do setor financeiro, com destaque para ações de conscientização e execução de exercícios cibernéticos integrados.”
*Com informações do Estadão Conteúdo.