CEO da AgroGalaxy (AGXY3) entra para o conselho após debandada do alto escalão; empresa chama acionistas para assembleia no mês que vem
Quase dois meses depois de uma debandada do alto escalão, a AgroGalaxy (AGXY3), em recuperação judicial, elegeu três novos membros interinos para o conselho de administração — e chamou os acionistas para nova assembleia no mês que vem.
Em meio ao processo de readequação operacional e reestruturação financeira, a varejista de insumos agrícolas nomeou como conselheiros o atual CEO Eron Martins, além de Luiz Carlos Passetti e de Mônica Lamas.
Os executivos chegam para preencher os cargos que ficaram vagos após renúncia do antigo diretor-presidente, Axel Jorge Labourt, e de cinco membros do conselho de administração.
O trio terá mandato até a assembleia de acionistas prevista para acontecer em meados de dezembro. Eles se juntam a Sebastian Marcos Popik e Tomas Romero, que também ocupam vagas no conselho.
Quem são os novos conselheiros da AgroGalaxy (AGXY3)
Um dos novos indicados ao conselho, Eron Martins assumiu o cargo de diretor-presidente da AgroGalaxy em setembro, logo antes de a empresa entrar com pedido de reestruturação de dívidas, com débitos de mais de R$ 3,7 bilhões com credores.
Martins tem 32 anos de experiência em finanças e tecnologia no agronegócio e setores industriais, com passagens como diretor financeiro (CFO) em empresas como Lavoro Agro, Adama e Nadir Figueiredo.
Passetti, que também se junta ao conselho agora, acumulará o cargo de coordenador do comitê de auditoria, com mandato até 26 de maio do ano que vem.
O executivo tem expertise como ex-sócio da EY e membro de conselhos de empresas como Natura & Co e Unifique.
Além de assumir uma cadeira independente no conselho da AgroGalaxy, Mônica Lamas também foi indicada como membro do comitê de auditoria estatutário da companhia para para um mandato unificado até 1º de maio de 2025.
A executiva já atuou como conselheira independente em companhias como Mobly e no Instituto Reditus.
Atenção, acionistas
Além das nomeações, o conselho de administração da AgroGalaxy (AGXY3) aprovou a convocação de uma assembleia geral extraordinária (AGE) para o dia 18 de dezembro.
Na reunião, os acionistas deverão ratificar o pedido de recuperação judicial, formalizado em outubro, como medida para reestruturar dívidas e garantir a continuidade das operações.
Entre as pautas do encontro, estão também a criação de um conselho fiscal e eleição de membros.
Os acionistas ainda deverão votar na AGE a definição do número de membros do conselho de administração e de quais nomes irão assumir as cadeiras.
A crise financeira na AgroGalaxy (AGXY3)
A AgroGalaxy (AGXY3) entrou com pedido de recuperação judicial em meados de setembro de 2024, com a reestruturação de débitos com credores aceita pela Justiça em outubro.
A partir da decisão da Justiça, todas as ações de execução contra a companhia de insumos agrícolas e suas subsidiárias estão suspensas.
Segundo a companhia, a crise de liquidez “impactou a capacidade de geração de caixa das empresas e as impediu de honrar suas obrigações nas condições originariamente acordadas com seus credores”.
Ainda não se sabe em que pé estão as finanças da companhia hoje, já que a AgroGalaxy adiou a divulgação do balanço do terceiro trimestre para 19 de dezembro.
No entanto, é possível relembrar os últimos resultados da AgroGalaxy no 2T24. Veja os destaques:
- Prejuízo líquido ajustado: R$ 363,4 milhões (piora de cerca de 40% em relação às perdas do 2T23);
- Ebitda ajustado: -R$ 83,4 milhões (piora de 15% a/a);
- Receita líquida total: R$ 1,05 bilhão, (-42,4% a/a);
- Endividamento líquido dos últimos 12 meses: R$ 1,51 bilhão.
Além disso, o pedido de reestruturação de dívidas aprovado nos últimos meses revelou passivos de R$ 3,7 bilhões e US$ 160 milhões. O valor inclui obrigações com instituições financeiras, produtores rurais e fornecedores.
A AgroGalaxy foi uma das empresas que estrearam na B3 na última safra de IPOs (ofertas iniciais de ações) da bolsa brasileira, em 2021.
Desde a abertura de capital, as ações praticamente evaporaram, com desvalorização acumulada de 96%. Só em 2024, os papéis recuaram 89% na bolsa.
*Com informações do Estadão Conteúdo.