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Pessoas inteligentes conseguem investir melhor?

Uma das pessoas mais admiradas de toda a humanidade foi Albert Einstein. Criador da Teoria da Relatividade, um físico extraordinário. Um gênio sem dúvida. Estima-se que ele tivesse um quociente de inteligência (QI) entre 160 e 190.

O Quociente de Inteligência é uma medida padronizada criada no início do século XX. A maioria das pessoas tem QI entre 85 e 115

Para termos uma noção vejamos as categorias de QI e níveis de inteligência:

130-144: muito superior

145-159: excepcionalmente superior

160 e acima: gênio ou quase-gênio

Embora muita gente se classifique com QI acima de 150 basta ver uma briga de trânsito para entendermos que a média da população é mais baixa.

No entanto, hoje já há a compreensão de que essa medida de inteligência é limitada a certas capacidades cognitivas. Bem como não consegue capturar toda a complexidade da inteligência humana.

Teoria das inteligências múltiplas

Contribuindo com essa discussão, o professor de psicologia de Harvard Howard Gardner desenvolveu em 1983 a teoria das Inteligências Múltiplas. Está em seu livro “Frames of Mind: The Theory of Multiple Intelligences”.

Um conceito que desafia a visão tradicional sobre a inteligência e o teste QI. Isso ao admitir que a inteligência não é uma única capacidade geral. Mas sim uma coleção de diferentes tipos de inteligências.

A teoria proposta por Gardner surgiu a partir de diversas influências e origens.

Primeiro porque ele estava incomodado pela dominância da visão da psicologia sobre a inteligência, concentrada em medir as capacidades lógico-matemáticas e linguísticas das pessoas. Geralmente medidas por testes de QI que, segundo o autor, trata-se de um modelo limitado e que não consegue capturar as complexidades das capacidades humanas.

Então, Gardner se debruçou também sobre a psicologia cognitiva que indicam que diferentes tipos de inteligência refletiam diferentes maneiras de processar e aplicar conhecimentos.

Estudou a neuropsicologia e pesquisas com pacientes com lesões cerebrais, um dos pilares de sua teoria. Afinal, danos em partes especificas do cérebro afetavam certas habilidades, mas não outras.

Considerou, ainda, antropologia, diferenças culturais, criatividade, talento a teoria do desenvolvimento humano por sua visão do desenvolvimento humano como um processo dinâmico e contínuo.

Inicialmente, Gardner entendeu que a inteligência humana estaria dividida em sete tipos.

Quais são os tipos de inteligência?

Linguística

Capacidade de usar palavras de maneira eficaz, seja oralmente ou por escrito. Está diretamente relacionada à habilidade de aprender idiomas variados. Exemplos: poetas, escritores, advogados, tradutores.

Lógico-Matemática

Habilidade para raciocínio lógico, resolução de problemas matemáticos e pensamento analítico. Casos de matemáticos, cientistas.

Espacial

Competência de pensar em termos de espaço físico e de visualizar com precisão. Trata da capacidade de compreensão, reconhecimento e manipulação de situações que estejam considerando a visão como fator determinante. Como arquitetos, artistas.

Corporal-Cinestésica

Aptidão de usar o corpo de maneira habilidosa para expressar emoções, para realizar atividades físicas ou construir algo, como montar um brinquedo até contribuir na construção de uma casa São exemplos: dançarinos, atletas.

Musical

Capacidade de perceber, discriminar, transformar e expressar formas musicais, compor ou tocar . Chamada de talento musical. Podem ser destacados músicos, compositores.

Interpessoal

Conhecimento de entender e interagir eficazmente com os outros. Ligada ao entendimento das intenções e desejos das pessoas. Como exemplos: professores, líderes.

Intrapessoal

Capacidade de entender a si mesmo, seus sentimentos e motivações. Temos neste caso: filósofos, psicólogos.

Posteriormente, Gardner acrescentou mais duas inteligências.

Naturalista

Qualidade de reconhecer, classificar e compreender os elementos do ambiente natural, como plantas e animais. Exemplos: biólogos, agricultores.

Existencial

Capacidade de refletir sobre questões fundamentais da existência, como o significado da vida e a morte.

Evoluindo o seu trabalho, Gardner considerou adequado manter as inteligências Interpessoal e Intrapessoal em uma única classificação.

E a inteligência financeira?

Acima de tudo, a teoria das Inteligências Múltiplas tem sido amplamente discutida e aplicada em vários contextos. Justamente por sua visão mais ampla e diversificada das capacidades humanas,.

Em suma, cada pessoa pode ter um conjunto único de talentos e habilidades.

Recentemente, chamou a atenção que a cantora Alanis Morissette perguntou a Gardner, em programa de seu podcast, se a inteligência financeira poderia ser acrescentada à sua lista de inteligências.

Alanis justifica a sua pergunta assim: “Acho que inteligência financeira é uma inteligência. Parece ativismo ser uma mulher empoderada em relação ao dinheiro e bem-informada sobre ele, e estar entrando na cadeira do empreendedorismo.”

