Petrobras vai reduzir preço do gás natural em 1,41%, a partir de novembro, diz diretor
Os preços do gás natural serão reduzidos pela Petrobras em 1,41%, a partir de novembro, por causa do efeito da queda das cotações do dólar e do petróleo do tipo Brent nos últimos três meses, disse, nesta segunda-feira (14), o diretor de transição energética e sustentabilidade da estatal, Mauricio Tolmasquim.
Segundo ele, que participou de entrevista coletiva com jornalistas em comemoração dos 71 anos da Petrobras, os novos preços vão valer para o trimestre iniciado em novembro. Com o reajuste, os preços do gás natural somam uma redução de 17% desde janeiro de 2023.
Além disso, contou o executivo, a petroleira aprovou a oferta de novos modelos de contratos de gás com as distribuidoras estaduais, que garantem mais flexibilidade de prazos e indexadores, entre outros parâmetros.
Antes, ele afirmou, a empresa oferecia 20 combinações de contratos, mas com a aprovação pela diretoria da companhia, serão oferecidas 48 combinações de contratos para as distribuidoras, permitindo um modelo quase personalizado (“taylor made”).
Outra iniciativa da Petrobras, disse, foi a criação de um prêmio de incentivo à demanda para as distribuidoras.
De acordo com Tolmasquim, a empresa vai oferecer preços 10% inferiores aos valores de referência para empresas que registrem consumos acima do compromisso mínimo fechado com os respectivos clientes.
Tolmasquim contou ainda que a Petrobras tem atuado para criar uma carteira de clientes que têm apostado no mercado livre de gás, modelo semelhante ao do setor elétrico, que permite a escolha do fornecedor do insumo.
Segundo ele, a empresa possui uma refinaria (Acelen), três siderúrgicas e duas termelétricas que contratam o gás natural da deve anunciar novo contrato firmado com um grande consumidor de gás natural, cujos detalhes estão sendo acertados.
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, destacou que a empresa vem se mobilizando na intenção de aumentar a oferta de gás no Brasil e reduzir os preços cobrados pelo insumo. Ela observou que, embora atualmente não consiga, a empresa tem trabalhado para buscar endereçar gás mais barato para segmentos como petroquímica, fertilizantes e indústria química, cujos gastos com a compra do produto podem representar cerca de 40% do custo final de produção.
“Com o preço adequado, o Brasil pode triplicar a capacidade de absorção de gás. Queremos ganhar escala e fazer dinheiro com esse mercado imenso, não queremos abrir mão desse mercado para ninguém”, disse Chambriard.
Ela contou ainda que a Petrobras olha para plataformas que estão instaladas e em produção no pré-sal, especialmente no campo de Búzios, que não permitem a exportação de gás natural para a costa brasileira. “Estamos revendo esse cenário, de poços que eventualmente podem ter ficado para trás e não terem sido aproveitados”, afirmou a executiva.
Eólicas
Tolmasquim contou ainda que a empresa reduziu o ritmo de estudos e avaliações para eólicas marinhas (offshore), porque ainda não há uma regulamentação em vigor. Além disso, o custo da eólica offshore ainda é muito mais elevado em comparação com usinas terrestres (onshore).
Ele disse que a empresa já tem vários projetos de eólicas e solares “engatilhados”, com parceiros definidos e investimentos aprovados, mas que ainda não saíram do papel por causa dos preços da energia elétrica, que vinham em patamares baixos de modo que inviabilizavam quaisquer iniciativas. Porém, já se nota uma reversão do cenário, com aumento dos preços da energia nos últimos meses.
Além disso, há a necessidade de existir demanda de eletricidade que justifique os projetos. “Falta demanda, temos sobreoferta e preços muito baixos, mas que estão caminhando para [os projetos] ficarem de pé”, observou.
Tolmasquim disse ainda que no dia 3 de outubro, a Petrobras foi chamada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para gerar 4 gigawatts (GW) de energia, maior valor desde a crise energética de 2021. Algumas delas, disse ele, estão com contratos de eletricidade chegando ao fim.
O executivo contou que a Petrobras está “ansiosa” para que o governo agende a realização do leilão de reserva de capacidade, modalidade de remuneração de térmicas para segurança energética.
Também presente à coletiva, o diretor de processos industriais e produtos da não tem mais “interesse ferrenho” em recomprar as refinarias Reman (AM) e Mataripe, negócios esses que estão sendo analisados “como qualquer outro” que é oferecido à estatal. No caso de Mataripe, o executivo reiterou: “Se for interessante, vamos negociar com eles.”
Dividendos
Já o diretor-executivo e de relações com investidores da Petrobras, Fernando Melgarejo, confirmou que o anúncio do plano estratégico e de negócios 2025-2029 será anunciado pela companhia no fim de novembro, e que a distribuição de dividendos extraordinários está sendo avaliada dentro do contexto do novo plano.
Um dos pontos em análise é qual deve ser o nível de caixa mínimo que será considerado para a distribuição de dividendos extras, atualmente de US$ 8 bilhões.
O executivo não quis antecipar números ou sinalizar tendência e disse que no caso dos dividendos ordinários, não há previsão de mudanças no modelo de distribuição.
Os dividendos extraordinários estão no radar do mercado desde a criação de uma reserva estatutária, no ano passado, para assegurar a remuneração aos acionistas.
14/10/2024 14:30:11
*Com informações do Valor Econômico