Dólar ronda estabilidade após intervenção do BC e articulação de Lira
O dólar à vista tem exibido volatilidade mais elevada do que o normal nesta sessão após se aproximar de R$ 6,20 mais cedo, mesmo com a intervenção do Banco Central no mercado à vista, com venda de US$ 3 bilhões. O que pode ter dado algum alívio para o real são notícias de que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), irá se encontrar com líderes partidários e possivelmente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para tratar das emendas que foram suspensas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Perto das 13h20, o dólar comercial era negociado em alta de 0,06%, cotado a R$ 6,1579, depois de ter batido na mínima de R$ 6,1464 e encostado na máxima de R$ 6,1974. Já o euro comercial avançava 0,19%, a R$ 6,4120. No exterior, o índice DXY, que mede a força do dólar contra uma cesta de seis moedas de mercados desenvolvidos, recuava 0,02%, aos 108,184 pontos.
Hoje havia alguma expectativa que o dólar fosse perder força em meio a mais um leilão de dólares do BC, desta vez no total de US$ 3 bilhões. A moeda americana, porém, se manteve firme após a atuação da autoridade monetária. Na avaliação de um gestor de moedas, o que pode ter ajudado a aliviar são informações de que o presidente da Câmara busca uma forma de liberar as emendas suspensas pelo STF. Na segunda, os agentes financeiros chegaram a ficar mais céticos sobre a aprovação de mais pacotes na área fiscal pelo governo, diante do impasse com as emendas parlamentares. Assim, uma resolução para a questão poderia ajudar a aliviar ao menos um pouco a percepção de risco, segundo o gestor.
Além do já mencionado, hoje dados da B3 mostraram que, na segunda-feira, o investidor local passou a ficar comprado em dólar, no montante de US$ 508 mil, pela primeira vez nesta posição desde o dia 29 de março de 2023, época da divulgação do arcabouço fiscal.
Após a apresentação das novas regras fiscais no ano passado, o investidor local passou a ter uma visão mais otimista em relação ao real — otimismo o qual teve seu ápice entre o fim de dezembro de 2023 e janeiro de 2024, quando havia uma expectativa de entrada robusta de dólares no país ao longo deste ano devido às projeções bastante otimistas de agentes do mercado com o desempenho da balança comercial.
Desde janeiro, a aposta do investidor local no real vem caindo gradativamente, em meio ao mau humor global (sem perspectivas de cortes mais fortes de juros nos Estados Unidos); à desconfiança e à maior percepção de risco fiscal; e à forte saída de capital pela conta financeira. Em dezembro, essa perda de força se manteve até cair para US$ 1,24 bilhão no dia 19, depois para US$ 417 mil no dia 20, e revertendo a posição para aposta na valorização do dólar, em US$ 508 mil na segunda-feira. Ainda que tenha revertido, a posição líquida comprada em dólar é considerada pequena e pode voltar a ser revertida nas próximas sessões, especialmente em um momento bastante volátil nos mercados e de baixa liquidez devido às festas de fim de ano.
*Com informações do Valor Econômico