Morgan Housel fala sobre relação de analistas com investidores
Guru dos investimentos populares do distrito de Wall Street à avenida Faria Lima, o autor best-seller Morgan Housel, acostumado a se debruçar sobre emoções e psicologia dos investimentos, diz que há um grande ponto fraco na relação dos analistas e assessores de investimento com seus clientes, o investidor pessoa física, no modelo atual.
Hoje, muitos analistas se escondem atrás de jargões e querem mostrar o quão espertos são aos investidores pessoa física, mas “o tiro costuma sair pela culatra na maioria dos casos”, diz Morgan Housel em entrevista exclusiva à Inteligência Financeira. Para o autor, isso induz o investidor a armadilhas.
Os livros de Morgan Housel são populares dentre os que procuram entender sobre finanças e o processo de tomada de decisão de tudo que envolve o bolso. Não só no Brasil, mas no resto do mundo.
“Sempre quis contar histórias que achei interessante sobre dinheiro e investimentos”, diz o autor à reportagem.
“Mas sempre de uma maneira que eu mesmo gostaria de ler. Eu tomei um voto de fé e pensei ‘se eu gosto disso, outras pessoas devem gostar’.”
Housel encontrou sucesso nos Estados Unidos, tornando-se um autor best-seller do New York Times. Seus dois livros, ‘A psicologia financeira’ e ‘O mesmo de sempre’ entraram na lista de mais vendidos do jornal norte-americano.
Aqui no Brasil, o autor ocupa atualmente a 11ª posição de livros mais vendidos no site da Amazon. Na categoria de obras sobre economia e finanças, Morgan Housel só perde em vendas para Robert Kiyosaki, autor de ‘Pai Rico, Pai Pobre’.
Investimentos são para qualquer um entender, diz Morgan Housel
Para Housel, muitos profissionais de investimento “querem mostrar o quão espertos são e fazem uso de jargões, gráficos e dados para isso”.
Se você é um investidor pessoa física, é fácil de ficar perdido no meio da sopa de letrinhas do mercado financeiro. E o uso dos jargões, na visão do autor, é proposital. Porque assim os investidores de varejo não entendem os profissionais.
“Do ponto de vista do investidor, ou ele lê e ouve esses termos e pensa ‘isso é muito complexo para que eu entenda’, ou ele pensa ‘esse analista é muito mais esperto que eu, vou investir todo meu dinheiro com ele e confiar nele’”, pondera.
“E nenhuma dessas duas alternativas é positiva”
Ainda de acordo com Morgan Housel, é necessário explicar investimento e finanças de uma forma que todos possam entender. “E acho que isso é possível com quase tudo em finanças.”
Nem ChatGPT, nem Marte: para Housel, há 1 tendência no futuro
O autor de ‘Psicologia das Finanças’ vê a queda da população mundial como a principal e mais certeira tendência do futuro. Com ela, vem a desaceleração da economia global.
O Fundo Monetário Internacional projeta um crescimento do PIB global de 3,2% neste ano. Em 2025, o FMI revisou estimativas de crescimento da economia global de 3,3% em junho para 3,2% em outubro.
“Tecnologias são sempre difíceis de prever”, diz Morgan Housel sobre o advento de AI ou eventos como pandemias e guerras.
“Mas uma coisa que está com certeza acontecendo nos Estados Unidos e na grande maioria dos países desenvolvidos é que o crescimento demográfico vai piorar muito nos próximos 50 anos”, continua.
“Há 4 anos, a maioria dos americanos nunca tinha ouvido falar na Nvidia. Hoje é a companhia mais valiosa do mundo, avaliada em US$ 4 trilhões. As coisas mudam muito rápido”
Housel descreve o crescimento populacional como um elemento de aceleração da economia. Então é “quase uma certeza” de que o crescimento econômico também vai erodir como consequência.
“O crescimento demográfico para países desenvolvidos é uma das variáveis que podemos prever com maior precisão”, conclui Morgan Housel.