Bolsa e dólar

É possível lucrar na bolsa mesmo com a Selic alta — e Santander revela 15 ações para driblar os juros elevados no Brasil

Ciclos de aperto monetário são quase sempre dolorosos para quem investe em renda variável. Afinal, a Selic alta não só tende a drenar os investimentos em ações, como também penalizar aqueles papéis mais enroscados, com dívidas elevadas ou dependentes do consumo. 

Mas enquanto o Copom continua na missão de levar os juros até “onde for preciso” para colocar a inflação na meta, o Santander ainda vê ganhos potenciais com ações no Brasil — e revelou 15 papéis na bolsa brasileira para driblar o cenário de Selic elevada no Brasil.

“À medida que calibramos nossa perspectiva para levar em conta o ambiente de crescimento mais robusto e as taxas de juros crescentes no Brasil, estamos revisando nossa alocação setorial e reequilibrando nosso portfólio sugerido”, afirmaram os analistas. 

Até então, a carteira do banco contava com 19 nomes — mas quatro papéis foram excluídos do portfólio em meio à revisão das perspectivas para o mercado local.

Confira as 15 ações recomendadas pelo Santander para se blindar dos juros altos:

EmpresaTickerPreço-alvo 2024Potencial de Alta/QuedaPeso no Portfólio
TotvsTOTS3R$ 43,0052%6%
SabespSBSP3R$ 106,2019%8%
Itaú UnibancoITUB4R$ 44,0027%12%
BradescoBBDC4R$ 19,0027%9%
PetrobrasPETR3R$ 54,0032%17%
EletrobrasELET6R$ 56,5034%8%
HapvidaHAPV3R$ 5,5041%5%
Lojas RennerLREN3R$ 23,0030%4%
Porto SeguroPSSA3R$ 33,00-11%3%
DirecionalDIRR3R$ 36,5022%3%
Mercado LivreMELI (EUA)US$ 2.100,003%3%
SmartFitSMFT3R$ 32,0044%2%
VivaraVIVA3R$ 37,0037%2%
WEGWEGE3R$ 72,0033%5%
ValeVALE3R$ 90,0055%13%

*Os preços-alvo para PETR3, BBDC4, WEGE3, LREN3, DIRR3, SMFT3, e VIVA3 referem-se a 2025. 

**Fonte: Santander Corporate & Investment Banking

Quem entrou e quem saiu da carteira de ações do Santander 

A primeira mudança na carteira de ações do Santander veio do setor de utilities — que engloba serviços básicos como saneamento e energia elétrica —, com a saída da Equatorial (EQTL3) para abrir espaço para a Sabesp (SBSP3).

“Embora acreditemos que a Equatorial seja uma das melhores alocadoras de capital do país, sua alavancagem atual, de 3,5 vezes, nos deixa cautelosos com revisões negativas adicionais de lucro por ação. A Sabesp, por outro lado, tem uma dívida líquida/Ebitda de 1,9 vez, com apenas 41% de sua dívida atrelada ao CDI”, explicaram os analistas.

Outra “dança das carteiras” do portfólio veio do setor de consumo, com a remoção da Localiza (RENT3) e chegada da Lojas Renner (LREN3) por apresentar “uma oportunidade mais atraente”.

Segundo os analistas, ainda que a locadora de automóveis esteja com preços atrativos na bolsa, a cautela continua em relação às perspectivas de curto prazo das ações até que apareçam sinais claros de estabilização nos preços de carros usados — principal detrator do resultado da companhia nos últimos trimestres. 

“Embora também seja um nome sensível aos juros, a Renner se beneficia de um momento de lucros mais forte impulsionado por bases comparativas menos desafiadoras e uma recuperação substancial na lucratividade alimentada por ganhos de alavancagem operacional”, disse o banco. 

A “fábrica de milionários” da B3 também ganhou lugar no portfólio mais defensivo do Santander. O banco substituiu a Raia Drogasil (RADL3) pela Weg (WEGE3). 

Para o banco, a Weg hoje tem um momento de lucros superior e potenciais revisões positivas em meio à aceleração adicional na demanda de Transmissão e Distribuição, alguns preços de commodities se recuperando e o aumento da integração do negócio de motores da Regal na estrutura da Weg.

Um “porto seguro” também entrou na carteira do banco. O Santander retirou o BTG Pactual (BPAC11) para incluir o Porto Seguro (PSSA3), uma das ações com maior sensibilidade positiva à taxa Selic e considerada uma boa proteção para o portfólio.

“A empresa está bem posicionada para continuar se beneficiando principalmente dos segmentos de saúde e bancário em 2025, combinado com um crescimento significativo nos resultados financeiros.”

Do lado financeiro, o Banco do Brasil (BBAS3) cedeu lugar ao Bradesco (BBDC4) devido ao melhor momento de lucros nos próximos trimestres, com a probabilidade de ganhos de lucratividade por meio de receitas de crédito e menores provisões.

A Hapvida (HAPV3) já figurava no portfólio do banco antes, mas conquistou ainda mais o otimismo dos analistas neste mês. “Acreditamos que a empresa está perto de um ponto de inflexão em termos de adição líquida de membros de assistência médica, que estimamos em 15 mil já no 3T24, após vários trimestres de perdas líquidas.”

O Santander também está mais otimista com a Petrobras (PETR4) e com a Direcional (DIRR3).

Por fim, a Santos Brasil (STBP3) também deixou a lista de ações indicadas do Santander após ganhos de 20% desde a venda da participação de 48% da Opportunity, gestora fundada por Daniel Dantas, à administradora de terminais portuários para a francesa CMA CGM.

A visão por trás da carteira de investimentos

De acordo com o Santander, a discussão sobre a expansão da faixa de isenção no Imposto de Renda levou os rendimentos de 2 anos do Brasil para cima, com a curva agora precificando uma taxa básica de juros de 13,25% para setembro de 2025. 

Segundo os analistas, embora as taxas possam parecer assimétricas, e possa ser tentador comprar nomes sensíveis às taxas, é mais recomendado ter cautela neste momento. 

“A frente fiscal continua a produzir uma cacofonia de ruídos, com quase todos os dias trazendo novos desenvolvimentos que podem impactar o sentimento do mercado”, escreveram.

A carteira de ações do Santander agora prioriza investimentos em papéis com potenciais revisões positivas de lucro por ação e momentum de lucros positivos, além de players de valor que, historicamente, tiveram desempenho superior durante ciclos de juros opostos pelo Copom e pelo Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA).

Na avaliação dos analistas, um cenário de pouso suave da economia dos EUA poderia dar ao Brasil mais tempo para corrigir os problemas fiscais — mas não sem dificuldades do governo para conter o crescimento da dívida pública brasileira.

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