empresário diz que rebaixou 42 clubes em esquema de apostas
Em depoimento à CPI das apostas esportivas, do Senado, na terça-feira (8), o empresário William Pereira Rogatto, autointitulado ‘rei do rebaixamento’, afirmou ter sido o responsável pelo rebaixamento de 42 clubes de futebol nos 26 estados, além do Distrito Federal.
A declaração tem potencial para sacudir ainda mais o mercado de apostas esportivas e sua relação com o futebol brasileiro.
Rogatto disse ainda “que realmente frauda e que vive disso”. Ele afirmou que ainda tem atuado com o mercado de apostas. “Sou réu confesso, não consigo parar porque o sistema está me dando brechas”.
Acusado de ser um dos beneficiários de um esquema de interferência em resultados do futebol brasileiro em diferentes divisões, William Rogatto foi chamado a depor e contou como funcionava o esquema. Segundo ele, as transações renderam algo em torno de R$ 300 milhões. Montante, diz o empresário, que também beneficiou outras pessoas.
Veja as falas mais bombásticas de William Rogatto à CPI das Apostas Esportivas:
“Jogadores viram aposta”
“Quando uma bet patrocina o seu clube, automaticamente o jogador se transforma em aposta, ele não recebe um salário digno e a bet vem e dá um suporte”
“Pessoas perigosas”
“Se eu não fui o maior, fui um dos maiores; se não fui o maior do Brasil, fui o mais organizado do Brasil. Tem outros grupos, não vou ficar falando deles. São pessoas perigosas.”
“Não estou protegido para mexer com os caras que estão acima de mim. Se eu mexer, eu vou cair. Eu sou grande até um ponto, mas acima de mim tem [outros]”
“Torcedor sofre, e mal sabe o que acontece nos bastidores”
“Só resolvi falar hoje porque estou pensando que tem que acabar com isso aí. Eu vejo torcedor se matando, hoje a gente vê torcida do Corinthians, o torcedor sofre pelo time e mal sabe do que acontece nos bastidores. Eu pago muito bem por um gol.”
“Rebaixei 42 clubes”
“Basicamente, eu engano o presidente do clube. Vou pagar ele para colocar os meus atletas. Aquele time vai perder, ele vai me beneficiar nas minhas apostas. Alguns presidentes sabiam e aceitavam. Eu rebaixei 42 clubes no Brasil. Eu só posso ganhar dinheiro com eles caindo.”
Infelizmente, o que me dá dinheiro é rebaixar time
“Infelizmente, o que me dá dinheiro é rebaixar time. Se o presidente do time não está preocupado com o time dele, eu vou estar? Eu ganho dinheiro perdendo jogo, entregando jogo. É por isso que eles me chamavam de rei do rebaixamento desde 2009.”
“Em São Paulo, eu rebaixei alguns”
“Eu sempre rebaixei clube, e clube grande, viu? O Coruripe, de Alagoas, e um time muito forte do Maranhão eu rebaixei. O melhor campeonato da minha vida é o carioca. Em São Paulo eu rebaixei alguns, também em Goiás, mas o maior alvo hoje são os clubes pequenos”.
“Eu tinha meus jogadores”
“Eu tinha meus jogadores, meus atletas e entrava nos clubes, enganava alguns presidentes e alguns compactuavam comigo. O modus operandi é complexo, mas o básico, é isso”.
“Tem presidente [de clube] que está ali para ganhar o dele”
“Tem presidente que sabe e compactua com isso, tem presidente que eu engano, tem presidente que está ali para ganhar o dele, tem presidente que não compactua”.
“Eu pago caro para o atleta e também gosto de ganhar”
“Eu tenho nove países diferentes em apostas, eu pago caro para o atleta e também gosto de ganhar. Na semana passada, eu fiz dois jogos na Colômbia, na primeira divisão. O sistema está fazendo que eu não pare”.
“Sou réu confesso, não consigo parar”
“Querendo ou não, a gente tem uma vida cara, sabe como é, viver na Europa. Eu preciso fazer jogos, sou réu confesso, não consigo parar porque o sistema está me dando brechas”.
“Entrei num ramo de ouro na África e perdi quase metade. O bom enganador também é enganado”.