Hapvida fecha 3º tri com bloqueios judiciais de R$ 869 milhões, mais que o dobro de igual período em 2023
A Hapvida, maior operadora de planos de saúde com 8,8 milhões de usuários, encerrou o terceiro trimestre com bloqueios e depósitos judiciais de R$ 869 milhões, mais do que o dobro do volume apurado no mesmo período do ano anterior. Com a disparada da judicialização, a companhia estima um aumento de 1,5 ponto percentual nos reajustes nos convênios médicos em 2025.
Segundo Jorge Pinheiro, presidente da Hapvida, esse incremento nos preços deve ser aplicado nos próximos três ou quatro trimestres. “Ainda assim, nossa expectativa é que o reajuste seja inferior do que o aplicado anteriormente, que foi em média de 12%”, disse o executivo, durante teleconferência para analistas e investidores, nesta quarta-feira (13).
O aumento da judicialização é justificado pelas mudanças nas regras que permitem inclusão permanente de procedimentos médicos na cobertura dos planos de saúde (rol exemplificativo), e pela permissão para um volume indeterminado de sessões de terapias.
Nesse cenário, a provisão para esse débito no terceiro trimestre atingiu R$ 753 milhões e a expectativa é atingir até 100% do montante bloqueado, de R$ 869 milhões. Até o quatro trimestre do ano passado, a Hapvida tinha reservas acima do valor bloqueado judicialmente.
No terceiro trimestre de 2023, a companhia tinha R$ 415 milhões bloqueados e R$ 488 milhões em provisão. A companhia acredita que o atual patamar de provisão, que não cobre 100% dos bloqueios, é o suficiente.
Planos de São Paulo
“Do total de liminares, 92% são indevidos. São pedidos que não estão na cobertura, medicamentos não aprovados na Anvisa, entre outros”, disse Pinheiro. A maior parte das ações judiciais vem de planos de saúde massificados, com destaque para São Paulo.
Onda de judicialização vem ocorrendo em todo o setor de saúde do ano passado para cá. Segundo dados da CNJ, foram registrados 189,3 mil novos processos cíveis contra as operadoras nos nove primeiros anos deste ano e 230,5 mil em 2023. Já em 2022 e 2021, foram 171,6 mil e 148,2 mil, respectivamente. A maior parte das queixas era para cobertura médica hospitalar.
*Com informações do Valor Econômico