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Igor Normando (MDB) vence eleição em Belém

Igor Normando (MDB) foi eleito neste domingo (27) prefeito de Belém, consolidando o poder do clã Barbalho e devolvendo o comando da capital paraense ao MDB depois de 34 anos. Primo do governador Helder e do governador Jader Filho, ele derrotou o bolsonarista Éder Mauro (PL), ex-delegado de polícia e deputado federal. Com 100% das seções apuradas, teve 56,36% dos votos contra 43,64% do rival.

Aos 37 anos, Normando estará à frente da prefeitura com Belém na vitrine mundial da COP30, a conferência climática que acontecerá na cidade no ano que vem. Com as principais obras do evento a cargo do governo estadual, caberá a Normando concluir alguns serviços pontuais deixados pela gestão de Edmilson Rodrigues (Psol), além de manter a limpeza e a zeladoria da cidade, que aliás é motivo de queixas da população em relação ao atual prefeito.

A candidatura de Igor Normando foi meticulosamente arquitetada pelo grupo do governador. Relativamente desconhecido, embora ocupasse a cadeira de deputado estadual, ele foi alçado à secretaria de Articulação e Cidadania do Estado em fevereiro do ano passado.

Campanha

À frente da pasta, ele passou a comandar o principal programa social do governo Helder, as Usinas da Paz, complexos que agregam serviços do Estado nas áreas de Saúde, Educação, capacitação profissional, habitação, mediação de conflitos, entre outros.

As portas para a candidatura de Normando se abriram de vez com uma crise do lixo que se estendeu de junho de 2023 até abril deste ano, inviabilizando politicamente o prefeito do Psol. Em meio a um imbróglio judicial envolvendo empresas concorrentes em uma licitação da prefeitura, a cidade sede da COP se transformou em um lixão a céu aberto às vésperas do processo eleitoral.

Rodrigues, que no início do mandato teve o apoio da família Barbalho, passou a ter uma rejeição acima de 80%. Mesmo assim, decidiu concorrer a reeleição, terminando em terceiro lugar com pouco menos de 10% dos votos. No segundo turno, declarou “voto crítico” em Normando. Ao Valor, disse na semana passada que sua história não permitia apoiar o “fascismo” representado por Éder Mauro.

Durante toda a campanha, Normando buscou colar sua imagem à do governador. Seus auxiliares o vendiam como o único capaz de administrar a cidade em consonância com os governos do Estado e federal.

Helder Barbalho, por sua vez, trabalhou duro para eleger o parente aliado. Com mais de R$ 1,5 bilhão em recursos federais para a realização da COP, pegou o parente-aliado pelas mãos e percorreu a cidade com ele, participando de diversos eventos de campanha.

No segundo turno, Helder contratou a equipe de redes sociais do prefeito reeleito de Recife, João Campos (PSB), para trabalhar a imagem de Normando. E trouxe o aliado de Pernambuco para participar do maior comício da campanha do emedebista, na segunda-feira passada.

Acompanhados pelos famosos paredões de som das festas de Belém, João Campos participou do “Pancadão do Igor” na Pedreira, bairro na periferia de Belém. Ao lado deles, no palco, estavam Helder, Jader Filho, e o prefeito reeleito de Macapá, Doutor Furlan (MDB).

No comício, o governador fez um pronunciamento que colocou a suposta peruca de Éder Mauro no centro do debate eleitoral. Ele pediu aos eleitores que dessem uma “sova” (surra) de votos no opositor, e afirmou que no dia da eleição iria “espalhar peruca para todo lado”. O bolsonarista respondeu colocando em seu programa eleitoral mulheres escalpeladas por motores de barco, uma tragédia do qual o Pará é campeão nacional, e que precisam usar o aparato para manter a dignidade. E passou a incorporar o apelido de “Peruquinha”, com o qual pejorativamente os apoiadores de Helder sempre o chamaram. Mas isso não foi o suficiente para virar o jogo.

Opositores da família Barbalho e eleitores de Éder Mauro veem na vitória de Normando uma perpetuação do poder do clã no Estado. Nas ruas, boa parte dos eleitores demonstrava uma certa fadiga com o grupo político e via em Éder Mauro uma opção de mudança.

Entretanto, seus apoiadores veem no prefeito eleito uma “renovação” dentro da família, sendo o prefeito eleito um representante da nova geração de políticos do MDB.

Normando passou a campanha equilibrando-se entre a mensagem de que tem vida própria e, por outro lado, a tentativa de se mostrar um político com apoio do governador, que tem alta popularidade no Estado e foi reeleito em 2022 com mais de 70% dos votos.

O agora futuro prefeito de Belém começou sua carreira política em 2012, quando foi eleito vereador em Belém. Permaneceu no cargo até 2019, quando se elegeu deputado estadual. Reeleito em 2022, assumiu a Secretaria de Cidadania do Pará em fevereiro do ano seguinte, onde ficou até se desincompatibilizar do cargo, em junho deste ano.

Com informações do Valor Econômico.

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