Dólar a R$ 5,90 com ‘ansiedade fiscal’: Haddad deve anunciar pacote de cortes com isenção do imposto de renda até R$ 5 mil hoje
A moeda norte-americana iniciou a “corrida dos touros” nesta semana. Por volta das 14h30, o dólar à vista tocou a marca dos R$ 5,90, com um avanço de 1,40%. No mesmo horário, o Ibovespa mergulhava em uma queda de 1,45%, aos 128.036 pontos.
O mercado financeiro local vem operando com “ansiedade fiscal” ao longo desta semana, à espera do tão aguardado pacote de corte de gastos do governo federal.
Assim, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve fazer um pronunciamento em rede nacional nesta quarta-feira (27), às 20h30. No início da tarde de hoje, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve se reunir com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para apresentar o pacote.
O encontro, marcado para acontecer às 17h, foi negado pelos líderes do Congresso e pelo presidente da República. No entanto, Haddad chegou a afirmar na segunda-feira (25) que o anúncio só dependia de uma conversa entre Lula e a Cúpula das Casas Legislativas.
Além do anúncio de corte de gastos, o ministro da Fazenda deve anunciar a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, outra promessa do governo Lula.
Dólar, ansiedade fiscal — e o tamanho do corte
Não se fala em outra coisa nos mercados financeiros na última semana. Os investidores e analistas esperam ansiosamente pelo anúncio de corte de gastos públicos para 2024 e 2025 para cumprir o novo arcabouço fiscal, um substituto ao teto de gastos.
AEROLULA EM FILA DE ESPERA
Já faz algumas semanas que o Ibovespa, o dólar e os juros futuros entraram em estado de alerta com a demora no anúncio. Até mesmo uma viagem de Haddad foi cancelada para tentar acelerar o pacote.
Os analistas do Itaú BBA entendem que houve uma percepção de aumento do risco doméstico e, para cumprir o arcabouço em seu formato original, seria necessário um ajuste de despesas de pelo menos R$ 60 bilhões nos próximos dois anos: R$ 25 bilhões em 2025 e R$ 35 bilhões em 2026.
No entanto, operadores do mercado já falam em um ajuste de R$ 70 bilhões, com um corte de R$ 30 bilhões já no ano que vem, para cumprir a meta fiscal.