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Inter (INBR32) vai seguir o ‘caminho do sucesso’ do Nubank? É o que aposta gestor com mais de R$ 500 milhões em ativos — veja outros 20 investimentos da Nero Capital

Mesmo depois de quase dobrar de valor na B3 em um ano em meio a recordes de lucro e rentabilidade, o Inter (INBR32) ainda tem espaço para continuar a se valorizar e trilhar o ‘caminho do sucesso’ do  principal rival, o Nubank (ROXO34) — e quem diz isso é um gestor de ações com mais de R$ 500 milhões em ativos sob administração.

Para Daniel Utsch, responsável pela estratégia de renda variável da Nero Capital, os resultados recentes mostram que o banco digital está no “caminho certo”, com uma base de clientes robusta e avanços nos indicadores de rentabilidade. 

Considerado um dos destaques positivos da safra de balanços do segundo trimestre, o Inter, registrou um lucro líquido de R$ 223 milhões, alta de 247% na base anual, e um retorno sobre o patrimônio líquido anualizado (ROE, na sigla em inglês) de 10,4%.

“O Inter tem um grau de insolvência muito confortável. Não tem o nível de retorno sobre o capital que o Nubank conseguiu atingir, mas está no caminho, com um nível saudável e sem queima de caixa e aumento de alavancagem”, afirmou Utsch, em entrevista ao Seu Dinheiro.

“O mercado agora está se consolidando. Olhando para a competição, não estamos mais naquela fase de boom de neo bancos, com um banco digital novo a cada esquina. Não precisa ser um gênio para ver que o Nubank é um vencedor, mas entendemos que o Inter está nesse caminho — muito aquém ainda do rival, mas com valuation muito atrasado. Tem espaço.”

Além do Inter, a carteira de ações da Nero conta com outra aposta no setor financeiro: o Banco Bmg (BMGB4). Mas o gestor prefere ficar de fora de outros grandes players do setor, sejam eles bancos tradicionais ou fintechs.

RENEGOCIAÇÃO A TODO VAPOR

As apostas da Nero Capital em ações de construção na B3

Apesar de ter sido fundada em 2021, a estratégia de ações da Nero Capital nasceu há cerca de nove meses, com a chegada de Utsch na gestora — que, antes de ingressar na Nero, trabalhou por cerca de 15 anos no Banco Fator nas áreas de equity research.

Um dos motes da carteira de ações da Nero Capital é a alocação diversificada e “sem preconceitos”. Não à toa, o portfólio atual possui mais de 50 ações na lista, divididas entre posições vendidas e compradas. 

Confira a exposição setorial do fundo da Nero Capital: 

SetorCompraVendaLíquida
Agribusiness3,00%0,00%3,00%
Bancos6,00%0,00%6,00%
Consumo15,00%8,50%6,50%
Financials non-banks4,50%5,50%-1,00%
Food & Beverage6,00%0,00%6,00%
Healthcare6,00%2,00%4,00%
Homebuilders13,50%2,00%11,50%
Industrials9,00%1,50%7,50%
Materials0,00%5,00%-5,00%
Oil & Gas0,00%2,00%-2,00%
Properties6,00%0,00%6,00%
Serviços0,00%2,00%-2,00%
TMT (tecnologia, mídia e telecomunicações)7,50%0,00%7,50%
Transportes & Infraestrutura10,50%5,50%5,00%
Utilities0,00%0,00%0,00%
Global / US12,00%0,00%12,00%
Total99,00%34,00%65,00%

Fonte: Nero Capital | Dados de julho de 2024.

Uma das principais apostas da Nero Capital na bolsa brasileira está concentrada no setor de construção, com cerca de 11% do fundo alocado no setor imobiliário.

Na avaliação de Utsch, as construtoras de baixa renda como a Direcional (DIRR3), Cury (CURY3) e Plano e Plano (PLPL3) estão se destacando dentro do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) em meio às fortes demandas da população por imóveis próprios.

“Essas companhias foram muito bem no controle de custos. Teve muito player pequeno de baixa renda que parou de operar no auge do choque de preço e mesmo agora voltou muito timidamente”, afirmou o gestor.

“Acontece que essas empresas estão tendo recorde de lançamento de rentabilidade num ambiente em que, para o operador médio de construção civil no Brasil, ainda está muito ruim. A gosta muito do diferencial competitivo desses três ativos. As ações subiram muito, mas ainda tem espaço, porque há uma geração de valor muito grande”, acrescentou.

Já nos segmentos de média e alta renda, o gestor gosta das ações da Moura Dubeux (MDNE3).

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Outros 15 destaques da carteira da gestora

Apesar da recente performance positiva da bolsa brasileira, com o Ibovespa atingindo um novo recorde histórico nesta semana, o gestor da Nero Capital ainda vê muitas incertezas no horizonte, tanto no cenário doméstico — com o peso do fiscal — quanto no exterior, com as decisões sobre os juros e as eleições nos EUA.

É por isso que a gestora mantém parte do portfólio em ações “defensivas e dolarizadas” — como WEG (WEGE3), Embraer (EMBR3) e Fras-le (FRAS3).

Ainda em uma estratégia de proteção ao portfólio, Utsch revelou apostas em utilities, com as ações da Orizon (ORVR3), e em transporte, com Vamos (VAMO3) e Rumo (RAIL3).

Já para adicionar um pouco mais de risco à carteira, a Nero adicionou papéis focados em  consumo, como Vivara (VIVA3) e SBF (SBFG3), duas empresas “de qualidade” que estão passando por um “momento um pouco mais difícil” de resultados, segundo o gestor. 

Ainda na bolsa brasileira, Utsch revela estar otimista com uma dupla do setor de saúde: a Hapvida (HAPV3) e a Rede D’Or (RDOR3).

“Daqui para frente, serão resultados ascendentes. Não é fácil realizar essa recomposição de rentabilidade, mas as empresas estão conseguindo fazer. As duas são ativos excelentes e em um setor que tem uma tendência de longo prazo extremamente favorável.”

De olho nas small caps brasileiras, a gestora possui na carteira ações como ClearSale (CLSA3), Bemobi (BMOB3) e Desktop (DESK3).

A Nero ainda ajustou recentemente a carteira e reduziu exposição às grandes empresas de tecnologia do exterior. Hoje, as apostas em big techs se resumem a Apple (AAPL34) e Oracle (ORCL34). 

Ações para ficar de fora na B3

Em meio à recente euforia dos investidores com a bolsa brasileira, para a Nero Capital, ainda é preciso manter cautela com alguns setores da B3. 

Atualmente, a gestora possui cerca de 35% do fundo vendido — sendo que a principal posição setorial short é em mineração e siderurgia. 

Na avaliação de Utsch, apesar do nível de endividamento ainda favorável, há uma perspectiva de piora de resultados daqui para frente.

Isso porque a política do governo da China, de incentivo à produção e exportação de bens industriais, está provocando queda na rentabilidade de algumas cadeias, como o setor siderúrgico.

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