Faria Lima espera alta de 0,75 ponto na Selic
O mau humor da Faria Lima com o governo e a trajetória de gastos públicos norteia as previsões de alta da Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom) nesta semana.
Segundo projeção da maior parte do mercado, são maiores as chances dos dirigentes do Banco Central (BC) subirem a Selic em 0,75 ponto percentual (p.p) na próxima quarta-feira (11). Mas a aposta não é consenso. E há inclusive quem espere por uma alta de até 1 p.p.
O que esperar do Copom para a Selic
Embora Itaú e Santander ainda não tenham divulgado suas projeções para o Copom desta semana, casas como Bank of America (BofA), BNP Paribas e C6 contam com que a Selic encerrará a semana em 12% ao ano. Isso, frente os atuais 11,25%.
O Bradesco ainda espera por alta mais contida, de 0,50 p.p., com a taxa básica de juros fechando o ano no patamar de 11,75%.
Mas a projeção mais pessimista, até aqui, é da XP, que espera alta do juro de 1 ponto percentual nesta quarta-feira.
Previsões para os juros no final do ciclo
O cenário de revisões para Copom e a Selic se dá em meio a uma piora nas taxas futuras de inflação.
Na semana passada, David Beker, economista chefe do BofA para a América Latina, escreveu que redimensionou o IPCA em 2025 de 3,6% para 4,3% – bem perto do teto da meta. O pingo d’água para a revisão, ele apontou, foi a decepção do mercado com o pacote de corte de gastos apresentado pelo governo.
“Em vez de ajudar a restabelecer a confiança do mercado sobre a trajetória da dívida, o pacote deteriorou ainda mais as expectativas sobre o fiscal e a inflação. Pois tanto sua magnitude quanto sua composição decepcionaram”, escreveu o especialista em relatório para investidores e cliente do banco americano.
O BofA passou a esperar uma Selic em 13,75% ao ano, no final do ciclo. Antes, a projeção era de 13% ao ano. O banco acredita que os juros apenas começarão a cair em dezembro do ano que vem. E devem encerrar 2025 em 13,25%.
A projeção parece com a do francês BNP Paribas, com uma pequena alteração. O ciclo de aperto termina um pouco antes, com os juros em 13,50%. O banco espera que o choque de juros comece a gerar resultados na economia no primeiro trimestre do ano, mas somente a partir de março.
A corretora de Guilherme Benchimol é a que tem, até agora, a previsão mais pessimista para a Selic. Envolve uma alta de 1 p.p. nos juros nesta semana e taxa terminal em 14,25% no ano que vem.
“Em nossa avaliação, o Comitê preferirá ser mais ousado no curto prazo para recolocar o “trem nos trilhos” em tempo hábil, ao invés de tentar suavizar o ciclo”, escreve o economista-chefe da XP, Caio Megale.
Para ele, confirmando-se as expectativas em torno da autoridade monetária, e a aprovação célere das medidas do pacote fiscal, a inflação deve convergir para o centro da meta em 2026.
“A hipótese básica é que a política econômica mais restritiva (monetária mais contracionista e fiscal menos expansionista) será efetiva para reequilibrar a economia”, destaca.