Mercado financeiro

Galípolo votou junto com Campos Neto em oito reuniões do Copom

Escolhido pelo presidente Lula para suceder Roberto Campos Neto no comando do Banco Central, Gabriel Galípolo votou junto com o antecessor em oito das últimas nove reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) para decidir o futuro da taxa de juros no País.

Em apenas um encontro, Campos Neto votou de um jeito e Galípolo, que exerce o cargo de diretor de política monetária desde julho de 2023, de outro.

Foi no Copom dos dias 8 e 9 de maio de 2024. Naquela votação, o comitê rachou.

Os cinco diretores indicados no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), incluindo Campos Neto, formaram maioria. E, assim, decidiram que a taxa Selic cairia apenas 0,25 ponto percentual, para 10,50% ao ano.

Por outro lado, Galípolo e os outros três diretores escolhidos durante o governo Lula defendiam um corte maior, de 0,50 ponto percentual. Ao final, terminaram derrotados, mas prevaleceu em parte do mercado a percepção de que o Comitê estava dividido, o que trazia incerteza para as decisões seguintes.

Desde então, a Selic não caiu mais e todas as votações foram unânimes. O comitê se reuniu e manteve a taxa básica de juros em 10,50% ao ano nas reuniões de 18 e 19 de junho e de 30 e 31 de julho deste ano.

Os votos de Gabriel Galípolo e Roberto Campos Neto no Copom

Além do racha de maio, houve mais uma reunião em que o Comitê não tomou sua decisão de forma unânime. No entanto, naquela oportunidade Campos Neto desempatou a favor do lado em que estava o seu provável sucessor.

Isso ocorreu na reunião dos dias 1º e 2 de agosto de 2023. Naquela oportunidade, Campos Neto e Galípolo votaram juntos por um corte de 0,50 ponto percentual na Selic para 13,25% ao ano. Então, outros quatro diretores votaram por um corte mais modesto, de 0,25 ponto percentual.

Veja as reuniões das quais o atual presidente e o indicado do governo Lula participaram juntos e como cada um votou nesses encontros do Copom:

Reunião do CopomVoto de Roberto Campos NetoVoto de Gabriel Galípolo
01 e 02/08/23Corte de 0,50 p.p. na SelicCorte de 0,50 p.p. na Selic
19 e 20/09/23Corte de 0,50 p.p. na SelicCorte de 0,50 p.p. na Selic
31/10 e 01/11/23Corte de 0,50 p.p. na SelicCorte de 0,50 p.p. na Selic
12 e 13/12/23Corte de 0,50 p.p. na SelicCorte de 0,50 p.p. na Selic
30 e 31/01/24Corte de 0,50 p.p. na SelicCorte de 0,50 p.p. na Selic
19 e 20/03/24Corte de 0,50 p.p. na SelicCorte de 0,50 p.p. na Selic
07 e 08/05/24Corte de 0,25 p.p. na SelicCorte de 0,50 p.p. na Selic
18 e 19/06/24Manter a Selic em 10,50% a.a.Manter a Selic em 10,50% a.a.
30 e 31/07/24Manter a Selic em 10,50% a.a.Manter a Selic em 10,50% a.a.

Indicação de Gabriel Galípolo para presidir o BC

Após ser indicado pelo governo para presidir o BC, Galípolo ainda precisará passar pelo crivo do Senado Federal antes de ser confirmado para o posto. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ainda vai definir as datas da sabatina e da votação do nome de Galípolo para o BC.

É o mesmo rito pelo qual ele passou para assumir o posto de diretor de política monetária do Banco Central, que exerce desde julho de 2023. Antes, Galípolo foi secretário-executivo do ministério da Fazenda, o número dois na gestão do ministro Fernando Haddad.

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