IPCA de novembro reforça que alta da Selic vai acelerar
A inflação oficial brasileira mostrou uma piora na qualidade na passagem de outubro para novembro e coloca mais pressão sobre o Banco Central, avaliam economistas.
O IPCA desacelerou de 0,56% em outubro para 0,39% em novembro, ainda acima do ponto médio das projeções colhidas pelo VALOR DATA, de 0,36%.
“O número veio bem próximo do esperado, mas com um qualitativo pior, especialmente serviços subjacentes e intensivos em trabalho. O principal desvio de serviços se deu em alimentação fora do domicílio, que tem sazonalidade marcada no final do ano e as proteínas representam importante parcela dos custos”, pondera o economista-chefe da Kinitro, João Savignon.
“Seguimos vendo uma dinâmica pior para o IPCA nos próximos meses. Para 2024, esperamos IPCA de 4,90% e, para 2025, de 6,50%.”
Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners, ressalta que a alta de alimentação fora do domicílio foi a maior desde agosto de 2022 e contribui para a aceleração dos serviços subjacentes.
Outra questão destacada como ponto de atenção para 2025 foi o avanço do INPC para 4,84% em doze meses, o que implica um reajuste do salário mínimo de 7,34% em 2025 se valer a regra do Pacote Fiscal, ou de 8,04% se valer a atual regra.
“O IPCA de novembro não ajudou em nada o Banco Central, que vê mantida a pressão para acelerar o ritmo de alta dos juros. Não pelo número em si, mas por tudo que está em volta deste resultado. O acumulado em 12 meses chegou a 4,87%, pelo segundo mês seguido acima do teto da banda da meta, a ‘média dos núcleos’ ultrapassou os 4,00% (4,21%) e os ‘Serviços subjacentes’ chegaram a 5,67%, ambos bem distantes da meta de 3,00%”, afirma o economista.
O que complica o cenário para a política monetária é o fato de que a composição da inflação está mais focada no parte cíclica, estrutural e, portanto, ao alcance do combate do Banco Central combater, diz Mirella Hirakawa, economista da Buysidebrazil.
“A mensagem que a gente tira do dado de hoje é que, embora já se esperasse uma deterioração, ela veio pior que o esperado”, diz. “Nossa expectativa é de aceleração do ritmo de aceleração da Selic para 1,0 ponto porcentual, olhando números correntes pressionados e expectativas piorando significativamente, além de hiato positivo e câmbio depreciado.”
“Os dados divulgados hoje reforçam nossa visão de que o Copom deve acelerar o ritmo de alta dos juros para controlar a inflação. Esperamos um aumento na Selic de 0,75 ponto percentual na reunião de amanhã, levando a taxa para 12%, mas não descartamos uma elevação mais acentuada, dadas as expectativas para o IPCA”, afirma o economista do C6 Bank, Felipe Salles, em comentário distribuído.
Com informações do Valor Econômico