Economia

Graças a Milei, Argentina vai melhorar muito mais que o Brasil em 2025 — e Lula deveria torcer pelos hermanos, diz economista do Insper

Quem te viu, quem te vê, Argentina. Após anos com a economia em ruínas, inflação em níveis estratosféricos e até mesmo a criação de uma economia paralela, representada pelo câmbio blue, a nação vizinha finalmente está vendo uma cura para a “patologia” que viveu durante tanto tempo. 

O médico responsável por essa operação até agora bem-sucedida é Javier Milei, através de políticas ultraliberais – às vezes enunciadas com frases de impacto polêmicas. 

Antes de receber alta, o país vai precisar passar pela “dor de cura”, que não será fácil em um primeiro momento, mas que pode colocar a Argentina em um caminho melhor e mais promissor que o do Brasil a partir do ano que vem. 

Esta visão é corroborada pelo economista e professor do Insper, Roberto Dumas Damas, convidado da semana do podcast Touros e Ursos.

Um ano de Milei: sem preços congelados e o ‘estouro’ do Banco Central

Resolver a patologia argentina exigiu medidas drásticas de Milei até agora. Vale lembrar que a inflação acumulada do país atingiu 12.000%, uma cifra expressiva que, curiosamente, ainda é “pequena” em comparação com a do Brasil entre os anos de 1980 e 1994, que conviveu com 12 trilhões percentuais. 

Um dos primeiros atos ao assumir a Casa Rosada foi “estourar o Banco Central”, proibindo a emissão de mais pesos argentinos para financiamento do déficit fiscal. Além disso, Milei também fez um ajuste fiscal nos gastos e reduziu o número de ministérios e secretarias.  No frigir dos ovos, a Argentina saiu de um déficit fiscal de 5,4% para um superávit nominal de 0,5%.

Por fim, Milei também acabou com a política de congelamento de preços adotada por governos anteriores, chamada de “armadilha peronista” por Dumas Damas. 

Segundo o economista, essa política, que buscava controlar a inflação através do tabelamento de preços, acabou gerando escassez de produtos. “Não tinha oferta suficiente”, explica Dumas.

Essa prática acabava mascarando a real extensão da pobreza na Argentina. A distorção nos preços controlados artificialmente impedia uma avaliação precisa da situação econômica da população. Ao assumir o governo, Milei optou por liberar a definição de preços de acordo com o mercado. 

Essa medida, embora tenha gerado um choque inflacionário inicial de 25,5% em um mês e uma forte desvalorização do peso argentino (de 300 para 800 pesos por dólar), teve como objetivo, segundo Dumas, revelar a verdadeira situação da economia e permitir que o mercado se ajustasse.

“A pobreza aumentou sim. Aumentou, mas aquilo que a gente estava vendo estava encoberto”, argumentou o convidado no podcast. 

Ao ancorar as expectativas fiscais, o setor privado viu novamente espaço para crescer. A expectativa é que a economia argentina siga o modelo “crowding-out effect”, com o setor privado ocupando o espaço deixado pelo setor público, contrariamente ao que ocorre no Brasil.

Assista ao podcast na íntegra, clicando no vídeo abaixo. O Touros e Ursos também está disponível nas plataformas de áudio, como Spotify, Apple Podcasts e Deezer:

Entretanto, o sucesso do plano de Milei depende, em grande parte, da paciência da população argentina. Dumas destaca que a “dor da cura” pode gerar insatisfação popular e levar os argentinos a questionarem a continuidade do projeto liberalizante.

A grama do vizinho é mais verde?

Bem vistas ou não pelos hermanos, essas medidas liberais  estão levando a Argentina para um caminho próspero, na visão do convidado do Touros e Ursos. 

Na verdade, o país vizinho pode até deixar o Brasil “para trás”  em 2025.

Como parte de uma base muito baixa, a nação de Milei tem potencial para uma recuperação maior, enquanto o Brasil pode enfrentar um crescimento mais modesto, como consequência da Selic mais alta e da situação fiscal ainda complexa. 

Comparações à parte, a prosperidade da Argentina acaba beneficiando diretamente a economia nacional, explica Dumas, por ser o quarto maior parceiro comercial do Brasil. 

“A gente exporta carro, autopeças, eles exportam para a gente”, lembra o economista. Por esse motivo, a recuperação da economia argentina é interessante economicamente, pois significaria um aumento nas exportações brasileiras. 

Apesar das diferenças ideológicas e da “rivalidade” entre Lula e Milei, o professor do Insper acredita que o pragmatismo irá prevalecer nas relações bilaterais. “Países não têm amigos, países têm interesses”, diz. 

No bloco dos touros e ursos da semana, a moeda dos BRICS foi considerada um urso por Dumas, por ser “impraticável no curto prazo”. 

O economista ainda aconselhou que Donald Trump “escolhesse melhor as batalhas”, em referência à ameaça de taxação aos produtos dos BRICS caso estes países adotem uma moeda diferente do dólar para as suas transações comerciais, já que a desdolarização da economia é uma possibilidade muito remota no momento. 

Do lado dos touros, ganhou destaque o bitcoin, que bateu os US$ 100 mil essa semana; o crescimento do PIB brasileiro no terceiro trimestre e o Botafogo, campeão da Libertadores. 

* Este texto foi feito com ajuda de inteligência artificial.

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