PF descobre tráfico de mulheres com transações em criptomoedas e deflagra operação
A Polícia Federal do Brasil descobriu um esquema de tráfico de mulheres do país para outros, após a denúncia da mãe de uma das vítimas, por meio de uma falsa agência de modelos do Rio de Janeiro.
Assim, com a Operação Catwalk, agentes da PF apuram os crimes de tráfico internacional de mulheres para fins de exploração sexual, praticado por organização criminosa. Por sorte, com a denúncia, a mãe conseguiu interceptar o envio de sua filha para o exterior, após ação rápida dos agentes da PF.
Além do cumprimento de mandados judiciais, foram aplicadas medidas cautelares, como apreensão de passaportes, proibição de emissão de novos documentos de viagem e sequestro de bens. Os investigados também foram proibidos de acessar redes sociais e de se comunicarem entre si.
Entenda os detalhes da Operação Catwalk deflagrada pela PF para acabar com tráfico internacional de mulheres por meio de falsa agência de modelos
A investigação teve início após a denúncia de uma mãe em São José dos Campos, cuja filha foi recrutada por essa suposta agência sediada no Rio de Janeiro. A organização atraía garotas prometendo carreiras de modelo no exterior, mas, na realidade, mantinha as vítimas sob exploração sexual em regime de coação e fraude.
As jovens tinham seus passaportes retidos e eram levadas inicialmente para Dubai, onde permaneciam até uma nova seleção. As aprovadas eram enviadas para a Arábia Saudita, além de países da Europa, Ásia e Estados Unidos, onde ficavam por até 180 dias.
No exterior, as vítimas eram completamente monitoradas e viviam uma rotina de aparente luxo, com incentivos para postar fotos em redes sociais que retratavam uma vida glamourosa, mas ocultavam os abusos sofridos. A estratégia, inclusive, também era usada para atrair novas vítimas para o esquema.
Os contratos assinados pelas jovens continham cláusulas abusivas, como multas milionárias e a obrigatoriedade de exames de doenças sexualmente transmissíveis, criando barreiras para que desistissem.
Criminosos utilizavam depósitos em criptomoedas em transações, diz PF
As investigações identificaram 10 vítimas e revelaram que dezenas de mulheres eram enviadas mensalmente pela rede criminosa. Um dos casos envolveu ameaça e agressão física para garantir o pagamento das comissões, que chegavam a 60% do valor arrecadado pelas atividades forçadas.
Além disso, os financiadores utilizavam criptomoedas para dificultar o rastreamento das transações. Foi constatado ainda que as agenciadoras já atuavam com exploração sexual dentro do Brasil antes de expandirem para o esquema internacional.
Durante a operação, a Polícia Federal conseguiu interceptar o envio da filha da denunciante, evitando que ela fosse submetida à exploração. A falsa agência de modelos, que servia apenas como fachada para o esquema, foi desmascarada, e o caso expôs a complexidade e crueldade de uma rede que explorava vulneráveis sob a promessa de oportunidades no exterior. Com informações da PF em São Paulo.