Fiagro despenca 6% na bolsa após zerar dividendos em meio à recuperação judicial da Agrogalaxy; fundo investe em CRA da companhia
A recuperação judicial da Agrogalaxy, que foi aceita pela Justiça no início deste mês, começa a mostra os efeitos sobre fundos imobiliários (FIIs) e do agronegócio que investem em títulos ligados à empresa. O fiagro Capitânia Agro Strategies (CPTR11), por exemplo, zerou os dividendos deste mês.
Segundo comunicado enviado ao mercado na última quinta-feira (10), o CPTR11 acumulou um resultado negativo após remarcar um Certificado de Recebível do Agronegócio (CRA) relacionado ao caso.
A administradora do fundo provisionou 50% do valor de exposição do título. Ou seja, fez uma reserva para assegurar o pagamento de parte do CRA. Com isso, o fundo foi impactado em R$ 14,3 milhões, o que representa um efeito negativo de R$ 0,34 por cota.
“Este mês, não haverá distribuição de rendimentos, pois o fundo opera pelo regime de competência
e a legislação permite a distribuição apenas em casos de resultado acumulado positivo”, diz o comunicado.
Com a notícia de que os mais de 31 mil cotistas do CPTR11 não receberão dividendos em outubro, o fiagro opera em forte queda na bolsa nesta sexta-feira (11). Por volta das 11h30, as cotas recuavam 6,17%, a R$ 6,69.
O que está por trás da crise da AgroGalaxy (AGXY3) que afeta os dividendos do fiagro
Vale lembrar que, antes de aceitar o pedido de RJ, a Justiça já havia aprovado o pedido de stay period da AgroGalaxy por 45 dias corridos no final do mês passado, depois que a companhia enviou, em caráter de urgência, o pedido de recuperação judicial em meio a dívidas bilionárias.
Um dos principais pontos citados pela companhia para justificar a urgência da “blindagem” foi o vencimento dos CRAs da 79ª emissão da empresa, que totalizavam R$ 500 milhões.
De acordo com o pedido de recuperação judicial da AgroGalaxy, a crise de liquidez “impactou a capacidade de geração de caixa das empresas e as impediu de honrar suas obrigações nas condições originariamente acordadas com seus credores”.
O pedido de reestruturação revelou um passivo total de R$ 3,7 bilhões e US$ 160 milhões. O valor inclui obrigações com instituições financeiras, produtores rurais e fornecedores.