Economia

Janja, Musk e a China de Xi Jinping

A primeira-dama Janja xingou o bilionário Elon Musk. Tudo fica pior porque ele será membro oficial do governo Donald Trump em breve. Musk respondeu em sua rede social particular. E o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tratou de colocar panos quentes na história às vésperas do G20 no Rio de Janeiro. É tudo o que você precisa saber sobre o assunto que dominou as redes sociais no último fim de semana. Como sempre, o foco deveria ser outro. A China.

Primeiro, vamos ao fato. E ele é econômico. A China é o maior parceiro comercial do Brasil. Dados da Apex indicam que a chamada corrente comercial entre os dois países saltou de US$ 6,6 bilhões em 2003 para US$ 157,5 bilhões no ano passado. Nesse período, as exportações brasileiras para a China acumulam quase US$ 900 bilhões.

Brasil, Estados Unidos e China

Então, os dados são da Apex, que os compilou a partir de informações de outros ministérios. E o estudo apresenta outro fato importante. Esses US$ 157,5 bilhões representam mais que o dobro do fluxo comercial com os Estados Unidos. Portanto, pelo viés econômico, não há dúvida. É melhor prestar atenção na China mais do que na América que novamente será comandada por Donald Trump. Por sua vez influenciada por Musk.

Mas há outro componente importante e intangível.

Ele se dá no campo da diplomacia e de estreitamento de laços. Assim, em artigo publicado na Folha de S.Paulo no dia 16 de novembro – enquanto Janja e Musk tentavam ‘lacrar’ a internet -, o presidente da República Popular da China, Xi Jinping, escrevia que os dois países devem “se unir mais estreitamente, ousar ser pioneiros e caçadores de ondas, e juntos abrir novas rotas de navegação que levam a um futuro mais belo que os povos dos dois países e a humanidade merecem”. Ele ainda citou um ditado chinês: “Em corrida de barcos, vencem aqueles que remam com força; em regata de veleiros, ganham aqueles que ousam avançar sob vela cheia”.

O fechamento de Donald Trump

Xi Jinping fala em caçar ondas ao lado do Brasil enquanto o presidente eleito dos Estados Unidos promete “fechar” seus mares.

Recente relatório sobre o cenário macroeconômico global, emitido no dia 18 de novembro pelo Itaú e assinado pelo seu economista-chefe, Mario Mesquita, deixa claro esse cenário. Espera-se a implementação de boa parte das propostas de tarifas comerciais.

Isso afeta a China e o Brasil. E simplificando um jogo que é político e mais complicado do que se faz crer, essa política trumpista pode levar a China a ampliar alianças bilaterais com países considerados estratégicos. Geograficamente, politicamente e até economicamente, é o caso do Brasil na América do Sul.

O medo do comunismo ficou para trás

Então, a chamada pauta brasileira de exportações para a China hoje está concentrada em três grupos de produtos. Soja, petróleo e ministério de ferro. De acordo com a Apex, eles são mais de 75% do total exportado para o país asiático.

Dessa forma, o desafio atual da relação sino-brasileira está na ampliação desse leque.

Um desafio bem diferente de cinquenta anos atrás. Em 1974 se estabeleceram as relações diplomáticas entre os dois países. Os militares que comandavam o país foram pragmáticos e colocaram de lado o medo do comunismo, aniquilado junto do fim dado às guerrilhas urbanas e rurais e com o esfacelamento dos partidos comunistas que já eram clandestinos antes do golpe militar de 1964.

Assim, diante de Janja e Musk, é melhor prestar atenção mais na China do que nas redes sociais. Só para variar um pouco.

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