Com dólar acima de R$ 5,80, Banco Central se diz preparado para atuar no câmbio, mas defende políticas para o equilíbrio fiscal
O dólar acima de R$ 5,80 reflete o entusiasmo do mercado com a vitória de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos, mas também problemas fiscais domésticos, que deixam o real depreciado e pressionam a inflação.
Nesse sentido, o Banco Central afirmou, em seu Relatório de Estabilidade Financeira (REF), divulgado nesta quinta-feira (21), que está pronto para atuar no câmbio, embora a exposição do Sistema Financeiro Nacional (SFN) ao risco da taxa de câmbio seja baixa e a dependência de captação externa seja pequena.
A autarquia defendeu, ainda assim, a importância de políticas que aumentem a previsibilidade fiscal e reduzam os prêmios de risco.
“O BC segue preparado para atuar de forma a minimizar eventual contaminação desproporcional sobre os preços dos ativos locais e segue entendendo que políticas macroeconômicas que aumentem a previsibilidade fiscal e reduzam os prêmios de risco e a volatilidade dos ativos contribuem para a estabilidade financeira e, consequentemente, melhoram a capacidade de pagamento dos agentes”, diz o relatório, que se refere ao primeiro semestre de 2024.
Entidades do sistema financeiro podem ter de aumentar provisões
Ainda segundo o REF, muitas entidades do SFN serão obrigadas a elevar suas provisões para perdas com os novos conceitos e critérios contábeis para mensurar, registrar e divulgar instrumentos financeiros que entrarão em vigor em 1º de janeiro de 2025.
“A constituição de provisão para perdas esperadas associadas ao risco de crédito sofrerá alterações relevantes na forma de cálculo e no escopo de instrumentos a ela sujeitos”, trouxe o documento.
Para avaliar o impacto das novas regras, o Banco Central pesquisou entidades responsáveis por cerca de 84% das exposições de crédito do SFN.
As entidades pesquisadas, de acordo com o relatório, estimam aumento agregado de R$ 37,8 bilhões nas provisões. Esse montante representa 10,7% das provisões atuais, mas será contabilizado em contrapartida de capital e não impactará o resultado das instituições financeiras, de acordo com o BC.
“Apesar do impacto no início da transição, as novas regras deixarão o SFN mais robusto para enfrentar futuras materializações de risco de crédito”, avaliou a autarquia.
*Com informações do Estadão Conteúdo