Mercado vive excesso de oferta de energia com ‘subsídios inadequados’, diz CEO da Engie
Em encontro com investidores para apresentar os planos da empresa, o CEO da Engie Brasil Energia, Eduardo Sattamini, afirmou que o setor elétrico brasileiro enfrenta um cenário de excesso de oferta de energia, impulsionado por “subsídios inadequados”. Esse desequilíbrio resulta do crescimento acelerado da capacidade de geração, que tem superado significativamente o aumento da demanda.
“Tomamos a decisão de investimento sabendo que entraremos em um mercado sobreofertado, que haveria uma ‘barriga’ de preços, que ia viver “curtailment” [corte de geração por falta de demanda], que haveria desequilíbrio entre oferta e demanda.”
Segundo o executivo, esse excesso de oferta se deve a uma política de subsídios e alocação inadequada de recursos no setor. Com tanta energia disponível, os preços no mercado de curto prazo caíram a ponto de inviabilizar o custo marginal de expansão, e algumas empresas já estão revendo seus planos de negócio.
A decisão da Engie em apostar em novos projetos em um contexto difícil, segundo o executivo, é que a empresa acredita que, no médio prazo, haverá uma recuperação do mercado com níveis de preços condizentes com o custo marginal de expansão.
O diretor de regulação e mercado, Marcos Keller, acrescenta que os cortes de geração por falta de demanda, necessidade de confiabilidade e indisponibilidade de rede são decididos pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e reflexos dos subsídios, como o dado ao setor de geração distribuída (produção descentralizada de energia elétrica próxima ao local de consumo, geralmente por fontes renováveis, como solar, conectadas à rede elétrica).
Apagão de agosto de 2023
O apagão do dia 15 de agosto de 2023 deixou o ONS mais conservador, levando-o a limitar a transmissão de energia renovável do Nordeste para o resto do Brasil. Keller acrescenta outra razão dos cortes.
“Um dos causadores do ‘curtailment’ é a geração distribuída. Não estamos cortando ela fisicamente pela pulverização, mas podemos cortar economicamente e trazê-la para fazer parte do rateio de custos [do setor elétrico]”, diz.
*Com informações do Valor Econômico