Economia

Dólar vai cair? Veja qual deve ser o impacto da Selic no câmbio

A alta da Selic para 12,25%, acima do esperado, aumenta o custo da dívida brasileira, piora o cenário fiscal e dificulta a vida de algumas empresas brasileiras, principalmente as mais alavancadas. Mas há uma notícia boa: o dólar vai cair. É o que dizem analistas consultados pela Inteligência Financeira.

Antes da decisão do Copom, o mercado previa o dólar a R$ 5,95 no final de 2025, segundo o Boletim Focus. Perto das 13h desta quinta-feira (12), a moeda norte-americana era cotada a R$ 5,99.

“Esperamos que a reação inicial do mercado seja de flattening (achatamento) da curva de juros, valorização do real e queda das inflações implícitas das NTN-Bs”, diz Sério Goldenstein, estrategista-chefe da Warren.

A perspectiva é a de que o real se valorize com a atração de fluxo de capital para o país dado o crescimento do diferencial de juros.

Ou seja, os juros brasileiros aumentam a rentabilidade de títulos públicos e outros investimentos. Assim, tornam aplicações no País mais atrativas em comparação com os ativos de menor risco do mercado, que são os títulos norte-americanos.

Assim, é esperado que parte dos investidores busque aumentar sua rentabilidade ao migrar seu dinheiro dos Estados Unidos e de outros mercados desenvolvidos para o Brasil. Vale lembrar que Estados Unidos e Europa estão em ciclo de queda de juros. Assim, seus títulos passam a pagar menos.

E onde entra a história de que o dólar vai cair?

Ok, os juros brasileiros subiram. As taxas de países desenvolvidos estão em queda. Mas o que o real tem a ver com isso? Tudo. E quem explica é Jefferson Laatus, chefe-estrategista do grupo Laatus.

“Com uma Selic tão elevada, o Brasil se tornaria ainda mais atrativo para o capital estrangeiro em busca de retornos altos, o que poderia levar a uma redução do fluxo de investimentos em ativos americanos, especialmente em títulos do tesouro com rendimentos mais baixos”, avalia Jefferson.

Real em alta às custas do maior juro real do mundo?

Nesse cenário, de alta de juros maior que o esperado no Brasil, o dólar deve sofrer os impactos mais diretos, como já foi explicado. E, no sentido contrário, o dólar deve se valorizar ante a moeda norte-americana.

Para o economista André Perfeito, isso terá um custo. “Muito provavelmente seremos a maior taxa de juros real do planeta”. A taxa de juros real desconta a inflação oficial da Selic.

Nesse sentido, com um IPCA a 4,87% nos últimos 12 meses, o Brasil apresenta taxa real de juros de 7,38%.

Apesar disso, Perfeito diz que a decisão da autoridade monetária em apertar fortemente o ciclo de juros “foi acertada”. Isso porque com a valorização do real deve haver redução da inflação, dado que boa parte do que o brasileiro consome sofre o impacto do dólar.

Quando o dólar vai cair?

Os impactos dos juros sobre o câmbio poderão ser vistos ainda no primeiro trimestre de 2025. Ao menos, é o que espera Volnei Eyng, CEO da Multiplike.

“Acredito que até março teremos um alívio sobre a inflação, e o dólar tende a baixar no período, também devido aos novos aumentos de juros.”

Até lá, os juros já caminharão para a casa dos 14,25%. Isso porque o comunicado do Banco Central na quarta-feira (11) já deixou a instituição comprometida com mais dois aumentos de 1 ponto percentual cada.

Assim, “um patamar elevado de juros tende a estabilizar o câmbio, reduzir a inflação e preservar a credibilidade do Banco Central”, avalia Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos.

Contudo, só a alta dos juros pode não ser suficiente para garantir um câmbio mais amigável para o brasileiro.

“O cenário também dependerá da evolução dos fatores externos, como a política monetária do Fed, e internos, como a consolidação de um ajuste fiscal efetivo”, arremata o analista da Ouro Preto.  

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