Mercado financeiro

dificuldade de produtores é ‘avenida de crescimento’

Empresas citadas na reportagem:

A SLC Agrícola (SLCE3) é uma das principais exportadoras de grãos do Brasil. A queda no preço das commodities agrícolas tende a ser um problema para a empresa. Contudo, a XP identifica que a companhia tem feito movimentos para transformar esse cenário em algo positivo.

A SLC anunciou recentemente novos arrendamentos, que totalizam uma área de 60 mil hectares. Esses novos arrendamentos levaram a um aumento da alavancagem da empresa. Isso preocupou os investidores.

Mas a XP avalia como positiva a “estratégia da empresa de acelerar o crescimento em meio ao ciclo baixa (das commodities agrícolas), uma vez que estimamos um forte potencial de criação de valor para os acionistas assim que o ciclo mudar”.

A avaliação é dos analistas Leonardo Alencar, Pedro Fonseca e Samuel Isaak.

Dificuldade de produtores pode ser oportunidade para SLCE3

Para a XP, o movimento da SLC Agrícola é feito pensando mais adiante. Assim, o impacto positivo não deve ocorrer no curto ou médio prazos. Isso é importante para moderar as expectativas.  

A avaliação é de que que vários produtores estão em dificuldades financeiras. E para a XP, isso pode ser uma “avenida de crescimento” que justificaria um aumento da alavancagem da empresa agora.

Assim, há espaço para que a companhia cresça via aquisições ou novos arrendamentos de terra de produtores endividados e sem capacidade de financiamento.

Nesse sentido, “a geração de caixa em 2025 dependerá de potenciais novos anúncios de crescimento”, dizem os analistas da XP.

Esse movimento pode significar uma expansão da participação da empresa no mercado, ainda que ao custo de um aumento do endividamento.

Além disso, a SLC Agrícola está em processo de avanço sobre áreas da pecuária. Em entrevista exclusiva à Inteligência Financeira, Ivo Brum, CFO da companhia, disse que a criação de gado no Brasil é ineficiente e que a atividade agrícola está mais habilitada a recuperar áreas degradadas.

Dólar é faca de dois gumes, mas com fio da receita mais afiado

Além do preço das commodities, outra questão importante é o câmbio.

A alta do dólar exigiu que a SLC acelerasse suas proteções (hedge), “alcançando o máximo de desalinhamento permitido pela sua política de hedge de commodities/câmbio”, diz o relatório da XP.

Apesar disso, o resultado do dólar alto tende a ser positivo para a empresa, dado que “o aumento na taxa de câmbio é líquido positivo”.

Isso porque a receita da SLC em dólar é quase o dobro dos seus custos na moeda norte-americana.

Assim, a taxa de câmbio impulsiona as expectativas de lucro da companhia.  

A SLCE3 teve atraso de 5 dias no plantio de soja, sua principal cultura. Mas isso não indica potenciais desvios para o guidance, diz a XP.

A ressalva do banco de investimento quanto às ações da SLC está na real capacidade de a empresa se recuperar no futuro do tombo sofrido nas safras anteriores.

Além disso, a situação do mercado acionário brasileiro coloca mais um importante vetor de risco para a SLCE3.

Assim, “considerando particularmente uma perspectiva difícil para as ações brasileiras, preferimos esperar por um valuation mais atrativo para ficarmos otimistas sobre a ação”, destaca a XP.

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