DeepSeek é pedra no sapato da WEG (WEGE3)
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A pressão da nova IA da China DeepSeek não tem efeito negativo somente para a Nvidia e outras grandes empresas de tecnologia dos Estados Unidos. Para o banco Goldman Sachs, os pedidos por peças industriais de geração, transmissão e distribuição da WEG (WEGE3) podem recuar com uma queda geral de investimento e custo de capital adquirido na construção de centros de dados.
Como a DeepSeek anunciou uma IA mais barata, o DeepSeek R1, o medo do Goldman é de que microprocessadores usados para treinar IA tenham maior eficiência em consumo de energia. Isso, por sua vez, pode levar o preço de transformadores produzidos pela WEG a cair no mercado. Já o Citi vê a queda da ação como “exagerada” e recomenda compra.
As ações da WEG iniciaram o pregão do Ibovespa nesta terça-feira (28) em elevação. Até 13h17, o papel acumula retorno positivo de 1,93%.
Ontem, o papel recuou 7,88% junto à onda de quedas de empresas de tecnologia nas bolsas de Nova York.
A multinacional brasileira de bens industriais amargou perdas na ação com o efeito da DeepSeek no mercado global. Com a IA chinesa anunciada, investidores questionam o custo de capital investido para construir centros de dados e infraestrutura para IA.
O Goldman Sachs vê risco da DeepSeek para as ações da WEG (WEGE3). De acordo com relatório do banco, a queda de consumo energético no setor de inteligência artificial pode prejudicar as receitas da fabricante de partes para a construção de servidores.
Se os bilionários de tecnologia americanos reavaliarem o valor necessário para investir no setor, “a carteira de pedidos da WEG pode registrar queda no faturamento”. É o que analisa o Goldman.
O banco americano nota que concorrentes globais da WEG, como a Hitachi, se comprometeram com investimentos bilionários para suprir a alta demanda por transformadores. A WEG estima que a procura por peças deve crescer 5% ao ano até 2030.
“O tema de IA e centros de dados é motivo de otimismo entre investidores da WEG (WEGE3)”, diz o Goldman. “Portanto, alterações nesse otimismo podem impactar na projeção de receitas no exterior pelos próximos anos”, completa.
Citi vê paradoxo entre custo e demanda sobre WEG (WEGE3)
O Citi, por outro lado, acredita que os investidores queimaram a largada na segunda-feira. O banco classifica a queda de quase 8% das ações da WEG como “extrema” e diz que a redução de custo nos investimentos em IA “ainda deve ser comprovada”.
Além disso, o analista do Citi, André Mazini, nota que a WEG é uma empresa que “interage mais com os servidores de dados do que com os microprocessadores em si”.
Além disso, o DeepSeek pode beneficiar a WEG no longo prazo por meio do que o mercado chama de paradoxo de Jevons. Ou seja, se o custo de produção de chips para IA diminuir, ao invés de uma queda de demanda, a WEG poderia se beneficiar com o acesso cada vez maior de empresas à inteligência artificial.
Para entender mais |
O paradoxo de Jevons foi criado pelo economista inglês William Jevons. Em linhas gerais, a teoria indica que quando o custo de produção se reduz existe um efeito de ‘rebote’ na demanda. Isso pode significar o dobro da queda de custo da produção. Ou seja, a demanda pode aumentar, assim como a receita. |
“E reduzindo assim o esforço necessário para gerar uma única aplicação, com o consumo de energia possivelmente disparando”, completa Mazini.
Assim, o Citi recomenda a compra das ações da WEG (WEGE3) com preço-alvo de R$ 62,00. O Goldman vai na direção oposta: indica a venda do papel e vê preço justo de R$ 49,90.