Itaú (ITUB4): o que fazer com as ações após mais um balanço surpreendente? Veja a recomendação dos analistas
Nem sempre um bom barco navega em todos os ambientes com a mesma eficiência. Seja uma jangada ou um transatlântico, cada um tem seus pontos fortes e fracos, a depender da situação. Mas o Itaú (ITUB4) parece ser imune a todas as situações adversas que aparecem pelo caminho.
E quem diz isso não é este que vos fala, mas os analistas que cobrem o banco. Em seus respectivos relatórios, as instituições destacam o bom desempenho do Itaú no terceiro trimestre deste ano.
Mesmo antes da publicação dos resultados, o JP Morgan afirmou que o banco é um “bom ativo para todos os climas” e as expectativas de crescimento eram bastante altas.
A média das projeções coletadas pelo Seu Dinheiro apontava para um lucro líquido recorrente de R$ 10,424 bilhões no terceiro trimestre, com um ROE de 21,4%.
Na publicação dos resultados de ontem (4), o Itaú reportou um lucro líquido recorrente de R$ 10,675 bilhões, um aumento de 18,1% em relação ao mesmo período do ano passado, e um ROE de 22,7% no terceiro trimestre.
“Acreditamos que o trimestre reafirma a capacidade do Itaú de atender às expectativas com lucratividade bem acima das pares do setor privado. Mantemos a recomendação de compra”, dizem os analistas do Goldman Sachs.
A XP foi além nos elogios ao classificar o balanço como notável. “Um resultado para a história”, escreveram os analistas.
Por volta das 14h, as ações do Itaú (ITUB4) subiam 2,10%, negociadas a R$ 36,04. No ano, os papéis do maior banco privado brasileiro acumulam alta de 10,72%, segundo o Tradingview.
Itaú (ITUB4): uma lupa nos negócios
Antes do balanço, havia alguma preocupação em relação à margem financeira (NII, na sigla em inglês) dos clientes.
Entretanto, a linha que contabiliza o ganho do banco com a concessão de crédito menos os custos de captação avançou 8,5% na comparação com o mesmo período do ano passado, com uma melhora dos volumes, spreads e margem de passivos.
O resultado do Itaú também foi beneficiado pela reversão parcial das provisões que o banco incluiu no balanço após o calote da Americanas.
Assim, o chamado custo do crédito — que inclui as despesas com provisões — registrou uma queda de 11% em 12 meses, para R$ 8,2 bilhões.
O resultado foi impactado pela reversão de cerca de R$ 500 milhões
Vale lembrar que o Itaú tinha uma exposição de R$ 2,7 bilhões à Americanas e havia provisionado 100% do valor. No balanço deste trimestre, o banco reverteu R$ 500 milhões dessas provisões — ou seja, menos do que os 30% do valor dos créditos que recuperou da varejista, de acordo com os analistas do JP Morgan.
Até quando o Itaú vai manter o pé no acelerador?
O banco vem surpreendendo o mercado com resultados acima do esperado já há algum tempo. No entanto, ainda que os negócios sigam a todo vapor, as perspectivas para o futuro dificultam um otimismo exacerbado em razão da questão macroeconômica.
Começando pela eleição nos Estados Unidos, a chance de Donald Trump assumir a presidência do país aumentou nas últimas semanas. Com o republicano à frente da Casa Branca, a tendência é de um dólar cada vez mais forte contra o real.
A desvalorização da moeda brasileira deve corroborar com a perspectiva de um cenário de juros mais elevados.
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Inclusive, a desvalorização do real frente a outras moedas ajudou a expandir “artificialmente” a carteira de crédito total do banco, o que fez o Itaú alterar a projeção (guidance) para essa linha do balanço específica.
“Predominam, neste momento, para 2025, sinalizações de uma certa exaustão de ímpeto de crescimento, dado um nível de juros mais elevado, cujo ciclo já se iniciou”, afirmam os analistas do BB Investimentos.
Ainda assim, o Itaú deve ser a instituição que melhor consegue navegar nesse contexto, segundo os analistas, que têm recomendação de compra para os papéis do banco..
Os principais riscos que permanecem para os próximos balanços são de retornos (ROEs) persistentemente baixos na Colômbia e no Chile, crescimento de receita mais fraco que o esperado e aumento da competição por clientes de alta renda — onde o Itaú é líder de mercado.
Melhora do capital — e dividendos do Itaú
O lucro multibilionário permitiu ao Itaú ampliar o índice de capital principal em 0,60 ponto percentual, para 13,7%. Esse indicador serve como um indicador da capacidade de um banco de absorver perdas.
Com bem mais capital do que o necessário para operar, a expectativa de que o Itaú distribua o excedente aos acionistas em forma de dividendos — o que foi confirmado mais cedo pelo CEO do banco, Milton Maluhy Filho, na manhã desta terça-feira (5).
“Vemos o banco mantendo uma forte posição de capital e liquidez”, dizem os analistas da XP, que destacam que, em 2023 os indicadores de capital eram ligeiramente inferiores aos atuais e o payout (percentual do lucro distribuído aos acionistas) do banco atingiu mais de 60%.
“Assim, estimamos que o Itaú poderia pagar mais de 70% este ano”, conclui o relatório da XP, que recomenda a compra das ações do banco.
Para o BTG, é difícil não ter o Itaú em sua carteira, especialmente em um cenário em que “você precisa” ter alguma exposição ao Brasil. “O Itaú continua sendo nossa principal escolha entre os bancos brasileiros”, escrevem.
Larissa Quaresma, analista da Empiricus, destaca que, em um cenário econômico mais adverso, onde a inadimplência tende a aumentar, “o conservadorismo do banco vem a calhar”. “Negociando a 1,8x seu valor patrimonial, um elevado prêmio sobre Bradesco (1,0x) e Santander (1,2x), mantemos a recomendação de compra para Itaú”, diz.