Mercado de trabalho tem recorde de carteiras assinadas
O mercado de trabalho brasileiro registrou, no trimestre encerrado em outubro, o recorde tanto para o número de trabalhadores com carteira assinada, quanto para a quantidade de trabalhadores sem carteira.
A Pnad Contínua Trimestral, divulgada nesta sexta-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que o contingente de trabalhadores com carteira assinada no país era de 39,021 milhões, recorde da série iniciada em 2012 e 1,2% a mais que no trimestre anterior.
Os trabalhadores sem carteira assinada, por sua vez, somaram 14,433 milhões no trimestre terminado em outubro, também recorde e alta de 3,7% sobre o trimestre anterior.
Os trabalhadores por conta própria somaram 25,678 milhões, alta de 1% ante o trimestre anterior e perto do recorde de 25,873 milhões, registrado em 2022.
Os trabalhadores informais como um todo – que consideram os sem carteira, os conta própria, o doméstico sem carteira, o empregador sem CNPJ e o trabalhador familiar auxiliar – fecharam o trimestre encerrado em outubro com contingente de 40,281 milhões, 2,1% a mais que no trimestre anterior e também recorde da pesquisa.
Com isso, a taxa de informalidade atingiu 38,9% da população ocupada, alta de 0,2 ponto percentual ante o trimestre anterior.
“Há atividades em expansão cuja entrada é mais feita à informalidade, mas também tem expansão de atividades caracterizadas pela formalidade. Os dois segmentos estão em expansão, o formal e o informal”, diz Adriana Beringuy, coordenadora da Pnad Contínua.
Rendimento pode sinalizar desaceleração
O mercado de trabalho segue firme e sem sinais de desaceleração, avalia o economista Rodolpho Tobler, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre FGV Ibre).
Ao contrário da expectativa de desaceleração na segunda metade do ano, a geração de empregos segue em alta e foi capaz de derrubar a taxa ao menor nível da série histórica mesmo descontando efeitos sazonais.
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), a taxa de desocupação caiu a 6,2% no trimestre encerrado em outubro, de 6,4% no trimestre encerrado em setembro. O resultado é o menor da série histórica e veio em linha com a mediana das projeções coletadas pelo VALOR DATA, que tinham intervalo entre 6,0% e 6,3%.
“Havia expectativa de que a geração de vagas começasse a desacelerar, mas isso não tem ocorrido mesmo com alta na taxa de participação. Há um saldo de 3,4 milhões de vagas entre outubro de 2023 para outubro de 2024”, nota Tobler.
“Embora nos últimos meses o mercado informal tenha puxado mais vagas, o ano segue sendo de bom crescimento dos empregos formais, que ajudam a puxar o crescimento da renda.”
O único contraponto a esse cenário de expansão é o desempenho da renda, diz o pesquisador. O rendimento médio mensal habitualmente recebido subiu 0,8% no trimestre encerrado em outubro, dado que é classificado como estabilidade pelo IBGE.
“É um movimento ainda incipiente. O Caged dá sinais de desaceleração há algum tempo, mas na Pnad isso ainda não fica claro, até porque o Caged olha só o mercado formal”, diz Tobler.
Em sua avaliação, a perspectiva segue sendo de alguma desaceleração da geração de vagas, mas este movimento ainda depende de algo parecido com o restante da economia, salienta.
“Esperávamos um ritmo menor de atividade no segundo semestre, mas isso também não tem acontecido. O monitor do PIB da FGV prevê alta de 1,0% no terceiro trimestre, então é possível que esse movimento dure mais alguns meses”, diz.
Com informações do Valor Econômico