Magazine Luiza (MGLU3) volta ao lucro no 3º trimestre
O Magazine Luiza (MGLU3) voltou ao lucro líquido no terceiro trimestre, quando o montante atingiu R$ 102,4 milhões comparado prejuízo líquido de R$ 498,3 milhões no ano anterior. Ao se considerar o valor ajustado (desconta os efeitos não recorrentes), a perda de R$ 143,3 milhões virou lucro de R$ 70,2 milhões.
O resultado está acima da projeção do mercado — casas de análise estimavam valores entre R$ 10 milhões e R$ 33 milhões para o lucro ajustado.
Para a linha de receita líquida, em R$ 9 bilhões, alta de 4,9%, os números da rede ficaram dentro das projeções de mercado, de bancos como BTG, UBS e Santander.
A margem bruta da rede atingiu 31,5%, crescendo de 1,1 ponto frente ao ano anterior. E a margem Ebitda encostou nos 8%, chegando a 7,9% (não ajustada), perto de patamar anterior a pandemia. Apesar de não dizer que buscava voltar aos 8%, a empresa já havia sinalizado intenção de voltar aos níveis pré-crise.
MGLU3 no 3T2024
Maior varejista on-line de capital nacional, o Magalu lucrou mais porque diluiu despesas operacionais, reduziu despesas financeiras e conseguiu cortar custos de produtos. Isso ocorreu com a receita líquida ainda crescendo um dígito, abaixo do potencial da companhia e do concorrente Mercado Livre.
A varejista focou seus esforços em gerar margem e caixa nos últimos trimestres, após o aumento na taxa Selic que afetou duramente o varejo a partir de 2021, e essa estratégia se repetiu de julho a setembro, mesmo que esse movimento não levasse a uma venda forte.
Há uma expectativa do mercado que a empresa volte a acelerar mais vendas no ano que vem, para que consiga crescer gerando maior escala e diluindo despesas via expansão.
No trimestre, a receita líquida alcançou de R$ 9 bilhões, aumento de 4,9%, para uma inflação acumulada em 12 meses de 4,42%.
Em termos de vendas totais transacionadas pelo grupo (considera itens próprios e de lojistas da plataforma), foram R$ 15,5 bilhões, alta de 4,5%.
Dentro desses número de vendas totais, o on-line teve um desempenho pior que as lojas físicas, esta com expansão de dois dígitos.
É um movimento oposto de trimestres atrás, quando a loja do Magalu tinha desempenho mais fraco que o digital.
Houve um aumento de 1,3% na venda do site e aplicativos, para itens da empresa e de terceiros, e as lojas físicas avançaram 13,3% — frente a uma base um ano atrás de lojas crescendo 2,3%.
No comércio eletrônico, é um ritmo abaixo do Mercado Livre, líder do setor, que cresceu 34% em vendas totais no país, portanto, com o “gap” de crescimento entre as empresas sendo mantido no trimestre.
No terceiro trimestre, houve maior diluição de despesas, ganho de alavancagem operacional e menor pressão na linha financeira, que é afetada pela taxa Selic.
O percentual das despesas operacionais ajustadas em relação à receita líquida foi de 23,9% de julho a setembro, redução de 0,9 ponto percentual.
As despesas financeiras líquidas totalizaram R$ 360,1 milhões, ou 4% da receita líquida, recuo de 1,3 ponto devido à evolução do fluxo de caixa, melhoria na estrutura de capital e recente redução da taxa de juros (Selic).
O Magalu vem gerando caixa nos últimos trimestres, após um período na pandemia em que consumiu recursos, e acredita que esse processo pode melhorar sua estrutura de capital. A empresa tem vencimentos de dívidas em 2025, de R$ 400 milhões em julho e R$ 1,9 bilhão no quarto trimestre do ano que vem.
Questionado se iniciou tratativas com bancos para renegociar linhas que vencerão no ano que vem, o diretor executivo de finanças, Roberto Bellissimo, diz que a estratégia é continuar gerando caixa para reduzir endividamento.
Bellissimo diz que 50% do Ebitda da rede, que mede lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação “paga” as despesas financeiras hoje e na pandemia, esse percentual chegava a 95%.
“Vamos continuar reduzindo esse endividamento internamente. Queremos ir diminuindo esses 50% para patamares mais baixos. Não estou dando ‘guidance’ aqui, mas na pandemia isso variava de 20% a 30%”, disse ele.
A geração de caixa operacional foi de R$ 571 milhões no trimestre. Nos últimos 12 meses, essa soma atingiu R$ 2,4 bilhões, quase o triplo do total registrado no ano anterior.
O capital de giro apresentou uma melhora de R$ 98 milhões em relação a junho de 2024.
O Magalu encerrou setembro com uma posição de caixa total de R$ 6,6 bilhões, abaixo dos R$ 8 bilhões de um ano atrás.
“Esses R$ 6,6 bilhões seriam R$ 9,6 bilhões se não fosse a redução de R$ 3 bilhões do endividamento com os pagamentos de dívidas [debêntures e notas promissórias] que fizemos neste ano [de janeiro a março].”
De julho a setembro, a rede também recomprou cerca de R$ 100 milhões de dívida (referentes à 10ª emissão de debêntures), além de aportar R$ 300 milhões na LuizaCred (foram outros R$ 200 milhões injetados no segundo trimestre)
Perguntado sobre retorno do crescimento da rede via alta da receita em níveis maiores que o atual, Bellissimo diz que há espaço para um aumento nesse ritmo em 2025, sem perda de margem, por meio da aceleração do ecossistema da empresa.
Diz que as medidas tomadas nos últimos trimestres, como lançamento do serviço de nuvem (Magalu Cloud), a expansão da receita com publicidade digital (Magalu Ads), a parceria com a AliExpress na venda de produtos pelo marketplace, por exemplo, deve ajudar nessa retomada da venda mais rápida — algo que analistas já destacaram em relatórios passados.
Ele ainda cita o ambiente de retomada de crédito já citado recentemente por seu parceiro no cartão de crédito, o Itaú, o que também pode ajudar nessa conta.
O executivo diz que apesar da alta de cerca de 5% na receita não ser “tudo isso”, a empresa conseguiu vender mais, ganhando margem e ampliando nível de serviço, medido pelo NPS — todas variáveis difíceis de se equilibrar.
“Quando se tenta vender mais, pode se promocionar mais e isso afetar margem, então é muito difícil os dois [indicadores] subirem. O que vemos espaço é de manter esse equilíbrio e melhorar isso após 2025”.
Com informações do Valor Econômico