Economia

Faltou coragem para Campos Neto? Novo presidente do Banco Central deve ter firmeza para anunciar cortes de juros, diz Lula

Na avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seja quem for o sucessor de Roberto Campos Neto no Banco Central, o novo chefe da autoridade monetária precisará ter coragem para baixar os juros quando necessário — e agora é a hora de cortar a Selic.

Em entrevista à Rádio Gaúcha nesta sexta-feira (16), Lula afirmou que quem assumir o comando do BC “não deverá favores” ao presidente da República. 

“A pessoa que eu vou indicar tem que ter muito caráter, muita seriedade e muita responsabilidade. A pessoa que eu indicar não deve favor ao presidente da República. A pessoa que eu vou indicar é uma pessoa que vai ter compromisso com o povo brasileiro. Na hora que precisar reduzir a taxa de juros, ele vai ter que ter coragem de dizer que vai reduzir. Na hora que vai aumentar, ele vai ter que ter a mesma coragem de dizer que vai aumentar”, disse o presidente.

Vale lembrar que Campos Neto, que foi indicado ao comando do BC no governo de Jair Bolsonaro, tem mandato à frente da autoridade monetária até o fim do ano. 

Mas o governo vê uma espécie de brecha para indicar o próximo presidente já nas próximas duas semanas, apesar de a nova gestão começar só em 2025. Ainda ontem, Lula afirmou que precisa indicar “agora” o substituto para que a troca do cargo ocorra no final do ano.

O mais cotado é Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária do Banco Central.

Banco Central autônomo, mas…

Na visão de Lula, apesar de ter autonomia, o Banco Central “deve ao povo brasileiro” — e não há explicação para a Selic estar no patamar atual, em 10,50% ao ano.

“Nós, obviamente, levamos em conta a necessidade de autonomia do Banco Central, mas é importante lembrar que o Banco Central deve ao povo brasileiro”, disse. 

Relembrando, desde 2021, a lei de autonomia do Banco Central garante mandatos fixos ao presidente e diretores da autarquia de quatro anos, não coincidentes com o mandato do Presidente da República, com direito a uma recondução.

No caso de Roberto Campos Neto, esse prazo vence em dezembro de 2024 — e o economista já deixou claro que não tem a intenção de estender sua permanência como presidente do Banco Central até 2028.

O presidente afirmou que tem expectativa de que a Selic comece a cair e mencionou a possibilidade de uma redução nas taxas de juros dos Estados Unidos.

O que falta para a indicação do sucessor de Campos Neto

Lula disse que quer conversar com o Senado antes de indicar o novo presidente do Banco Central. Isso porque o escolhido precisa ser aprovado em votação pela Casa Alta antes de assumir o cargo. 

“Antes de indicar eu quero conversar com o presidente do Senado, quero conversar com o presidente da comissão, para que as pessoas, ao serem indicadas, sejam votadas logo. Para que as pessoas não fiquem sofrendo desgaste, especulação política durante meses”, declarou Lula.

Em entrevista, o presidente voltou a repetir que não sabe se será Gabriel Galípolo o indicado para ocupar a cadeira de Campos Neto.

O petista também negou que tenha algum problema pessoal com o atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. 

“O problema não é pessoal, ele não me desagradou. Ele desagradou ao País, desagradou ao setor produtivo”, disse.

Em relação à economia brasileira, o presidente disse que sempre que alguém tenta “inventar”, o resultado é ruim. 

“Todo momento em que alguém tentou inventar na economia, ou todo momento em que o presidente da República se meteu a ser economista, não deu certo esse País.”

*Com informações do Estadão Conteúdo

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