O que acontece com a Hypera (HYPE3)? Com dívidas altas e ações em queda, farmacêutica anuncia nova estratégia de capital, interrompe guidance e vai recomprar ações na B3
Uma das principais empresas farmacêuticas do Brasil encontra-se em busca de um remédio para tratar sua saúde financeira. A Hypera (HYPE3) anunciou na última sexta-feira (18) que, após discussões no Comitê de Estratégia e aprovação do Conselho de Administração, iniciará um processo de otimização de capital de giro.
A estratégia de otimização de capital de giro inclui a redução do prazo de pagamento concedido aos clientes, com a expectativa de aumentar a geração de caixa operacional em até R$ 2,5 bilhões até 2028 e R$ 7,5 bilhões nos próximos 10 anos.
A expectativa é que a otimização de capital de giro termine até o quarto trimestre do ano que vem — ou seja, 2026 seria o primeiro ano completo com a nova estratégia.
Por trás da decisão da Hypera (HYPE3)
Segundo a empresa, essa medida visa proporcionar maior flexibilidade financeira para capturar oportunidades de crescimento, além de melhorar a eficiência operacional da companhia.
De acordo com a Hypera, um dos motivos para a decisão foi a perspectiva de taxa de juros em patamares ainda elevados no médio prazo.
Afinal, atualmente a empresa encontra-se bastante alavancada, com uma posição de dívida líquida sobre o Ebitda em 2,5 vezes no segundo trimestre e R$ 900 milhões e R$ 2,5 bilhões em despesas financeiras líquidas nos últimos 12 e 36 meses, respectivamente.
“A companhia reforça que esta decisão não altera o foco na sua estratégia de crescimento do sell-out, que, já no terceiro trimestre e em outubro de 2024, teve um crescimento de aproximadamente 11% e 13%, respectivamente”, disse, em fato relevante enviado à CVM.
A companhia afirmou que continuará investindo na diversificação do portfólio através de inovação e desenvolvimento de novos produtos e na aceleração do mercado institucional.
Hypera (HYPE3) sem guidance
No entanto, a Hypera (HYPE3) ligou um alerta entre os investidores ontem. Em meio à nova estratégia de otimização de capital, a empresa anunciou a descontinuidade das projeções financeiras (guidance) para 2024.
Até então, a empresa previa para este ano:
- Receita líquida estimada em R$ 8,6 bilhões
- Ebitda ajustado das operações continuadas em R$ 3 bilhões
- Lucro líquido das operações continuadas em R$ 1,85 bilhões
Mas enquanto as estimativas para 2024 foram suspensas, a companhia divulgou, preliminarmente e de forma não auditada, as prévias do balanço do terceiro trimestre.
Vale destacar que os números estão sujeitos a revisão até a divulgação oficial do resultado, marcada para 13 de novembro de 2024. Você confere aqui a agenda completa do 3T24.
Segundo a prévia, a Hypera (HYPE3) teve um lucro líquido estimado em R$ 370 milhões entre julho e setembro.
Já do lado do faturamento, a receita líquida foi de cerca de R$ 1,9 bilhão no mesmo período.
Por sua vez, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) — indicador usado para mensurar a capacidade de geração de caixa de uma empresa — ficou em torno de R$ 561 milhões.
Recompra de ações
A Hypera (HYPE3) ainda informou que o conselho de administração aprovou um programa de recompra de até 30 milhões de ações na bolsa.
A cifra equivale a cerca de 7,49% do total de ações atualmente em circulação no mercado, de 368.277.982 papéis.
O programa teve início na última sexta-feira (18) e poderá se estender por até 18 meses, até 18 de abril de 2026.
Existem diversos motivos que levam uma empresa como a Hypera a aprovar um programa de recompras como esse. Entre eles, estão:
- A empresa acredita que suas ações estão baratas ou mal avaliadas pelo mercado;
- A companhia precisa distribuir ações aos executivos como bônus e não quer emitir novos papéis;
- Ela quer gerar valor ao acionista que continua em sua base, apesar da instabilidade do mercado.
Quando uma companhia recompra suas ações em programas como esse, os papéis deixam de circular na bolsa de valores e passam a ser mantidos em tesouraria.
A Hypera não revelou a razão por trás da aquisição dos papéis. No entanto, é preciso destacar que as ações acumularam desvalorização da ordem de 26% só neste ano.
*Com informações do Money Times e do Broadcast.