Economia

Ibovespa hoje cai forte com isenção de IR e pacote fiscal no radar

Ibovespa, dólar e juros futuros oscilam forte nesta quarta-feira (27) com o iminente pronunciamento do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ainda hoje sobre o pacote de ajuste fiscal e a proposta de isenção de Imposto de Renda a quem ganha até R$ 5 mil.

O principal índice da bolsa de valores recua 1,41%, enquanto o dólar avança 1,83%, superando a cotação de R$ 5,90 com o estresse de agentes sobre as medidas a serem endereçadas por Haddad em discurso em rede nacional de rádio e televisão, às 20h30. No Ibovespa, ações sensíveis a juros futuros têm forte queda. O Tesouro suspendeu negociações de títulos de renda fixa.

Ibovespa hoje tem queda generalizada; dólar sobe

Conforme informou o Valor Econômico mais cedo, o governo quer anunciar tal isenção paralelamente à divulgação dos cortes de gastos, mesmo que isso contrarie a equipe econômica.

Investidores receberam a notícia contrariados, já que a medida de isenção, promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), confronta o reajuste para contas públicas.

Assim, os juros futuros dispararam no mercado, com a ponta longa da curva, com vencimento a partir de 2030, abrindo cerca de 300 pontos-base.

Ações mais sensíveis a juros e voltadas para a economia doméstica, como as dos setores de consumo, construção e varejo, aprofundaram quedas a partir do anúncio. No Ibovespa hoje, Locaweb (LWSA3) recua 8,46%, com Magazine Luiza (MGLU3) logo atrás, sob desvalorização de 6,02%.

No bloco de construtoras, MRV (MRVE3) lidera perdas com 5,59%. A Cyrela (CYRE3) tem o segundo pior desempenho com queda de 5,05%.

Vitor Mafra, gestor da Doxos Capital, explica que a queda de hoje se dá principalmente pelo reboliço causado pela isenção de Imposto de Renda.

“Na contramão do pacote, a isenção traz um efeito fiscal neutro”, aponta Mafra. “Mas mostra uma política expansionista e populista para expandir o consumo, além de dificultar o equilíbrio das contas públicas”, completa.

Dólar supera R$ 5,90; minério sustenta alta de Vale (VALE3)

Além do Ibovespa hoje, perto das 16h05, o dólar comercial exibia valorização de 1,83%, cotado a R$ 5,9133, depois de ter encostado na máxima de R$ 5,9288 mais cedo.

O real agora tem o segundo pior desempenho da sessão, à frente apenas do rublo russo (hoje o dólar avança 6% frente a moeda russa).

Assim, no exterior a dinâmica na maioria dos mercados é de dólar fraco, com o índice DXY desvalorizando 1%, aos 105,945 pontos.

A queda do dólar no cenário internacional leva a um aumento no fluxo de negociação de commodities, segundo Mafra.

A expectativa de pacote de estímulos fiscais da China trouxe alta para os preços de minério de ferro. Na bolsa de Dhalian, a commodity sobe 1,40%.

Assim, ações de mineradoras do Ibovespa, Vale (VALE3) e CSN Mineração (CMIN3), tem altas hoje de 1,25% e 0,97%, respectivamente. Já o papel da Gerdau sobe 1,05%. As cotações são de 16h05

Tesouro suspende negociações de títulos

A curva de juros com vencimento em janeiro de 2029 abriu 40 pontos-base (0,4 pontos percentuais), saindo de 13,08% para 13,48 por volta das 15h.

Na renda fixa, a dinâmica é oposta ao mercado de ações. Assim, todas as vezes que a curva de juros sobe, o ativo se desvaloriza.

A esticada levou o Tesouro a suspender as negociações de títulos no site do Tesouro Direto.

Por volta das 15h30, apenas os títulos de curto prazo pós-fixados com rentabilidade atreladas à Selic estavam à venda.

Os título com vencimento em 2027 eram negociados à taxa Selic, acrescida de prêmio de 0,0373%.

Já os títulos com prazo de expiração em 2029, entregavam Selic, mais 0,1134%.

Com informações do Valor Econômico

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