Analise

Gigante das criptomoedas Tether investe R$ 4.7 bilhões em rival do Youtube

A Tether, empresa por trás da maior stablecoin do mundo, a USDT, anunciou uma nova expansão de suas operações. Após acumular lucros astronômicos — cerca de US$ 10 bilhões em 2024 — a empresa revelou que está investindo US$ 775 milhões (R$ 4.7 bilhões) na plataforma de vídeos Rumble.

Esta é segunda grande incursão da Tether fora do universo das criptomoedas, consolidando sua ambição de se tornar uma força influente em tecnologias que, nas palavras da empresa, “promovem liberdade e autonomia”.

O investimento será distribuído em duas frentes: US$ 250 milhões destinados a iniciativas de crescimento para expandir o alcance da Rumble e US$ 525 milhões para adquirir até 70 milhões de ações Classe A da empresa, a um preço de US$ 7,50 por ação — um prêmio modesto em relação ao valor de mercado atual de cerca de US$ 7 por ação.

Com o aporte bilionário, a Tether reforça sua crença em tecnologias que, segundo o CEO Paolo Ardoino, promovem “liberdade de expressão” ao evitar censura governamental ou de grandes corporações.

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Rumble: Rival do Youtube que desafia governos

Fundado em 2013, o Rumble se apresenta como uma alternativa independente de gigantes como o YouTube, registrando cerca de 67 milhões de usuários ativos mensais.

A plataforma se tornou um ponto de encontro para jovens conservadores e ganhou notoriedade ao publicar mensagens triunfantes como “Nós somos a mídia agora” após eventos políticos de grande impacto, como as eleições nos EUA.

A plataforma abandonou o Brasil em dezembro do ano passado em protesto contra o que classificou como “censura imposta aos usuários.”

Ao tentar acessar site da Rumble nesta manhã de sábado (21), uma mensagem é exibida afirmando que, “devido às exigências do governo brasileiro para remover criadores de nossa plataforma, o Rumble está indisponível no Brasil no momento.”

O Rumble acrescenta que está “desafiando exigências do governo” e espera restaurar o acesso em breve.

Rumble fora do ar no BrasilRumble fora do ar no Brasil
Rumble fora do ar no Brasil

De acordo com o comunicado, um dos pontos que atraiu a Tether é o fato de a Rumble operar sua própria infraestrutura de nuvem, eliminando a dependência de provedores como Amazon e Google.

Ardoino elogiou essa abordagem, dizendo que isso se alinha com sua visão de descentralização e autonomia tecnológica.

Ele também falou sobre o potencial das stablecoins, como o USDT, para se tornarem parte integrante do futuro das redes sociais, insinuando possíveis integrações entre as propriedades da Tether e a Rumble.

O investimento, vale lembrar, ocorre em um momento crítico, com outros bilionários tecnológicos, como Elon Musk, remodelando o cenário midiático através de plataformas como o X (antigo Twitter).

Para a Tether, a aquisição de uma participação em uma plataforma popular entre os apoiadores de Donald Trump pode ajudar a empresa a reforçar sua imagem na Casa Branca, onde busca legitimidade e cooperação com as autoridades.

Apesar do alinhamento estratégico, Ardoino afirmou que a Tether não pretende interferir na autonomia editorial da Rumble, buscando manter a plataforma descentralizada e apartidária.

Expansão além das criptomoedas

A Rumble não é o único investimento fora do setor cripto feito pela Tether. Em 2023, a empresa adquiriu participação na Northern Data, especializada em nuvem e inteligência artificial, sinalizando uma estratégia mais ampla para construir uma rede tecnológica independente.

Os investimentos podem ser resultado do desejo de Ardoino de diversificar a influência da Tether para além das criptomoedas, abraçando projetos que complementam sua visão de “tecnologia da liberdade”.

As ações da Rumble subiram 37% nos últimos seis meses, impulsionadas pelo otimismo dos investidores.

Rumble ações 21/12/2024 (Google)Rumble ações 21/12/2024 (Google)
Rumble ações 21/12/2024 (Google)

Chris Pavlovski, CEO da Rumble, poderá vender até 10 milhões de ações como parte do acordo com a Tether, mas continuará com o controle majoritário da empresa.

Enquanto isso, o banco de investimento Cantor Fitzgerald, cujo CEO é defensor das criptomoedas e indicado de Trump para o cargo de Secretário de Comércio, atuou como gestor da operação, reforçando os vínculos estratégicos entre as partes envolvidas.

A Tether, portanto, demonstra que está preparada para alavancar sua fortuna e explorar novas fronteiras tecnológicas, enquanto amplia sua presença no cenário global de inovação e comunicação.



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