Jovens deixam ‘rolês’ para poderem investir
A procura por educação financeira nas redes sociais leva os jovens a mudar de comportamento com relação ao próprio dinheiro. Para muitos, os gastos desnecessários e o não guardar dinheiro ficaram no passado. Os jovens buscam por mais informação sobre o mercado financeiro para manter o compromisso de pensar no futuro, apesar do longo caminho que isso ainda deve levar.
É o que aponta a pesquisa “Quem são os jovens investidores brasileiros?”, realizada pela Rico, da XP Investimentos, em agosto deste ano. O levantamento ouviu mais de mil homens e mulheres entre 24 e 35 anos, com qualquer tipo de investimento financeiro.
A busca por informação sobre investimentos continua concentrada nas redes sociais e em influenciadores digitais, com 52% dos entrevistados, seguido por cursos sobre investimentos (44%) e assessores financeiros (28%).
Mas o aprendizado ainda não chegou ao fim. Quase metade (46%) afirma que mais conhecimento sobre o mercado financeiro ajudaria a melhorar sua experiência como investidor, enquanto 17% gostariam de plataformas de investimentos mais simples e intuitivas.
Apesar de democratizar o acesso à educação financeira, as redes sociais, por outro lado, saturam o investidor com o excesso de informações. “É mais difícil encontrar uma agulha no agulheiro do que no palheiro. Muita informação dificulta achar aquela que você precisa”, afirma Antônio Sanches, analista da Rico. “A informação está tão espalhada que fica difícil achar uma trilha que leve do ponto A ao ponto B. Mas, às vezes, o investidor acaba pagando por uma informação para ter essa trilha para aprender de forma estruturada”.
Educação financeira nas redes sociais
Um exemplo de como os jovens estão cada vez mais comprometidos com as finanças é o surgimento de influenciadores digitais de faixas etárias diferentes. É o caso de Malu Lira. Aos 14 anos, ela já escreveu livros e se tornou influenciadora em educação financeira. Ela simboliza a mudança de perfil da nova geração de jovens com relação ao dinheiro.
“A gente fala que os jovens são o futuro. Então, precisamos ter esses cuidados desde agora para que a gente possa caminhar mesmo para um mundo melhor”, afirma.
“O mais importante é manter esse curso de boas influências. Eu vejo que precisamos dar mais apoio para esses jovens que buscam aprender mais sobre educação financeira para que não percam o interesse pelo assunto. E também levantar pessoas que sejam aptas a serem esses líderes para trazer essa influência positiva”, observa.
No dia a dia, Lira conta que cuida do próprio dinheiro em duas contas e prefere monitorar os investimentos por meio da boa e velha caneta e papel. “Uma conta é para montar meu patrimônio e outra é para fazer faculdade no exterior. Para acompanhar meus gastos e meus investimentos, apesar de toda a ajuda da minha assessoria de investimentos, eu prefiro fazer no papel. Eu gosto de anotar o quanto gastei em cada mês e o que sobrou para eu investir. O papel ainda é muito essencial para mim, apesar das planilhas online”.
Jovens mais preocupados
A pesquisa da Rico mostra que 48% dos jovens preferem não ir a ‘rolês’ no final de semana para manter o compromisso com os investimentos. Na sequência, 45% preferem não gastar sem necessidade e 37% evitam serviços de delivery.
Entre os entrevistados, 46% afirmam que investem regularmente, mesmo sem ser a principal prioridade do orçamento, enquanto 41% dizem que investir é a prioridade número um.
Mais de 65% dos jovens investidores fazem novos investimentos a cada mês, seguidos daqueles que afirmam que fazem os aportes a cada semana (18%) e a cada três meses (11%). A maioria dos entrevistados (79%) afirma que separa uma quantia mensalmente para investir, enquanto 21% investem de forma mais esporádica, conforme a pesquisa.
O rumo dos investimentos, contudo, segue atrativo na renda fixa até 2025, diz Antônio, em decorrência do ciclo de alta da taxa básica de juros, a Selic, que está em 10,75% ao ano. “Alguns dados chamam atenção, como o grande estoque da poupança, que é bem presente na carteira dos investidores”, avalia ele.
“Teremos uma mudança na renda fixa, porque aumenta a demanda, mas o prêmio diminui, o que aumenta a importância de o investidor ser seletivo ao escolher os produtos, para não assumir um risco desnecessário. O investidor tende a se especializar cada vez mais”.