Campos Neto acelerou: Copom aumenta o ritmo de alta da Selic e eleva os juros para 11,25% ao ano
Atuar no Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) é como correr uma maratona cujo principal adversário é a inflação. E, com a linha de chegada de 2024 se aproximando e o IPCA cada vez mais perto do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), o Copom decidiu acelerar a passada para tentar voltar a liderar essa disputa na reta final do ano.
Em reunião encerrada nesta quarta-feira (5), Roberto Campos Neto, presidente do BC, e seus diretores elevaram a taxa básica de juros brasileira, a Selic, em 0,5 ponto percentual.
Com isso, a Selic — que é o principal trunfo do BC na corrida contra a inflação — subiu para 11,25% ao ano. A decisão pelo novo patamar da taxa, que foi unânime, já era amplamente esperada pelo mercado.
Essa é a segunda vez que o Copom decide apertar a Selic neste ano. A primeira ocorreu em setembro após um intervalo de dois anos apenas optando por quedas e manutenção da taxa.
Na ocasião, porém, a elevação teve uma magnitude menor, de 0,25 ponto percentual. Agora, segundo o comunicado divulgado a pouco, a decisão de aumentar o ritmo é justificada pelo atual cenário inflacionário.
“A inflação cheia e as medidas subjacentes se situaram acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes”, diz o comunicado.
Vale relembrar que o IPCA-15, considerado a prévia oficial da inflação brasileira, acelerou mais do que se esperava em outubro e chegou a 4,47% no acumulado em 12 meses.
O resultado coloca o indicador muito próximo do teto da meta do CMN para 2024, que é de 3%, mas conta com uma banda de oscilação que permite que o índice feche o ano entre 1,50% e 4,50%.
Além disso, os especialistas consultados pelo próprio BC já preveem o estouro da meta. De acordo com a última edição do Boletim Focus, divulgada na segunda-feira (4), a projeção para o IPCA de 2024 passou de 4,55% para 4,59%.
Para 2025, a projeção da inflação também subiu de 4% para 4,03%. Para 2026 e 2027, as previsões são de 3,61% e 3,5%, respectivamente.
*Conteúdo em atualização