A resposta de Howard Gardner foi que seria fácil pensar em outras inteligências possíveis. Seja financeira, culinária ou tecnológica.

Mas o desafio é mostrar que o conjunto existente de inteligências na teoria das Inteligências Múltiplas, que tem anos de trabalhos de pesquisa, é incapaz de explicar um comportamento humano significativo. 

No entanto, para Gardner, o que Alanis descreve como “inteligência financeira” é, na verdade, uma combinação de outras inteligências existentes.

Por exemplo, ter um bom conhecimento de sua própria situação financeira e entender como investir, fazer orçamento. Entraria na inteligência lógico-matemática.

Contudo, caso Alanis esteja falando sobre ser um empreendedor de sucesso, então outras inteligências podem entrar em jogo.

Por exemplo, pode ser exigida a inteligência intrapessoal para entender as próprias metas financeiras, necessidades e prioridades. Da mesma forma, a inteligência linguística ao tratar de seu negócio e se comunicar com os outros. Ou até mesmo tendo que entender o mercado e sua estrutura.

Inteligência ajuda a investir melhor?

No entanto, o conceito de inteligência financeira é algo desenvolvido por diversos autores, como Robert Kiyosaki, autor do livro “Pai Rico, Pai Pobre”. Que destaca a importância da educação financeira.

Para o autor, a “inteligência financeira é mais importante do que dinheiro.”

É algo crucial para as pessoas atingirem um alto grau de bem-estar econômico e, assim, alcançando sua liberdade financeira. A inteligência financeira trata da nossa capacidade de administrar bem nossos recursos financeiros, conseguir entender e aplicar conceitos de economia.

Assim como conhecer sobre investimentos, produtos financeiros, orçamento familiar e planejamento financeiro. Além da importância da visão de longo prazo para alcançar a segurança financeira.

O desenvolvimento de nossa inteligência financeira depende de estratégias como:

Educação financeira: aprender sobre como investir, poupar, realizar planejamento financeiro e gestão de riscos.

Pensar no longo prazo: como aplica recursos em ativos que ofereçam potencial de crescimento ao longo do tempo.

Orçamento familiar: construir e seguir um orçamento, definir objetivos e metas financeiras, e planejar para o futuro.

Diversificação de investimentos: buscando reduzir riscos e aumentando a esperança de retorno.

Construção de renda passiva: investir em ativos que geram renda passiva.

O desenvolvimento de inteligência financeira deve ser acessível a todos. De forma a permitir que as pessoas tomem decisões mais informadas e responsáveis, particularmente no contexto da realidade brasileira.

Uma novidade: a Inteligência Artificial

Agora, a Inteligência Artificial pode desempenhar um papel importante no desenvolvimento da inteligência financeira de várias maneiras. Permitindo que as pessoas tenham melhor compreensão de suas finanças, planejando, gerindo, poupando e investindo recursos de maneira mais eficiente.

Dessa maneira, a IA pode trazer educação financeira acessível e personalizada, permitir investimentos por meio de robo-advisors, ajudar no planejamento financeiro com aplicativos de gestão financeira e serviços bancários integrados.

Facilitar a gestão de carteiras, análise de mercado e tendências, trazer maior grau de segurança e, inclusive aumentado a inclusão financeira.

Gardner reconhece o potencial da IA, mas se preocupa com a forma como ela pode ser usada. Para ele, a IA deve ser desenvolvida e aplicada de maneira que respeite a complexidade e a riqueza da experiência humana.

O que é ser inteligente financeiramente?

Um exemplo de inteligência financeira, sem dúvida alguma, é Warren Buffet que levou a sua holding ao exclusivo clube das empresas com mais de US$ 1 trilhão de valor. A primeira empresa fora da área de tecnologia a atingir esse patamar.

A Berkshire Hathaway passa a ser a sétima integrante desse clube, os outros participantes são Apple, Microsoft, Alphabet (Google), Amazon, Meta (Facebook) e Nvidia.

Buffett obteve a participação majoritária da holding em 1965, investindo em vários negócios. A holding cresce a uma média de 20% ao ano. Em 2024 as ações do conglomerado subiram mais de 28%, enquanto S&P 500 teve um ganho de 18%.

Certamente apostar nas bets não está no rol das inteligências financeiras. Apostar por natureza tem alto risco de perda e podem encorajar o comportamento impulsivo, tentar recuperar perdas pode levar a um ciclo de maiores perdas e até mesmo a dependência.

A despeito das apostas poderem oferecer uma forma de entretenimento para alguns, elas não são práticas que permitem o desenvolvimento da inteligência financeira.

Mas, de nada adianta ter inteligência financeira se não tivermos sabedoria para a tomada de decisões ponderadas.

Ter inteligência financeira é saber usar o dinheiro para o próprio bem e dos outros.

Como diz o Papa Francisco: é saber o valor humano entendendo que “o dinheiro deve servir, não governar.”

Saber que “quando investimos nas pessoas e em seu futuro, estamos fazendo o investimento mais duradouro.”

Inteligência financeira é ter valores éticos, sociais e ambientais para promover um desenvolvimento sustentável e inclusivo.

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